As formas de se proceder em sociedade, em geral, são aprendidas no decorrer da vida, desde aos anos de estudos na infância, convivência familiar e convivência de trabalho. O que a mente/cérebro de um indivíduo capta ao ouvir, ler ou visualizar (informações - verdadeiras ou falsas) refletirá na ação desse indivíduo para consigo mesmo e para com a sociedade.
Desde a invenção do rádio, televisão e, posteriormente, internet, o tempo e opções de "alimentar" a mente procedem, em grande parte, de conteúdos de mídia como emissoras de rádio, podcasts, internet, televisão, ou seja, audiovisual, dado o poder de exemplificar as formas de se viver, consumir produtos, comprar roupas ou outros insumos; acredita-se em sistemas políticos e nas falácias dos ditos "representantes do povo" e estes, incitam a sociedade a lutarem entre si, em defesa daquilo que se fez/faz acreditar, e a sociedade age sem refletir e buscar as raízes das situações atuais existentes, motivações, etc.
A abordagem aqui feita revela mecanismos que fazem sociedades agirem e viverem de maneiras condicionais. Acreditar ou não é uma questão individual. A cor preta continuará preta e a branca, branca. Jamais será uma questão de ponto de vista, quer seja relativista ou subjetivista.
O poder do conteúdo audiovisual
"Todo toxicodependente é um produto secundário de uma política governamental a longo prazo, cujo objectivo final é a destruição do espírito humano e a degradação do homem." (Estulin, D., p. 8).
Os temas concretos tendentes ao estabelecimento de um fascismo de rosto democrático são os seguintes:
Os meios de comunicação: em geral, quando se controlam as políticas de imprensa, o rumo da informação relativa aos assuntos nacionais e internacionais, as agências de imprensa mais importantes e os principais meios de comunicação de massas determinam o que a população deve saber e o que deve considerar credível. A falsificação deliberada e habitual da informação consegue dessensibilizar a população, fazendo com que a interpretação, socialmente aceite, das relações causa e efeito viole a interpretação racional e sensorial da experiência. A isto soma-se também a introdução anteriormente de material psicológico subliminar, cujo efeito predeterminado é o de acentuar os impulsos infantis em determinado sectores da população; tais como relatos de interesse humano, que resultam relativamente mais gratificantes para os impulsos infantis, que dão ênfase a uma visão racional e científica.
Controlo das comunidades locais: o objecto do "controlo das comunidades locais" como táctica fascista de contra-insurgência é fragmentar a população objecto em agrupamentos políticos relativamente herméticos1 , reduzindo as diferenças destes grupos ao separá-los por raça, sexo, língua materna, cultura, país de procedência, interesses, idade e vizinhança. Fazer com que os grupos entrem em competição uns com os outros em circunstâncias de austeridade geral é uma técnica eficaz, para induzir a lavagem cerebral nestes grupos, e uma progressiva deterioração psicológica que resultará em pseudofamílias perversas e numa clara psicose clínica. (Estulin, D., p. 18, 19).
A televisão
Consideramos que a televisão evoca a premissa básica da dependência. E deve evocá-la porque é essencialmente uma actividade emocional e irracional… A televisão é o líder constante que proporciona alimento e protecção. (Emery, Dr.F. 1972)
O jornalista de investigação Lonnie Wolfe disse no seu esclarecedor relatório sobre o impacto que exerce a televisão nos poderes cognitivos de uma pessoa que, tanto Frederick Emery como Eric Trist, que até o seu falecimento, em 1993, dirigiram as operações de Tavistock nos Estados Unidos, referiram: A televisão tinha um efeito dissociativo sobre as capacidades mentais e fazia com que as pessoas fossem menos capazes de pensar de forma racional. Tavistock reconheceu que o hábito de ver televisão destrói a capacidade que a pessoa tem para realizar uma actividade cognitiva crítica. Dito de outra forma, torna-nos parvos. (Estulin, D., p. 142, 143).
… os adultos dissociados não conseguem exercer uma autoridade moral sobre os filhos, por estarem demasiado envolvidos nas suas próprias fantasias infantis, que lhes chegam através do televisor. (Estulin, D., p. 145).
