É engraçado como diversas vezes vejo comentários na internet fazendo piada com as indicações que damos no grupo Periféricos High End, pessoas reclamam que recomendamos "teclados chineses" como se isto fosse o mesmo que indicar um produto falsificado. Essa é só mais uma prova da falta de informação dos consumidores, que apenas buscam produtos por suas marcas, espelhando a efetividade de um marketing bem feito. Mas, estas mesmas pessoas ao menos sabem que muitos produtos que tanto gostam também são feitos por estas mesmas empresas chinesas?
A Motospeed é uma empresa chinesa sediada em Shenzhen, fundada em 2008 ela pertence a um grupo chamado Mototech Technology, que já trabalhava com periféricos desde 2001. A empresa trabalha bastante com manufatura, produzindo mouses para marcas como a Dazz, como o Dazz Kirata, o Dazz Thundera e o Dazz Smilodon, no entanto, ela também vende alguns produtos próprios de qualidade, como o famoso teclado CK104 e o mouse V30. Falando sobre o CK104, ele seria uma espécie de "irmão mais novo" do CK108, pois possui alguns recursos a menos, como o descanso de mão, um software de configuração e também é um pouco menor. De modo geral, ambos são teclados surpreendentes, pois são muito bem construídos e são extremamente baratos para o que entregam.
Neste review você vai conhecer o atual "carro chefe" da Motospeed, o Motospeed CK108, também chamado pela marca de "K92". Este teclado vem fazendo um sucesso absurdo, principalmente no Brasil, pois é uma das principais recomendações que fazemos no grupo Periféricos High End juntamente com o CK104, por seus preços baixíssimos acompanhados de um aparente desempenho assustador. Como ainda não temos nenhuma boa análise do teclado, hoje vamos finalmente descobrir se ele é realmente isso tudo que pregamos.
O Motospeed CK108 é feito em basicamente 2 peças, uma placa de metal escovado bastante resistente e um case feito em plástico ABS. Ambos os materiais garantem uma boa durabilidade para o teclado, tornando a "tarefa" de quebra-lo bastante difícil.
Sobre a placa de metal, é importante que você saiba desde já: Sim, ela PODE dar choque, mesmo que encostar nela seja algo raro, como quando você descansa a mão ao lado do teclado. Evite tomar alguns sustos de vez em quando, procure jogar de chinelo ou com algum calçado que te isole do contato direto com o chão, se não, é quase certo que algum dia você vai levar um choque.
O apoio de pulso é bastante simples, no entanto, é feito em um plástico mais resistente do que o utilizado em outros apoios de teclados como o do Corsair Strafe, que é feito em um material bem vagabundo. O plástico utilizado pela Motospeed pode não ser o melhor, mas é o suficiente para garantir o mínimo de segurança contra alguns possíveis tombos da peça.
Como a infinita maioria dos teclados mecânicos do mercado, o CK108 é produzido em layout ANSI, e você não o encontrará em ABNT. Como já explicamos em outros reviews, oferecer outro layout em um teclado significaria ter que mudar os equipamentos de produção do fabricante, o que geraria um gasto para eles que dificilmente seria coberto.
Um dos aspectos que mais me surpreendeu no CK108 foi a quantidade de efeitos de iluminação que o software oferece, são 19 efeitos, tendo a maiores deles cores e direções programáveis, um recurso que até mesmo teclados de R$500 ou mais não oferecem.
As keycaps do CK108 são outro ponto positivo, elas são feitas em plástico ABS e impressas em double-shot, o que é raríssimo para um teclado de R$200, afinal, nem mesmo teclados como o Corsair Strafe, que custa em média R$600, utiliza um método de impressão tão durável. Tudo bem, o plástico e a impressão não são tão caprichados quanto os de um Ducky, mas ainda assim é surpreendente que um teclado deste calibre ofereça materiais de tamanha qualidade.
O único problema destas keycaps é que elas utilizam uma fonte não muito interessante, a Gamecuben DualSet, que está presente na maioria dos teclados mecânicos chineses, como o Mantistek GK2, que é outra boa opção de um bom teclado mecânico que vamos trazer em breve para o Oficina da Net.
Além de ter alguns caracteres beeem feios, como a tecla "A", a fabricante (que não é a Motospeed) optou por abreviar as teclas Print Screen, Scroll Lock, Pause/Break, Insert, Home, Page Up e Page Down, o resultado são algumas legendas difíceis de entender caso você não souber previamente o que cada tecla faz.
Os pés do teclado não possuem nada demais, eles são firmes e não aparentam nenhuma fragilidade. Os skatez são bastante aderentes em qualquer superfície, garantindo uma segurança considerável para a posição que você o deixar na mesa.
