Olá caros leitores, estamos reativando o canal de entrevistas, desta vez temos uma figura importante do mercado de buscas, Pedro Dias, Português da região do Algarve (ao sul de Portugal). Licenciado em Design Gráfico pela IADE (Lisboa) desde 2000, e pós-graduado em Comunicação e Imagem e especializado em Web Design.
Pedro iniciou a carreira como Designer em 1998 em Lisboa onde trabalhou como Designer e Criativo em várias Agências de Design e Publicidade. Durante esse período teve a possibilidade de fazer trabalhos para empresas como Metro Lisboa, RTP/RDP, EDP, Citibank, Região de Turismo do Algarve, entre outras. Em setembro de 2011 largou o emprego no Google para se dedicar a novos desafios, como abrir seu próprio negócio. Aí que surgiu a Engeeno, uma empresa com um vasto leque de serviços de Internet Marketing, serviços de SEO, entre outros.
Primeiramente, obrigado por aceitar a nossa entrevista Pedro.
Primeira parte trabalhar no Google:
1 - Como foi a experiência de trabalhar no Google, o ambiente é o que todos vêem nas fotos e em vídeos?
Olá Nicolas. Em primeiro lugar quero agradecer o interesse em entrevistar-me. Durante o meu período como funcionário do Google, tive oportunidade de escrever algumas vezes no meu blog pessoal sobre como é trabalhar no Google. A primeira vez que o fiz foi por volta de 2007 quando completei um ano no Google; a partir daí vários outros posts apareceram e cheguei a fazer algo um pouco mais descritivo do ambiente no meu post de despedida. Creio que pouco mais há para enfatizar além de que acredito que continua a ser uma das melhores empresas para se trabalhar a nível mundial. O Google é o tipo de empresa que valoriza muito as pessoas e lhes dá toda a liberdade do mundo para executarem na perfeição aquilo que mais gostam de fazer.
A soma de todos os fatores envolvidos, ambiente e cultura da empresa são os principais catalisadores de sucesso da mesma.
2 - O que você fazia de específico no Google?
Durante os meus 5 anos e meio no Google integrei a Equipe de Qualidade de Pesquisas do Google; no entanto desempenhei tarefas e responsabilidades muito diferentes no meu progresso dentro da equipe. Os primeiros dois anos foram essencial e unicamente destinados a aprender -- claro que dentro de uma empresa como o Google, a aprendizagem é algo que acontece todos os dias -- mas foram os anos básicos de aprendizado sobre todas as formas de spam reais e imaginárias. Mais tarde comecei a angariar conhecimento especializado do mercado de língua portuguesa até o ponto em que assumi a responsabilidade de direcionar os esforços da equipe de acordo com os problemas que o mercado ia apresentando.
O meu último ano no Google foi bastante intenso também em termos de aprendizagem e responsabilidades de peso, a partir do final de 2010 e durante o ano de 2011 estive muito ligado a todos os aspectos que ditam a qualidade dos resultados de busca orgânica para a língua portuguesa. Trabalhei muito perto com engenheiros de busca para refinar algoritmos e detectar bugs nos resultados de pesquisa. Embora este trabalho não fosse diretamente ligado a "caça ao spam" ele era muito mais intenso, pois eu tinha que praticamente saber de cor muito do que influencia um resultado, eu tinha que olhar e saber imediatamente o que pode estar mal ou o que pode ser melhorado. Foi algo muito gratificante não só pelo que aprendi, mas pelo voto de confiança que senti da parte da empresa em me colocar dentro de uma equipe super pequena e abrir tanta informação.
Segunda parte da entrevista: SEO
3 - Como surgiu seu interesse por SEO?
Embora a minha formação seja completamente voltada para as artes, eu sempre tive um lado meio nerd. Aprendi a programar desde muito cedo e sempre tive um fascínio por tentar descobrir como tudo funciona; o meu hobby preferido era abrir os meus brinquedos e ver como funcionavam por dentro -- claro que por vezes acabavam por sobrar parafusos. Mais tarde acabei por ficar mais experiente e gostava de construir os meus próprios computadores, comprava todas as peças em separado e montava o pc em casa.
O meu interesse por SEO apareceu já depois de estar dentro do Google e durante o primeiro ano na equipe. A informação que tinha, embora já mais ampla que para o mundo externo era limitada e eu passava muito do tempo após as horas de trabalho a ler documentação de engenheiros e experimentar em sites antigos que eu tinha e observar os resultados.
Era muito bom poder experimentar e ver diretamente os resultados dentro do Google... Pena que na prática já não posso fazer isso hoje :D
4 - As técnicas de SEO tem sempre um objetivo, você acha melhor usá-las em benefício de um e-commerce ou qualquer site poderia usufruir dos benefícios?
Qualquer tipo de planejamento em Marketing Online depende muito do objetivo do site, mas eu acredito que todo o site tem que se preocupar com SEO e qualquer site pode usufruir dos benefícios. Não existe um nicho específico para SEO.
Após fundar a Engeeno com o Ariel, nos deparamos frequentemente com empreendedores que tentam ganhar tração através do tráfego orgânico nos motores de busca, mas muitas vezes o site que foi construído não foi pensado para acessibilidade ou usabilidade. Se o produto depende em grande parte do ecossistema online, ele pode prejudicar a evolução e mesmo o sucesso de uma startup com recursos limitados. Isto não quer dizer que toda a startup tem que contratar um SEO, longe disso; significa sim que toda a startup tem que se preocupar minimamente em saber como funcionam os motores de busca e as regras básicas de usabilidade e acessibilidade. O póprio Google tem um excelente guia para iniciantes em SEO totalmente gratuito, ele é um excelente recurso para quem pretende dar os primeiros passos em tornar o seu site mais amigável a motores de busca e humanos.
