Caso você nunca tenha visto o meu review do G502, nele contei um pouco sobre a história de alguns mouses da Logitech e a qualidade absurda que estes produtos sempre tiveram. Um dos mouses que acabei não citando, mas que também são originários do MX500, é o G100S, que fez um sucesso tão grande quanto o G500S em 2013, ou talvez até maior.
O G100S era um mouse tão querido e de tamanha qualidade que até o ano passado eu, pessoalmente, ainda via muitas pessoas o recomendando, principalmente alguns jogadores profissionais que não conseguiam desapegar deste clássico, no entanto, é claro que um dia a sua produção seria finalizada e ele precisaria ser substituído no catálogo da Logitech.
Para substituir uma lenda, é preciso oferecer um novo flagship de qualidade para a marca, portanto, a Logitech lançou em agosto de 2016 o Logitech G Pro, que possui um design bastante parecido com o clássico, mas oferece componentes mais atualizados e com uma qualidade ainda maior. Neste review vamos conhecer este mouse e descobrir se ele é capaz de fazer o mesmo sucesso que seu antecessor.
DESIGN
O Logitech G Pro é um mouse desenvolvido para mãos médias/pequenas com pegada claw ou finger. Devido ao seu tamanho reduzido, é bastante difícil que jogadores com palm tip e mãos grandes consigam se adaptar a ele, no entanto, por ter uma traseira pouco elevada, ele talvez seja uma excelente opção para quem tem mãos menores. Embora tenha botões do lado esquerdo, o seu shape ambidestro permite que ele seja utilizado tanto por canhotos quanto por destros.
Por mais que eu utilize claw como grip padrão, devo admitir que não consegui gostar tanto da pegada do G Pro quanto pensei que gostaria, isto devido à sua traseira pouco elevada que tenta valorizar mãos pequenas com pegada palm, mas não se preocupe, você provavelmente não sentirá nenhum desconforto por este aspecto. Um shape com perfil mais elevado, como o do MasterMouse S, certamente seria muito mais confortável para o meu caso, se você quiser um parâmetro de comparação.
Os botões extras do mouse também são muito bem posicionados: os de macro na lateral esquerda não atrapalham em nenhuma pegada, assim como o botão de DPI, que é bem posicionado entre os dedos e, por ser um tanto elevado, dificilmente levaria um missclick.
A iluminação do mouse é tão boa quanto no G403, no entanto, uma faixa de luzes que contorna a traseira deixa o G Pro um tanto mais bonito e, com a ajuda do software da marca, você pode configurar essas luzes da maneira que achar melhor.
O único aspecto do design do G Pro que não me agrada é o mesmo que também não gostei no G403: o cabo com proteção de nylon, que é pouquíssimo maleável e pode atrapalhar bastante a sua jogatina caso você não tenha algum tipo de mouse bungee. Vale salientar que os cabos da Logitech são um tanto mais grossos que o os do resto do mercado, portanto, é provável que em alguns bungees ele não funcione.
ESPECIFICAÇÕES
Estas especificações são fornecidas pelo fabricante:
- Dimensões de 116.6 x 62.15 x 38.2 mm
- Peso de 83g sem o cabo
- Faixas de resolução de 200 a 12000DPI
- Taxa de atualização de 1000Hz (1ms)
- Microprocessador de 32-bits ARM
- Sensor PMW3366
SOFTWARE
O software do G Pro é o padrão da Logitech, o qual já avaliamos aqui como um dos melhores do mercado, principalmente por sua usabilidade excelente e interface muito intuitiva. É possível escolher se os dados do mouse serão guardados nele ou em seu computador; configurar a função de cada botão e aspectos do sensor; modificar a iluminação, escolhendo o brilho, velocidade da animação e temporizador para desligamento automático; selecionar ou adicionar uma superfície de rastreamento para que o sensor tenha um melhor desempenho; e por último, um mapeador de cliques bastante inútil, que só existe pra dizer que o software tem mais um recurso diferente.
De maneira geral, o software da Logitech é excelente, afinal, ele possui tudo o que um programa do tipo precisa ter: recursos para configurar o sensor do mouse e o seu rastreio de uma maneira fácil e prática. Inclusive, a própria criação de macros é muito boa, pois ela não ocupa espaço no software, abrindo uma janela específica para isto e qualquer modificação não necessita salvamento (o que é uma raridade em boa parte dos softwares de mouses do mercado).