As especificações são fornecidas pelo fabricante:
- Report rate de até 1000HZ
- Anti-ghosting para todas as teclas
- 16.8 milhões de cores customizáveis para os LEDs
- Memória EEPROM para gravação de macros
- Switches mecânicos Outemu Blue
- Tamanho: 440mm de largura x 195 mm de altura x 40mm de espessura
- Comprimento do cabo: 1,8m
- Peso: 1040g
Se você achava que o CK108 não poderia te surpreender mais, passemos ao software do teclado.
A Motospeed, ao contrário das grandes marcas de periféricos, possui um software diferente para cada produto. No caso do CK108 temos o Gaming Keyboard 1.0, que é muito fácil de utilizar e, acredite, possui um dos melhores sistemas de criação de macros que já vi. Vale lembrar que, quando você procurar pelo software, encontrará no site da Motospeed ele descrito como "Motospeed K92", um nome que ela só utiliza lá por algum motivo desconhecido.
Na página inicial do software você tem o acesso a todas as informações configuráveis. É possível escolher entre 3 perfis configuráveis, o botão de edição e criação de macros, a caixa "light" na qual você alterna o software para mostrar as opções de iluminação, as quatro opções de taxa de atualização e um layout do próprio teclado, no qual você pode escolher qual tecla deseja editar ou adicionar uma macro.
Ativando a caixa de iluminação você passa a ter as opções do aspecto disponíveis, como a intensidade do brilho, a velocidade da animação, a cor da iluminação e a direção para a qual a animação se movimenta.
Na caixa de animações você pode escolher uma entre as 19 opções, sendo a maioria delas configuráveis, podendo mudar cores, direção e velocidade em praticamente todas.
Como prometido pela Motospeed, você pode escolher a cor que quiser para compor a iluminação do teclado. Vamos falar sobre a eficiência da iluminação mais tarde.
Na janela de edição e criação de macros temos tudo o que um bom software poderia oferecer, você tem até mesmo a opção de gravar o delay de digitação da macro, um recurso que poucos teclados oferecem. É possível editar a macro depois de gravada da maneira que você quiser, o que é incrível para um teclado de apenas R$220.
Para aplicar uma macro, basta fechar a janela de edição, clicar (no software) sobre a tecla que você queira utilizar para a ativá-la, passar para a aba "macro setting", escolher qual das macros criadas que será utilizada e confirmar. Para remover a macro mais tarde, basta voltar para a aba "Single bond" e confirmar. Vale lembrar que, depois de criar ou aplicar um macro, é preciso clicar em "Apply" no software da Motospeed para aplicar as alterações.
Configurar qualquer aspecto do CK108 no seu software é muito mais fácil do que parece, sendo até mesmo mais descomplicado do que outros softwares de grandes marcas, como a antiga versão do Corsair Utility Engine, que poderia muito bem oferecer algum tipo de premiação para quem conseguisse "programar" uma macro. O Gaming Keyboard 1.0 não é o software mais intuitivo do mundo, mas ainda assim é bastante simples e prático, facilitando a utilização até de usuários pouco acostumados com suas funções.
Um dos "segredos" do CK108 que o tornam um teclado tão barato é o fato de que a própria Motospeed os fabrica, afinal, ela mesma é uma OEM (Original Equipment Manufacturer) e fabrica periféricos para outras marcas. No entanto, ela também utiliza componentes mais baratos (mas de qualidade) na construção interna deste teclado. Vamos dar uma olhada mais de perto.
A controladora do teclado é uma Vision VS11K09A, é ela quem gerencia as configurações, macros e a iluminação do teclado. Embora ela seja considerada superior à do CK104, a limitação das cores também é bastante restrita. Pesquisando sobre essa controladora, encontrei outro teclado chinês que também a utiliza, o Ajazz AK33 RGB, que assim como o CK108, não é completamente RGB com 16.8 milhões de cores.
As soldas da PCB, de modo geral, são em sua maioria bem-feitas, ficando somente alguns pingos mal feitos. Os componentes são relativamente bem organizados, o que mostra a dedicação da Mostospeed em entregar um produto de boa qualidade.
Em algumas partes da PCB é possível ver resíduos de limpeza também, mas isto não chega a prejudicar o teclado em si e é comum até em teclados top de linha.
O conector do teclado é bastante seguro, o cabo é preso no case inferior e é conectado à PCB com o case mostrado na imagem abaixo.
Os swtiches são Outemu Blue, um dos melhores clones dos "Cherry MX". Falaremos um pouco mais sobre eles no quesito "Desempenho".
