Um estudo realizado pela Netflix em 41 países apontou que o Brasil está entre os 10 piores países em índice de conexão de internet, ao menos entre os que utilizam o serviço de streaming. Conforme a pesquisa, o País ocupa a 9º posição em relação ao pior índice de transferência de dados da Netflix no horário nobre, conforme dados de agosto deste ano, o último mês com dados disponíveis.
A velocidade média da internet por aqui é de 2,57 megabites por segundo, enquanto na Suíça, primeira colocada, a média é de 3,99 Mbps. Mesmo países vizinhos ao Brasil, como Uruguai e Chile apresentaram um desempenho melhor.
O país com pior conexão segundo dados da Netflix é a Índia, com velocidade de 1,78Mbps. Países como Argentina, Costa Rica, Peru e Colômbia também apresentam desempenho inferior ao Brasil e demais países do ranking, veja a lista:
1- Índia - 1,78 Mbps
2- Filipinas - 2,04 Mbps
3- Costa Rica - 2,11 Mbps
4- Jamaica - 2,226 Mbps
5- Equador - 2,27 Mbps
6- Argentina - 2,37 Mbps
7- Peru - 2,47 Mbps
8- Colômbia - 2,53 Mbps
9- Brasil - 2,57 Mbps
10- Uruguai - 2,77 Mbps
A velocidade média de internet no Brasil varia muito, dependendo de cada operadora. A operadora com melhor conexão é a Live Tim, que na medição de agosto apresentou velocidade média de conexão de 3,09 Mbps - ainda longe dos 10 primeiros do ranking. Ela é seguida pela Net Vírtua e GVT, que possuem velocidades de 2,99 Mbps e 2,83 Mbps respectivamente. Vivo e Oi são as operadoras com pior desempenho, com média de 1,94 Mbps, pouca diferença da Índia.
Ranking de velocidade entre as operadoras brasileiras em agosto deste ano (Imagem: Netflix)
Mesmo com conexão fraca, o Brasil é o quarto com maior número de usuários de internet e o quarto maior mercado da Netflix em número de assinantes. Então, o que explica o fato da internet por aqui ser tão ruim? Segundo o especialista e coordenador de projetos do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS), Marco Konopacki, existem três fatores que podem ser considerados principais contribuidores para a situação.
O primeiro deles seria a própria infraestrutura. "De fato se investe pouco em infraestrutura de internet no Brasil. O investimento é baixo, os preços são altos. Não me surpreende que a Tim tenha a maior velocidade de entrega, porque eles estão construindo uma rede nova", disse o especialista ao UOL. Contudo, Konopacki também lembra que ainda não existem estudos suficientes que solidifiquem essa hipótese.
O segundo seria o próprio gosto do brasileiro por navegar na internet. O horário nobre é considerado o horário de pico, quando aumenta o número de pessoas conectadas à web. Devido ao intenso volume de tráfego, a velocidade da rede diminui. "É um gargalo de infraestrutura? Pode ser ou não. Os dados dizem que na maioria do tempo a rede não está sobrecarregada, e pode ser que ela atinja um pico de sobrecarga no horário nobre. Mas é como o uso do chuveiro. A rede suporta, mas fica no seu limite. E como a Netflix é uma grande consumidora de banda, pode estar atrelado a isso", explica Konopacki.
O terceiro fator é mais polêmico. Seria a existência do "trafic shaping", prática de restringir o uso da banda larga para alguns serviços específicos. "Não me admiraria se algumas empresas limitassem o tráfego desses dados para preservar mais a rede ou tornar o serviço mais rentável. Pode ser um elemento, é uma hipótese a ser testada", destaca.
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Procuradas pelo UOL, Oi e Vivo se pronunciaram referente suas posições no ranking. Por meio de nota oficial, a Oi afirmou que "acompanha esse indicador para oferecer melhor experiência aos clientes e tem realizado diversas ações de melhoria em sua rede em conjunto com a Netflix" e que, por isso, apresentou um aumento na velocidade média de seu serviço, que dois anos atrás era de 1,55 Mbps. A operadora ainda acrescentou que "como o ranking citado é consolidado e não permite visão por faixa de velocidade contratada pelo cliente final, os indicadores não retratam um comparativo homogêneo em relação aos demais players".
Já a Vivo ressaltou que "atua para prover a melhor conectividade em todos os serviços e busca continuamente aperfeiçoar a qualidade oferecida". "Observamos que variações em rankings divulgados por provedores de conteúdo podem não expressar a real experiência de todos os nossos clientes por todo o país", completou.
Fonte: UOL
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