Muita gente aproveita a Black Friday, que ocorre anualmente na última sexta-feira de novembro, para comprar produtos que vinham desejando ao longo do ano e já adiantar a compra dos presentes para o Natal. Isto porque a data é marcada por descontos bem atrativos em todo o varejo.
O problema é que nem sempre os descontos que o consumidor encontra na Black Friday brasileira representam verdadeiramente uma diminuição no preço dos produtos. Alguns lojistas adotam a prática de elevar o valor de determinada mercadoria, para depois oferecê-la com desconto. O problema é que o valor fica o mesmo do que o que estava sendo praticado antes do evento. É o famoso "metade do dobro". Em virtude disto, muitos consumidores brasileiros andam desacreditados com a Black Friday, que iniciou nos Estados Unidos, mas também se popularizou por aqui.
Ainda que haja certo desânimo devido a esta prática adotada por uma parcela do comércio brasileiro, o que levou os consumidores a apelidarem o evento de "Black Fraude", ainda há estabelecimentos que respeitam o espírito da data e oferecem promoções verdadeiras. Por isso é preciso que o consumidor fique atento, compare e monitore preços, para ter certeza que a mercadoria desejada realmente está com desconto.
O Reclame Aqui, plataforma de relacionamento entre consumidores e empresas, está monitorando os 1.200 produtos mais procurados nas lojas onlines brasileiras desde o dia 26 de outubro, com o objetivo de ajudar os consumidores a aproveitar estas verdadeiras promoções. O monitoramento de 105 empresas acontece em parceria com a Mooba e Precifica.
Nesta análise diária de preços, o canal de relacionamento já identificou algumas mercadorias que apresentaram brusca diferença nos preços. Porém, também vale ressaltar que produtos anunciados em sites costumam sofrer alterações nos valores com frequência, por isso, a equipe do Oficina da Net também conversou com as lojas mencionadas para entender por que os citados produtos ficaram mais caros e se há relação ou não com a Black Friday.
Entre os produtos identificados pelo Reclame Aqui com alguma elevação nos preços, estão:
Fogão Brastemp - Lojas Americanas
Um consumidor enviou para o Reclame Aqui o caso de um fogão modelo Brastemp BFD5Q que na segunda-feira, dia 21 de novembro, custava R$ 1.518, nas lojas virtuais das Americanas. No dia seguinte, este mesmo produto subiu para R$ 1.962, uma diferença de R$ 444 em apenas um dia.
Print da tela feito por consumidor revela diferença de preço em um dia
Fogão Eletrolux - Lojas Americanas
Conforme o site Reclame Aqui, também nas Americanas - Loja Virtual, no dia 8 de novembro um fogão Eletrolux modelo 52SRB foi cotado por R$ 864 e, em 21 de novembro, este mesmo modelo passou a ser ofertado por R$ 1.014.
Imagem: Reclame Aqui
Geladeira Brastemp - Walmart
No dia 10 de novembro, uma geladeira modelo Brastemp foi vista por R$ 1.499 no site do Walmart. Já no dia 18 seguinte, este mesmo modelo passou a ser comercializado por 1.798. Praticamente R$ 300 de diferença em uma semana.
Playstation 4 - Fnac
No site da Fnac, um Playstation 4 estava sendo vendido por R$ 1.899 no dia 26 de outubro. Já no dia 4 de novembro o monitoramento do Reclame Aqui identificou que este mesmo produto teve seu preço elevado para R$ 2.099.
Notebook Lenovo - Walmart
No período de uma semana o notebook Lenovo B4030 aumentou mais de R$ 200 no site do Walmart. O consumidor que comprou o produto no dia 21 de novembro teve que desembolsar R$ 1.549, porém, se tivesse acertado a compra uma semana antes, teria pago R$ 1.328 pelo mesmo aparelho.
Conforme o CEO do Reclame Aqui, Mauricio Vargas, a plataforma considera esta prática de aumentar os preços para depois apresentar descontos como maquiagem de preços. Diante dos gráficos analisados, ele afirma que o sentimento é "de medo". "Pelo o que mostram os gráficos do nosso monitoramento, essa Black Friday deve repetir o mesmo erro das edições anteriores: subir os preços dias antes da Black Friday para dar descontos irreais. Se isso acontecer, ano que vem o consumidor não vai mais confiar nesse evento", analisa.
Mas nem tudo está perdido. De acordo com Vargas, os gráficos analisados também mostram produtos que não sofreram alteração de preços. "É nessas empresas que podemos confiar mais", alega ele. "Mesmo assim, não acredito que teremos grandes descontos, como de 50%, por exemplo. Acho que os descontos devem ser em torno de 20%", completa.
O que dizem as lojas?
A equipe do Oficina da Net entrou em contato com as lojas Americanas, com o Walmart e com a Fnac para entender o porquê da elevação dos preços e o que estas lojas pensam a respeito da maquiagem de preços. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Walmart informa que os produtos citados (a geladeira e o notebook) estavam participando de uma promoção de esquenta Black Friday do dia 10 a 13 de novembro, por isso os valores mais baratos neste período. A empresa ainda afirma que os produtos anunciados no site sofrem alterações diárias de preço e que esta é uma prática comum de mercado. "Para o Black Friday temos 3 compromissos - o menor preço dos últimos 60 dias, entrega garantida no prazo ou um ano de frete grátis e garantia de que o produto comprado durante a Black Friday não terá seu preço reduzido até 31/12", destaca Valéria Montes, assessora de imprensa do Walmart.
Já a Americanas.com informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que somente os produtos identificados com selo participam das ofertas antecipadas da Black Friday. Os produtos mencionados (fogão Brastemp e fogão Eletrolux), segundo o estabelecimento, não têm selo e, portanto, não fazem parte desta lista.
Até o momento da publicação desta matéria, a Fnac não respondeu ao nosso contato.
Para não cair em ciladas, veja nossas dicas para quem vai comprar na Black Friday. Confira também esta lista de sites que você deve evitar comprar.