CONSTRUÇÃO INTERNA
Vamos a uma das partes mais importantes do review, a avaliação da construção interna. Antes de começar, devo dizer: Caral** Logitech... Por que fazer mouses impossíveis de abrir sem danificar um skate ou algum outro adesivo do mouse? Por incrível que pareça, é necessário remover o adesivo de certificações da parte de baixo para poder remover um dos parafusos, assim como os pés do mouse, que são uma porcaria, pois têm duas camadas que se descolam uma da outra muito facilmente. A não ser que a marca queira fazer produtos 100% garantidos contra idiotas, não existem motivos para dificultar tanto o trabalho de um mero reviewer. :’(
Passando para a construção interna do G Pro em si, ele possui uma carcaça muito bem feita e resistente, como em qualquer outro mouse da marca; os switches principais são OMRON China 20M de excelente qualidade; os switches laterais e de DPI são Kailh, uma fabricante conhecida por ter uma baixa durabilidade, mas que até são uma escolha considerável para estes botões especificamente; o switch do scroll é um modelo squared tátil, que não chega a ser uma escolha ruim para este botão, mas com certeza poderia ser melhor; o sensor é um Pixart PMW3366, um modelo do PMW3360 exclusivo da Logitech, considerado como um dos melhores do mundo; A MCU do mouse provavelmente é a mesma do G403, não é possível identifica-la devido ao código de identificação do processo de produção que cobre ele; o codificador do scroll é um dos motivos dos novos mouses da marca serem tão polêmicos, ele é um modelo mecânico da Kailh, que tem a fama de não ter uma durabilidade muito alta, mas ainda não é uma escolha tão ruim para um mouse tão barato; os LEDs são modelos comuns de boa qualidade, eles apenas não costumam ser tão duráveis quanto modelos SMD; As soldas do mouse, assim como a organização de seus componentes, são de excelente qualidade, o que já é característico nos produtos da Logitech.
TESTES
Se você tem alguma dúvida a respeito de termos técnicos, recomendamos que leia nosso artigo sobre o que um bom mouse precisa ter clicando aqui.
MS Paint
Com o Microsoft Paint fazemos dois testes muito importantes, os de jitter e prediction que são, respectivamente, avaliações que verificam se o sensor do mouse sofre com alguma distorção (o que deixa as suas linhas "tremidas") e também se ele tem algum tipo de sistema que tenta simular linhas retas perfeitas, o que você certamente não quer em um jogo de precisão, pois os movimentos humanos não são perfeitos.
Nos testes do Paint o G Pro se sai relativamente bem. Assim como no G403, ele é livre de sinais de prediction, mas ainda existem taxas consideráveis de jitter em DPIs mais altas, o que não chega a ser um problema por elas serem pouquíssimo utilizadas.
Enotus Mouse Test
No Enotus realizamos mais dois testes, a frequência com que o mouse se comunica com o computador, o que nos dirá também o tempo de resposta dele com a máquina, e também a velocidade máxima que o sensor é capaz de captar. Bons resultados devem mostrar um Polling speed acima de 500Hz (2 milissegundos de atraso) e no mínimo a 2m/s em Max speed.
O G Pro se sai muito bem no Enotus também, ele tem pouco mais de 1ms de tempo de resposta e consegue atingir a velocidade excelente de 6.4 m/s, muito mais que o necessário para qualquer jogador.
Mouse Tester
O Mouse Tester nos mostra resultados um pouco mais técnicos e muito importantes, a consistência do sensor e o teste de aceleração para sabermos se o mouse possui algum tipo de alteração em seu rastreio em relação à velocidade que o movemos.
Consistência
No teste de consistência vamos verificar se o sensor possui algum tipo de alteração em seu rastreio, portanto, as linhas são o trajeto percorrido pelo mouse em relação ao tempo e as bolinhas são os registros do mouse sobre sua posição, quanto mais próximas da linha, mais preciso é o sensor.
PS: Ignore a indicação do nome do MasterMouse S na parte superior, eu apenas esqueci de trocá-la no software de testes.
O rastreio do PMW3366 é bastante consistente no G Pro, as poucas distorções são corrigidas pelo próprio mouse e os dados corretos são enviados ao computador.
