Em 2016 o mundo teve acesso a dois smartphones chamados "modulares", LG G5 - apresentado durante o Mobile World Congress, em Barcelona (fevereiro) e o Lenovo Moto Z, na IFA 2016 (setembro). Com todo o ano pela frente, o G5 não rendeu a quantidade esperada pela LG, enquanto a Lenovo parece contente em relação ao desempenho de seu Flagship. É bem verdade que existe uma série de fatores que definem o porquê do sucesso com a Lenovo e fracasso com a LG, mas entre eles está um em comum, os módulos acopláveis.

Mas antes de chegar nestes personagens, vamos entender melhor de onde surgiu essa história de Smartphone Modular.

Back to 2013...

Já ouviu a expressão "Smartphone modular" em algum momento de 2013 para cá? O termo ganhou força graças a um projeto chamado Phoneblocks, que desenvolveu um smartphone montável feito lego. Quem abraçou essa ideia na primeira oportunidade foi a Motorola - que recém havia sido adquirida pelo Google por US$ 12,5 Bilhões. Na época, lembro bem, fiquei muito alvoroçado com a possibilidade de você montar um smartphone do jeito que quiser, com a câmera para a direita ou esquerda, na parte de cima ou na parte de baixo, na frente ou atrás.

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De lá para cá o Oficina da Net noticiou, em pelo menos duas oportunidades, que os smartphones oriundos do "Project Ara" - denominado pela Motorola/Google - seriam lançados entre 2015 ou 2016... Bom, em 2016, mais precisamente em setembro, o Projeto Ara foi cancelado pelo Google. Mas a empresa PhoneBlocks segue sua ideia e já planeja avançar para plataformas como tablets e notebooks.

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O Projeto Ara pode até não ter chegado ao mercado final, mas certamente inspirou as queridas LG e Lenovo para a criação de seus representantes modulares. Podemos dizer que a Lenovo levou vantagem por ter mais informações sobre o Project Ara? Talvez. Mas o que a marca fez foi encontrar uma solução mais amigável sem precisar desmontar seu smartphone, além de não ter sido a primeira a dar a cara a tapa.

De volta a 2016 - LG G5

Como dito antes, a LG optou por apresentar o G5 durante a MWC - evento importantíssimo de tecnologia, que ocorre anualmente em Barcelona - junto do esperado Galaxy S7, da Samsung. Muita gente esperava um embate entre esses dois aparelhos e lembro-me de termos falado durante o ONCAST #19 - Lançamentos do MWC2016 que o lançamento do LG G5 chegara com mais glamour que o próprio Galaxy S7 (vale a pena ouvir).

A proposta do G5 é diferente do Moto Z, com ele o usuário pode sacar a parte de baixo do smartphone para acoplar os chamados friends. O modo LG Cam Plus, por exemplo, permite que você controle a câmera do G5 com mais precisão.

Outro friend é o LG Hi-Fi Plus, específico para oferecer mais capacidade de som para seu LG G5. Além disso, a bateria do G5 é substituível quando necessário (em torno de 100 reais nos sites de varejo).

Junto do G5 e seus amigos, a LG lançou um óculos de realidade virtual (360VR), uma câmera  360º e até um robô chamado Rolling Bot. Este último possui formato esférico que é controlado pelo smartphone; ele possui uma câmera de 8MP, por exemplo, que pode servir para uma verdadeira babá eletrônica...

Por que o G5 "não deu certo"?

Antes de mais nada, o G5 deu certo, só não tanto quanto era esperado pela LG. A própria empresa reconhece que esperava mais e promete mudar muito com o novo flagship - que deve ser apresentado durante o Mobile World Congress de 2017 e chegar ao mercado brasileiro na última semana de maio.