Os LEDs do teclado são SMD, um ponto extremamente positivo, pois eles possuem uma durabilidade muito maior do que LEDs comuns.
Utilizar o Motospeed CK108 me proporcionou experiências tão boas quanto qualquer outro teclado mecânico do mercado. Ele funciona muito bem para qualquer tarefa, como digitar um texto ou jogar algum game, seja competitivo ou casual. Em jogos como o CS:GO pude utilizar a técnica de strafe com perfeição.
A qualidade da iluminação é questionável, afinal, dependendo da configuração que você está utilizando, cores podem ficar distorcidas ou até mesmo um pouco longe do que você esperava. Tons mais claros de verde terão sempre o mesmo aspecto; a cor roxa, por mais escura que seja, sempre vai parecer com o rosa; e tons em amarelo sempre terão um aspecto muito parecido.
Falar de ergonomia em um teclado é algo complicado, afinal, o máximo que você faz nele é apoiar o seu pulso e passar os dedos sobre as teclas, e nisso o CK108 se sai bem, afinal, seu apoio de pulso e as teclas são todas lisas, portanto, dificilmente você sentirá algum desconforto utilizando ele.
Os switches do CK108 são Outemu Blue, uma das melhores "cópias" dos switches Cherry disponíveis no mercado, ficando atrás somente dos switches Gateron, que são mais duráveis. A marca pertence à Gaote Corporation, uma empresa chinesa que é conhecida pela manufatura de componentes eletrônicos, inclusive na finalização da construção de switches Matias, conhecidos pelo baixo ruído que produzem.
O Outemu Blue é do tipo de switch que tem um feedback "clicável", sendo muito parecidos com o Cherry MX Blue, no entanto, ele é bem mais leve e tem uma resposta tátil bem mais suave, não tão perceptível como em um MX Blue. Ele possui uma distância de ativação de 2mm, atingindo o limite de pressionamento aos 4mm, com uma força de ativação necessária de 55g. De acordo com a Gaote, ele tem uma vida útil de 50 milhões de cliques. A diferença entre os Outemu e os Gateron é que os switches da Gaote tem um feeling mais parecido com os Cherry, enquanto os Gateron são mais firmes e duráveis.
O grande problema dos switches Outemu Blue é o ruído que eles produzem. Embora os cliques sejam mais suaves que o de um Cherry Mx Blue, eles acabam sendo mais barulhentos por chegarem ao limite do pressionamento mais facilmente e, este aspecto aliado ao som do retorno tátil, tornam o ruído mais alto.
O Motospeed CK108 nos foi cedido pela própria Mototech, que enviou um exemplar do produto diretamente da China! Para nos ajudar a retribuir este esforço da empresa, que ainda é relativamente pequena, não deixe de acessar o site da Motospeed e curtir a página dela no Facebook, assim como a página da Mototech. Se você é um importador e gostaria de vender os produtos da marca em sua loja, recomendo que você fale com a Ivy Liao pelo Skype "ivyliaozeng", ela fala inglês muito bem e vai poder te ajudar no que precisar.
Você pode comprar o CK108 pela Gearbest clicando aqui.
No fim das contas o CK108 é sim um bom teclado mecânico, principalmente se levarmos em conta o seu preço baixíssimo. Caso você não se importe com o fato de ter que importar um produto e provavelmente ser obrigado a esperar pela chegada dele por mais de um mês, de correr o risco mínimo (mas existente) de ser taxado na alfandega, ou até mesmo de o produto sumir depois da sua chegada no Brasil, não pense duas vezes, este é um teclado feito para você.
Como certamente vão me perguntar se vale mais a pena investir em um CK104, já deixo claro: esta escolha não é minha, mas sim sua. Depois de tudo o que vimos aqui no review, eu sinceramente pagaria a média de R$75 a mais por um CK108, afinal, se você quiser qualquer outro teclado mecânico com software, RGB, apoio de pulso, o mínimo de qualidade geral e boa construção, certamente vai ser obrigado a pagar em média R$500 ou mais aqui no Brasil, valor que o CK108 não chega nem se for taxado na alfandega.
É até difícil acreditar que a Motospeed venda este teclado tão bem feito por um preço tão baixo, a média de R$225 pagos em um CK108 é muito bem devolvida ao consumidor pela qualidade geral do produto e seus recursos extras. Se você acha que não precisa de tantos "diferenciais", seguramente podemos recomendar um CK104, que é praticamente igual ao seu "irmão mais velho" e custa incríveis R$150,00, um valor absurdamente baixo para um teclado mecânico.
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