A maior forma de controlo que existe é quando uma pessoa crê que é livre e, na realidade, está a ser manipulada e controlada. Uma forma de ditadura é estar fechado numa cela de prisão, a ver as grades. O outro estilo de controle e ditadura, muito mais subtil, é não ver as grades e crer-se livre. O melhor hipnotizador do mundo é uma caixa oblonga, colocada num canto do quarto, que nos diz em que devemos acreditar. A televisão, com a sua capacidade de entrar no lar de todas as pessoas, cria a base para a lavagem cerebral colectiva dos cidadãos... Uma das coisas que ocorrem quando vemos televisão é que o hemisfério direito do cérebro está duplamente mais activo que o esquerdo, o que é em si uma anomalia neurológica. O cruzamento do esquerdo com o direito liberta uma torrente de opiáceos naturais ao organismo, as endorfinas, que por sua vez compreendem as beta-endorfinas e as encefalinas. As endorfinas têm uma estrutura idêntica ao ópio e seus derivados (morfina, codeína, heroína, etc.). Por outras palavras, a televisão funciona como um sistema de fornecimento de drogas de alta tecnologia, e todos sentimos os seus efeitos. Outro efeito quer ver televisão tem é que as regiões superiores do cérebro, como a zona média e o neocórtex, ficam inactivas e a maior parte da atividade desloca-se para o sistema límbico, a região inferior do cérebro. O cérebro inferior ou reptiliano limita-se a reagir ao ambiente utilizando programas de respostas profundamente encaixados no sistema, do tipo luta ou foge. Além disso, estas regiões inferiores do cérebro não sabem distinguir a realidade das imagens inventadas (uma tarefa que o neocórtex realiza), de maneira que reagem ao conteúdo da televisão como se este fosse real e libertam as hormonas correspondentes, e assim sucessivamente. Diversos estudos demonstraram que, a longo prazo, um excesso de actividade das regiões inferiores do cérebro causa a atrofia das regiões superiores. (Estulin, D., p. 127, 128).
Para que o fazem? Para nos atordoar. Para nos lavar o cérebro. Para nos convertermos em adultos piegas com tendências infantis... A única verdade que a maioria das pessoas conhece é transmitida pela televisão. Existe uma geração inteira que não sabia de nada que não tivesse saído da caixa idiota. Esta caixa converteu-se no Evangelho, na revelação máxima. É capaz de engrandecer e depor presidentes e primeiros-ministros. (Estulin, D., p. 127, 129).
A linguagem da televisão é aristotélica, limitando-se simplesmente a nomear objetos, como num universo fixo ou finito: homem, cão, criminoso, presidente, carro, bomba, economia, mau, bom. (Estulin, D., p. 158) Não está a decorrer nenhum pensamento criador, nem há qualquer tentativa de ocupar a mente, apenas interessa imprimir uma imagem no cérebro da pessoa. (Lonnie Wolfe, Turn off your TV, New Federalist, 1997.)
Tavistock sabe que as ideias são mais poderosas do que armas, pistolas, frotas e bombas. Para assegurar a aceitação de suas ideias imperialistas, Tavistock procura controlar a maneira como as pessoas pensam, principalmente na área de ciência… Se conseguir controlar a maneira como as pessoas pensam, consegue-se controlar o modo como reagem aos acontecimentos, quaisquer que estes sejam. Este processo chama-se de alteração de paradigma; uma subversão do conjunto existente de pressupostos acerca da sociedade. (Estulin, D., p 159)
O debate público está cada vez mais nas mãos de atrasados mentais. Esta degeneração tem desempenhado um papel importante na alteração do paradigma da nossa sociedade. E que alteração é essa? Retira-se o homem do lugar que lhe compete no Universo - o epicentro. Diz-se ao homem que é um animal, para poder ser dominado como se o fosse. Os ideólogos da lavagem ao cérebro de Tavistock adoptaram um ponto de vista animalesco, partindo do princípio de que a mente humana não passa de uma ardósia em branco, que evita a dor e procura o prazer. Foi a partir disto que o Instituto Tavistock desenvolveu as suas técnicas peculiares para a criação duma psicologia de massas (Estulin, D., p 167).
O mundo da publicidade
A televisão é o meio mais eficaz para nos lavar o cérebro, mas não é o único. Se continuarmos nessa linha de pensamento, veremos que o culto da celebridade também representa um papel de disseminação do que Tavistock quer que nós acreditemos.
Há mais de 55 anos que as pessoas vêem anúncios que, através da utilização astuta de música e imagens, têm procurado manipular impulsos subconscientes e instintos, para venderem produtos. A maior parte demora menos de um minuto, mas contém imensas imagens e muito frequente uma música que fica no ouvido. (Lonnie Wolfe, Turn off your TV, New Federalist, 1997.) A fórmula é simples. Quem for jovem e for inserido na cultura ocidental, tem a publicidade a satisfazer-lhe as necessidades de informação acerca de como crescer e viver a vida. Se analisarmos o assunto, não há virtualmente qualquer diferença entre o apelo emocional e nada racional para se ver uma série na televisão e ver anúncios na televisão. Ambos vendem um ponto de vista. Não há sermões. Não há aulas. Não há a maneira certa e a maneira errada. Há apenas a expressão, por meio de experiências de vida de outros, do que a vida é, ou pode ser, para públicos demográficos a quem são dirigidos. É muito pós-moderno e muito enganador. A realidade funciona, porque pode ser exaltada como tal, e manipulada. (Estulin, D., p 175)
A publicidade é um processo de fabricar encanto. O facto de provocar inveja é o que constitui o encanto. A publicidade tem pois a ver com a felicidade solitária que provém de ser invejado por outros. Porém, a inveja tem um lado sombrio, que acabou por ser perder no pensamento do século XX. Desde os tempos medievais, a inveja foi considerada a expressão mais adequada para identificar as causas do sofrimento humano. Tal como o desespero, a inveja surge com uma sensação de impotência para obter o que é desejado. Na inveja, o ímpeto de estender a mão torna-se um ímpeto de destruir.