Muitos indícios nos fazem pensar no real motivo pelo qual as pessoas não curtiram tanto o LG G5. Bater de frente com a Samsung e o consagrado Galaxy S é para poucos e a LG tem cacife para isso, vale lembrar. A demora em colocar os smartphones no mercado também pesa na hora da compra; enquanto os aparelhos da "Sammy" estavam disponíveis para pré-venda já alguns dias depois de seu lançamento em vários países importantes, os da LG, por exemplo, desembarcaram no Brasil somente em junho, portanto, quatro meses depois de seu lançamento.

Estes dois motivos já são suficientes para explicar um pouco a baixa procura pelo G5. O outro é o questionamento sobre a vida útil de seus Friends. Como já noticiamos aqui no site, o LG G6, provavelmente, não terá edição modular e, portanto, quem comprou um G5, só terá utilidade dos módulos no G5. Fato que, aparentemente, não se repetirá com a Lenovo.

Moto Z

Já viu como funciona o Moto Z? Se liga no Review dele aqui no Oficina da Net (link ao lado). Você não precisa desconectar absolutamente nada para acoplar uma bateria reserva ao Moto Z, ou quem sabe uma caixa de som externa da JBL para animar aquela festinha em sua casa. Também dá para conectar um projetor a fim de apresentar aos companheiros de negócio os novos rumos de sua empresa. Para completar, a Lenovo oferece uma lente com zoom ótico de até 10x para você fotografar com mais precisão.

Eu confesso que ainda acho os Moto Snaps pouco importantes, salvo a powerpack - que dá em torno de 80% de bateria a mais para você. Apesar disso, ao que tudo indica, muitos modelos Lenovo, que devem desembarcar neste e próximos anos, serão compatíveis com os Snaps.

Talvez o acessório mais questionável da família Moto Z é o Insta-share projector, que projeta a imagem da tela do Moto Z na parede. Dá até para fazer uma boa seção de jogatina, mas para ver um filme, por exemplo, é necessário escolher entre a imagem grande ou o som melhor.

Por que "deu certo"?

Longe dos principais campeões de vendas de smartphones mundiais, a Lenovo está satisfeita com os mais de 1 milhão de exemplares vendidos do Moto Z em pouco mais de dois meses (dados de novembro). O bom resultado se dá apenas pelos "mods" ou "Snaps" - como são chamados no Brasil? Acredito que não, embora o aparelho seja caro (R$ 3199 com kit Power Edition na loja da Motorola). A versão mais barata ao Moto Z seria o Moto Z Play, que tem configurações mais modestas e custa em torno de R$ 2199,00 - também na loja Motorola.

Ps: Nos e-commerce mais famosos do Brasil você encontra ambos por valores menores e promoções que cabem no seu bolso.

Na questão dos módulos, podemos elencar alguns motivos pelo qual o Moto Z ganhou mais a confiança dos usuários que o LG G5. Os Snaps do Moto Z não desmontam o aparelho ‘standard’, ou seja, você só precisa remover algo do Moto Z se quiser trocar um Snap por outro. Isto dá um pouco mais de confiança e segurança quanto à durabilidade do smartphone. O contato posicionado às costas do Moto Z fazem a mais rápida conexão possível entre celular e snap.

Outra questão que pode ser observada, porém com menos peso, é que a Motorola está mais presente no mercado intermediário e, portanto, tem nome forte na hora de escolher um novo smartphone. A proximidade com o Google para atualizações do sistema operacional também pode contar favoravelmente para a Lenovo.

Para finalizar, um tópico que provavelmente não tem peso algum, mas não custa descrevermos: As pessoas no mundo todo podem simplesmente ter não gostado do LG G5 e estão ansiosamente esperando por uma surpresa com o LG G6.

Conclusão

Acredito que, como a própria LG constatou, a primeira tentativa de fazer smartphones que você pode adaptar com peças compradas em separado não rolou como esperado. As fabricantes devem deixar o projeto modular de lado por pelo menos um ano, mas nada, absolutamente NADA, impede que ali em 2018 ou 2019 a gente veja um novo lançamento modular que todos vão fazer fila para comprar. Que tal?

Ajude nesta discussão e participe nos comentários. Na sua opinião os smartphones modulares ainda tem chance?