Aceleração
A aceleração é um problema comum apenas em mouses de baixíssima qualidade, no entanto, é extremamente importante verificar se ele possui algum tipo de alteração em relação a velocidade que é movimentado, pois taxas altas podem atrapalhar seu desempenho em jogos que exigem precisão, como Counter Strike, por exemplo.
O G Pro possui uma pequena taxa de aceleração, mas ela é insignificante e não representa nenhum perigo ou perda para o rastreio do mouse, podendo até mesmo ser uma imperfeição de meus movimentos durante o teste.
DESEMPENHO
Devo dizer que o Logitech G Pro é um caso à parte no histórico de mouses que já testei. Sei que jogadores com pegada finger ou claw, como a minha, adoram ele e têm como um dos mais ergonômicos do mercado, no entanto, tive o azar de não me adaptar a ele, e isto me deixou bem chateado. Claro, você não deve se preocupar se tem a mesma pegada, pois a chance do G Pro não ser confortável para a sua mão é pequeníssima, fui apenas um caso isolado como já constatei conversando com outros usuários.
Em minhas jogatinas com este mouse tive praticamente a mesma experiência que com o G403, ele é igualmente preciso e tem um desempenho geral excelente, tendo como único motivo para reclamações o seu cabo com um revestimento de nylon pouquíssimo maleável.
O Lift Off Distance do G Pro é o padrão esperado de um PMW3366: menos de um CD, uma marca excelente para os jogadores mais exigentes que costumam utilizar baixos níveis de DPI em jogos que exigem precisão, como Counter Strike: Global Offensive, que obriga o usuário a reposicionar o mouse por diversas vezes para ter uma movimentação rápida.
Uma das características que mais costumo valorizar, não apenas em mouses claw/finger que se beneficiam mais deste aspecto, mas em todos os mouses, é um peso baixo, e neste quesito o G Pro também merece ser reconhecido, afinal, além de ter um design que valoriza estas pegadas, o seu peso de 83g contribui muito com a ergonomia dele.
Mal posso contar a infinidade de vezes que acabei dando missclick tanto com o botão esquerdo quanto com o direito, e isto é extremamente chatoO único aspecto que posso considerar "leve demais" no G Pro são os seus cliques, afinal, mal posso contar a infinidade de vezes que acabei dando missclick tanto com o botão esquerdo quanto com o direito, e isto é extremamente chato. Sim, eu sei que muitos usuários gostam de cliques tão leves e até buscam este aspecto em mouses, mas demorei um bom tempo até me acostumar com o limite de peso que posso repousar sobre ele e isto me incomodou bastante.
O que explica esta facilidade em dar missclicks no G Pro é um sistema de molas que a Logitech utiliza na carcaça de alguns mouses, o qual exige um esforço bem menor para que os switches sejam acionados. Por algum motivo, o design do G Pro acabou deixando este sistema ainda mais sensível para posição que costumo repousar meus dedos, mas, novamente, devo reforçar que posso ser um caso isolado de acordo com o que conversei com outros usuários donos deste mouse.
VEREDITO
O Logitech G Pro é definitivamente um dos melhores mouses que já testei para pegadas claw e finger, afinal, ele é extremamente confortável e utiliza o excelente sensor PMW3366 exclusivo da Logitech, assim como switches e outros componentes internos dignos de um mouse de sua categoria.
O Logitech G Pro é definitivamente um dos melhores mouses que já testei para pegadas claw e finger
Custando uma média de R$220, o G Pro certamente vale muito o seu investimento, no entanto, sugiro que você procure conhecer também o Logitech G203 (também conhecido como G102), que é praticamente o mesmo mouse com um sensor um pouco mais simples, mas que também é absurdamente preciso, podendo ser encontrado por uma média de R$165.
Se você quer um mouse pequeno, barato e com um desempenho impecável, o G Pro certamente só tem a acrescentar no seu setup. Ele é absurdamente bem feito e serve como uma opção a ser considerada principalmente por quem adorava o antigo G100s.
Agradeço ao pessoal da assessoria de imprensa da Logitech, especialmente à Melissa, por nos oferecer o G Pro para testes e por ter melhorado consideravelmente a qualidade da comunicação da marca com a imprensa no país.
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