A inveja é a versão da mitologia do consumo. Não existe nenhuma sociedade sem alguma forma de mito. Não é pois de se estranhar que uma sociedade baseada na economia da produção em massa, e do consumo em massa, crie o seu próprio mito sob a forma de um anúncio. Tal como o mito, este influencia todos os aspectos da vida e, enquanto mito, utiliza o fabuloso meio para apelar ao mundano. (Estulin, D., p 176)
Os anúncios impregnados de imagens carregadas de valores, sem qualquer relação com o produto, podem estar a alienar-vos dos valores que efectivamente exploram, confundindo-nos sobre como os atingir, e lançando as bases para o desespero, ressentimento e apatia.
Como os produtos não nos proporcionam o tipo de recompensa psíquica prometido pela imagética da publicidade, começamos a duvidar que alguma coisa o proporcione. Se seguirmos esta dúvida, acabamos de entrar num estado depressivo, no qual vemos um buraco negro rodear quase todos os produtos, qual negativo fantasmagórico da sua antiga luminosidade - o buraco negro da promessa não cumprida. E nesse buraco negro, criado pela exploração publicitária de tantas imagens ideais, entra qualquer religião que prometa abrir um caminho por entre o ciclo de idolatria, e ligar-nos ao único grande ideal que transcende os outros: Deus, imortalidade, consciência cósmica, iluminação, mundo espiritual, o eu profundo ou seja qual for o nome que Lhe dermos. Usando técnicas que são fundamentalmente religiosas, a publicidade publicita inadvertidamente a religião.
Considerada em termos de religião, a publicidade encoraja as pessoas a acreditarem que os ideais mais vivos e apelativos da nossa cultura podem ser atingidos com facilidade, desde que encontremos o produto certo ou, se preferirmos, o salvador certo, filosofia, igreja, guru, culto ou até drogas que potenciem o desempenho. (Estulin, D., p 177)
Conclusão
O êxito da publicidade moderna reflecte uma cultura que escolheu, ela própria, a ilusão, em detrimento da realidade. (Estulin, D., p 178)
Ao contrário dos escravos da Antiguidade, dos servos da Idade Média e dos operários das primeiras revoluções industriais, estamos hoje frente a uma classe totalmente escrava que, no entanto, não se dá conta disso ou, melhor ainda, que não quer enxergar. Eles não conhecem a rebelião, que deveria ser a única reação legítima dos explorados. Aceitam, sem discutir, a vida lamentável que foi planificada para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça.
Eis, então, o pesadelo dos escravos modernos que só aspiram a deixar-se levar pela dança macabra do sistema de alienação.
A opressão moderniza-se, estendendo-se por todas as partes, as formas de mistificação que permitem ocultar nossa condição de escravos. Mostrar a realidade tal qual é na verdade, e não tal como mostra o poder, constitui a mais autêntica subversão. Somente a verdade é revolucionária. (Brient, J.F., 2009).
… As antigas formas de religião, principalmente o Cristianismo ocidental, exigem que o homem seja responsável pelos outros seres humanos. As novas formas religiosas serão uma espécie de anarquismo místico, uma experiência religiosa muito semelhante à prática satânica dos nazis ou aos ponto de vista de Carl Jung. (Lonnie Wolfe, Turn off your TV, New Federalist, p. 14, 1997.)
O que torna o homem humano é o poder de raciocinar. O único que é maior que a vida é o poder da mente humana. É assim que se mede a humanidade. O que nos separa dos animais é a nossa capacidade de descobrir princípios físicos universais. Permite-nos inovar, o que depois melhora a vida das pessoas. A evolução da humanidade e o desenvolvimento do poder da pessoa e da nação, dependem dos avanços científicos, da busca e do descobrimento da Verdade como objectivo principal, com o propósito de aperfeiçoar a existência. A Verdade consiste sempre na ordem superior dos processos. A soberania autêntica não corresponde à opinião popular, mas sim aos poderes criativos da mente humana de cada um.
Para que a lavagem cerebral colectiva funcione, tem de se atacar a visão renascentista do homem, pois é impossível lavar o cérebro a uma pessoa que possua um forte código de valores e que procure a Verdade. (Estulin, D., p 133, 134)
Referências bibliográficas
Estulin, D.. O Instituto Tavistock, os mecanismos obscuros para subjugar a humanidade através do controlo mental e da engenharia social; as forças ocultas que nos controlam. Portugal 2012: Publicações Europa-América, LDA.
Brient, J.F. Da servidão moderna. Disponível: http://www.delaservitudemoderne.org/texto-po.html. Acesso em: 28 fevereiro 2017.
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