5 - O que hoje de pior o Google considera em SEO?
Creio que infelizmente existem várias coisas más em SEO e o que o Google considera mau é exatamente o que acaba prejudicando também a própria indústria de SEO e não somente o Google. Essencialmente identifico três grandes sintomas que tornam a indústria de Marketing de Buscas pouco clara:
- Uma abordagem e visão limitada essencialmente por parte de profissionais com um fraca preposição de valor e que acabam contribuíndo para o agravamento da reputação da indústria de SEO.
- A falta de qualidade dos serviços de SEO que muitas vezes não acompanham a evolução do mercado e da própria indústria. Muitos profissionais continuam agarrados de uma maneira isolada aos detalhes técnicos de SEO em vez de expandirem para uma abordagem mais holística, completa e valorizada.
- As empresas precisam de ter uma opinião mais embasada e uma visão mais crítica na hora de escolher as empresas e agências de SEO com quem trabalham.
Se conseguirmos mudar, ou ir mudando aos poucos estes três principais sintomas, acredito que a indústria de Marketing Online consiga chegar a uma imagem mais "limpa" e com melhores profissionais.
6 - Como seria a melhor forma de criar um link building interno no site?
A melhor forma de ter uma linkagem interna forte é através do planejamento da arquitetura do site com base em premissas de usabilidade e acessibilidade. A maior parte dos problemas de posicionamento de sites grandes deve-se a uma estrutura que não foi planejada e pensada desde o início; quando finalmente é dada atenção ou surgem os resultados sobre o desempenho do site a única saída é uma tentativa de adaptação e por vezes mesmo a "gambiarra". Obviamente uma empresa que nunca se preocupou em ter um site acessível, usável e essencialmente pensado em termos de escalabilidade vai ter muito mais dificuldades em conseguir resultados favoráveis ou um posicionamento otimizado nos resultados de pesquisa do Google.
Terceira parte: Empresa de SEO e desafios
7 - Como e quando foi que lhe deu o estalo para abrir seu próprio negócio?
Foi essencialmente a junção de uma decisão pessoal a uma ambição.
Antes de entrar no Google, trabalhei durante 7 anos em agências de publicidade e design em Lisboa, sempre trabalhei para alguém ou tive um patrão. Quando entrei no Google, embora eu tenha continuado a trabalhar para alguém, tive a experiência de poder ser mais autonomo. Obviamente foram-me atribuídas responsabilidades, mas foi-me dado também poder de decisão e liberdade em todos os aspectos, eu podia usar o meu tempo da maneira que bem entendesse desde que apresentasse os resultados que me tinham sido solicitados dentro do prazo estabelecido.
Essencialmente você aprende a tomar decisões e a controlar melhor o seu tempo, tudo aliado a uma vida profissional menos estressada porque no fundo você se gere melhor. A partir daí a decisão foi fácil, e acabei por decidir que não iria trabalhar mais para alguém onde o meu tempo e decisões fossem controladas, não queria mais trabalhar para um "patrão tradicional". Por outro lado sempre tive a ambição de criar algo meu e de um dia poder olhar para trás e dizer: "aquilo fui eu que construí"; no fundo aceitar o desafio mantendo em mente a conhecida frase "tudo aquilo que nos rodeia foi feito e construído por pessoas não mais inteligentes que eu e você".
8 - Qual foi o principal desafio encontrado neste nova jornada?
Como qualquer empreendedor que começa um negócio, desafios são uma constante. O erro é pensar que eles alguma vez vão terminar; acredito que no dia em que eu pensar que não tenho mais desafios cheguei ao fim da minha capacidade como empreendedor.
No meu caso os desafios começaram logo com a decisão de sair de uma empresa como o Google. Hoje em dia a maioria dos jovens formados na área de tecnologia ambiciona trabalhar numa empresa como o Google, e quando ouvem você falar que saíu do Google a pregunta seguinte e imediata é quase sempre "Como assim você saíu?". Então sim, sair do Google e deixar de ser dependente de um salário confortável foi um enorme desafio. Mas rapidamente apareceram outros que se juntaram a esse primeiro; hoje em dia os meus principais desafios são muito similares aos de um empreendedor: produto ou serviço; modelo de negócio; escalabilidade; faturamento; diferenciação; etc. É uma lista quase infinita onde cada vez que você resolve um problema ele apenas dá lugar a outro que precisa de atenção. Daí se costuma dizer "fail early and fail fast"; você tem de saber resolver os seus problemas o mais cedo e o mais depressa possível.
9 - Fale um pouco sobre a Engeeno e o que ela oferece de diferenciais para quem deseja contratar os serviços.
A Engeeno nasceu da necessidade de trazer conhecimento especializado para um mercado em forte expansão e desenvolvimento. Enquanto funcionários do Google, tanto eu como o Ariel notamos que a grande maioria das empresas que fornece serviços de SEO adotam uma visão muito segmentada do negócio e por vezes acabam por guiar os seus clientes de uma forma erratica e sem segurança. É comum ainda hoje observar reações de medo e desconfiança cada vez que o Google lança um novo update de qualidade. Daí o diferencial da nossa postura e filosofia de serviços, queremos ser aquela empresa que vai lhe proporcionar uma boa experiência e ao mesmo tempo garantir que você não vai ter um ataque cardíaco da próxima vez que o Google decidir mudar alguma coisa. Creio que ainda hoje somos a única empresa de Marketing de Buscas no mercado de língua portuguesa com uma página de ética em SEO.
E assim chegamos ao fim de mais uma entrevista aqui no Oficina da Net. Se quiser pode ver aqui todas as entrevistas feitas por nós.
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