Há quem diga que cobrir a câmera do notebook para evitar espionagem é exagero, mas, será que a iniciativa é de todo mal? Em junho deste ano, uma foto do criador do Facebook, Mark Zuckerberg, chamou atenção por um objeto em específico ao fundo da imagem: seu computador de trabalho estava com a webcam resguardada por fita adesiva.


Mark Zuckerberg protege a webcam de seu computador (Imagem: Reprodução Internet)

A partir da imagem, muita gente ficou com o pé atrás. Ainda assim há quem ache graça da situação. Porém, o recurso não é algo sem fundamento. Isto porque as câmeras de computadores e tablets podem sim ser hackeadas sem que o usuário perceba. Este acesso, conforme o blog da AVG, é realizado por meio de Remote Administration (RAT), ou, em português, ferramenta de administração remota.

Se você assistiu o terceiro episódio da terceira temporada da série Black Mirror, deve ter ficado apreensivo com a possibilidade. Isto porque o seriado trouxe muita realidade ao escancarar os transtornos que, ter a câmera do computador invadida, pode causar ao cidadão comum. A ideia de que apenas pessoas consideradas influentes na sociedade são alvos destes tipos de crackers é desconstruída no episódio.

Cada pessoa tem suas particularidades, portanto, pode despertar o interesse de crackers, que ficam à espreita, esperando um momento constrangedor perante a sociedade para iniciar chantagens. Está certo que a série é ficção. Porém, é algo que realmente pode acontecer, graças aos RATs.

Conforme o site TechTudo, estimativas apontam que os RATs correspondem a 70% dos trojans, aqueles softwares maliciosos que se escondem nos computadores para rastrear atividades e, até mesmo, assumir o controle do computador. No geral, estes programas são fáceis de ser criados e implantados, permitindo que criminosos virtuais capturem imagens das câmeras, sem serem notados.

Infelizmente, é comum que dispositivos conectados tenham protocolos de segurança padrão fracos e muitas pessoas não mudam o código de acesso. Desta forma, fica fácil para um criminoso virtual assumir o controle. Segundo o TechTudo, um estudo do site Naked Security, realizado em 2014, revelou que 73 mil webcams conectadas à internet poderiam ser facilmente acessadas ao utilizar a senha padrão.


Fita adesiva na webcam é precaução (Imagem: Reprodução Internet)

No caso das câmeras integradas aos computadores, os invasores também necessitam ter acesso a máquina. Isto pode ser feito através de malwares. Estes programas maliciosos contêm códigos executáveis que permitem ligar o dispositivo e enviar os vídeos obtidos para websites ou salvá-los em outros computadores.

Os malwares são instalados no computador por meio de links maliciosos enviados por e-mail ou redes sociais, downloads, ataque de pishing (quando criminosos tentam obter arquivos ou dados pessoais ao se passar por uma pessoa ou empresa confiável), entre outras formas.

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Formas de proteção

Colar um adesivo na câmera do notebook é apenas uma forma de prevenção, caso você não tenha certeza que a sua máquina está segura e livre de qualquer malware. Mas, também é importante adotar uma série de cuidados para evitar que crackers consigam instalar estes programas maliciosos nos computadores e tablets.

Entre eles estão: manter os programas sempre atualizados, usar senhas fortes e seguras, não abrir links suspeitos enviados por e-mails e outras plataformas. Além disso, mantenha atenção ao navegar na internet e tenha um bom antivírus instalado e atualizado constantemente. Para aqueles que não costumam usar a webcam, há ainda a opção de desativar a câmera integrada ao computador.

O recurso de cobrir a câmera do computador não é mito e pode sim evitar que pessoas estranhas tenham acesso a sua webcam e, com isso, consigam obter vantagens sobre você. Mas, os cuidados mencionados acima também são válidos. No fim, uma medida completa a outra, afinal, como diria aquele velho ditado: "seguro morreu de velho".