Foi na Inglaterra que um jovem de 22 anos conseguiu colocar um fim nos ataques virtuais sem precedentes. Quando o ataque começou, na sexta-feira, era meio dia, afetando mais de 125 mil pessoas em poucas horas; usuários de 99 países obtiveram seus computadores sequestrados.

Como foi o ataque?

O golpe funciona da seguinte maneira, você recebe um e-mail que supostamente parece confiável, mas quando clica no anexo o computador passa automaticamente a ser infectado com o ransomare (WannaCrypt) e a partir deste momento todos os computadores que estão ligados a ele ficam infectados.

Ataque atinge computadores de 99 países e hackers arrecadam o equivalente a 80 mil dólares

Todos os seus dados e arquivos são criptografados, você passa a não ter mais acesso a eles. Então, logo após aparece uma mensagem na tela do seu computador dizendo que para voltar a ter acesso somente pagando o valor do "resgate" mínimo de US$ 300 dólares em moeda virtual Bitcoin, quase R$ 1.000 reais. Acredita-se que os hackers já tenham conseguido arrecadar em torno de US$ 1 bilhão (ATUALIZADO) 80 mil dólares através dos pagamentos, através de contas bitcoin vinculadas ao código fonte. Você pode ver as contas e acompanhar o saldo: 1, 2 e 3 aqui.

Como o ataque funciona?

O vírus explora é uma falha gigantesca no sistema Windows, o mais utilizado no mundo. Segundo a Microsoft, o problema havia sido corrigido em março, a partir deste momento quem realizou a atualização do sistema estava protegido.

Mas como nem todas empresas, principalmente empresas de órgãos públicos não atualizam o sistema operacional com frequência, pelos altos custos que geram, ficando mais sucetíveis a ataques deste tipo.

Quem foi prejudicado?

O sistema de saúde britânico foi o primeiro a identificar o ataque, que atingiu desde o governo russo até ao sistema de entregas de encomendas americanas, assim como universidades na China e na Indonésia, sistema de trens da Alemanha, empresas de telecomunicações na Espanha e Portugal, a montadora francesa Renault teve que parar sua produção em algumas de suas unidades.

Ataque no Brasil

No Brasil, no estado do Rio de janeiro, todos os computadores do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) foram infectados pelo vírus passando a ser desligados. A Petrobras e a Telefônica também foram alvos do ataque.

O INSS, em nota, comunicou que todos os serviços das agências foram suspensos na sexta-feira (12) depois do anúncio de ciberataques na rede mundial de computadores. Segundo o órgão os atendimentos que foram marcados para a respectiva data serão reagendados ‘A Data de Entrada de Requerimento, DER, dos cidadãos agendados será resguardada".

Páginas da Pevidência Social e do Ministério do Trabalho, além de outras páginas do governo federal, estavam fora do ar, assim como seus telefones sem atendimento.

Investigações

Segundo a polícia Europeia é necessária a realização de uma complexa investigação internacional para identificar quem está por trás do ataque. O que se sabe até o momento é quem desenvolveu a tecnologia utilizada pelo ataque foi o governo americano, através da Agência de Segurança Nacional (NSA).

A NSA produz as armas das guerras virtuais, vírus os quais atacam sistemas cibernéticos para realizar espionagens de governos e terroristas, por exemplo. Mas o sistema foi invadido por hackers no ano passado, momento em que conseguiram roubar várias dessas armas virtuais, sendo que uma delas foi usada para fazer o vírus que atacou o mundo na sexta-feira (12).

Leia a seguir: Dicas de segurança

Parou, mas não por muito tempo

O jovem inglês conseguiu descobrir um gatilho que fez com que o ataque cessasse por um tempo, mas segundo ele, a qualquer momento os hackers podem descobrir o que ele conseguiu fazer e voltarem a atacar a qualquer instante.

Os especialistas no assunto sugerem que se atualize o sistema Windows e o sistema de antivírus no computador, e que posteriormente se faça a aquisição de um HD externo, uma memória que não está conectada a internet para guardar os arquivos e dados mais importantes, obtendo assim uma maior proteção.

Consequências

No Brasil, em São Paulo, na cidade do interior São José do Rio Preto, técnicos ainda estão trabalhando para tentar recuperar 55 máquinas do Ministério Público Estadual.

Já na capital de São Paulo, o Hospital Sírio Libanês teve o sistema de áreas administrativas comprometidas sendo recuperadas aos poucos, o que não veio a prejudicar o atendimento do hospital.

Em todo país mais de 14 estados e o Distrito Federal foram alvos dos ataques ou passaram a tomar ações preventivas para evitá-lo.

A Kaspersky Lab, fabricante russa de software de segurança cibernética, disse que seus pesquisadores observaram desde sexta-feira mais de 45.000 ataques em 74 países. Segundo a Avast, fabricante de software de segurança comunicou que identificaram 57.000 infecções em 99 países, sendo que Rússia, Taiwan e Ucrânia foram os principais alvos.

Já os hospitais e clínicas presentes no Reino Unido foram obrigadas a recusar pacientes porque tiveram seus computadores infectados pelo novo ransomware que se espalhou de forma muito rápida pelo mundo misturando todos os dados dos pacientes, exigindo para desfazer a bagunça o pagamento de US$ 600 dólares.

Ainda a maior empresa de entregas do mundo, a FedEx Corp, está entre as companhias que obtiveram o sistema Windows da Microsoft Corp afetados.

Segundo o engenheiro de segurança da Norton, Nelson Barbosa, " eles sabiam que através do sistema operacional Windows, o mais utilizado pelo mundo todo, seria possível atingir o maior número de pessoas e obter consequentemente um maior lucro".

Ataques cibernéticos geralmente possuem apenas um alvo, mas desta vez o objetivo foi infectar o maior número possível de computadores para ganhar muito dinheiro através da solicitação de resgate para cada máquina atingida para liberar o acesso do usuário.

A forma realizada para o pagamento foi a moeda digital Bitcoin, que ninguém carrega na carteira, facilitando a ação dos criminosos pois não há nenhuma organização que controle as realizações com a moeda virtual. Veja também: O que é Bitcoin?

Para Fernando Marcondes, economista, "nossa evolução é digital, as facilidades são digitais, mas é uma pena que estejam sendo usadas mais para o mau do que para o bem, pela falta de regulamentação".

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