Um grupo de pesquisadores da Universidade de Manchester, no Reino Unido, desenvolveu uma "peneira" de grafeno que é capaz de eliminar o sal da água do mar. Com isso, a água salgada poderia ser transformada em potável e ajudar milhões de pessoas ao redor do mundo que sofrem com a escassez de água doce.

A peneira desenvolvida pelos cientistas é feita utilizando um derivado químico, o óxido de grafeno, e pode ser usada de modo eficaz na filtragem do sal.

Grafeno

O grafeno foi descoberto em 1962, porém, foi pouco estudado até ser redescoberto, isolado e caracterizado por pesquisadores da Universidade de Manchester em 2004. O material consiste em uma camada fina de átomos de carbono organizada em uma espécie de treliça hexagonal.

Devido as suas propriedades incomuns, como uma força elástica e condutividade elétrica, tornaram o grafeno um dos metais mais promissores para futuras aplicações. No entanto, com os métodos até então existentes, era caro e muito difícil desenvolver barreira de grafeno em escala industrial. Rahul Nair, líder da pesquisa, disse que o óxido de grafeno pode ser feito de forma simples em laboratório.

"Em forma de solução ou tinta, podemos aplicá-lo em um material poroso e usá-lo como membrana. Em termos de custo do material e produção em escala, ele tem mais vantagens em potencial do que o grafeno em uma camada."

"Para tornar a camada normal de grafeno permeável, é preciso fazer pequenos buracos nela, mas se esses buracos forem maiores que um nanômetro, os sais escapam por eles. Seria preciso fazer uma membrana com um buraco muito uniforme com menos de um nanômetro para que ela possa ser usada na dessalinização. É muito difícil."

As membranas feitas de óxido de grafeno se mostraram eficientes na filtragem de nanopartículas, moléculas orgânicas e até sair de cristais maiores. No entanto, até então, elas não conseguiram ser usadas para filtrar sais comuns, já que requerem peneiras maiores.

De acordo com estudos anteriores, as membranas de óxido de grafeno acabam ficando levemente inchadas quando imersas em água, o que permitia que sais menores passarem por seus poros juntamente com moléculas de água.

Os pesquisadores descobriram agora que colocar paredes feitas de resina epóxi em cada lado da membrana de grafeno já é suficiente para interromper o inchaço.

Solução para escassez de água

A ONU estima que, até 2025, 14% da população mundial irá enfrentar a escassez de água. As usinas de dessalinização atuais no mundo utilizam membranas à base de polímeros.

"Esta é a nossa primeira demonstração de que podemos controlar o espaçamento [dos poros na membrana] e que podemos fazer dessalinização, o que não era possível antes. O próximo passo é comparar isso com o estado-da-arte material disponível No mercado", disse o Dr. Nair.