A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) informou nessa quinta-feira que descobriu novas provas de que Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, possui depósitos de gelo localizado em suas crateras no pólo norte. A sonda Messenger, lançada em 2004 para estudar Mercúrio, analisou concentrações de hidrogênio para determinar a presença de água. Vale lembrar que a temperatura em Mercúrio ultrapassa 400ºC, quente o suficiente para derreter chumbo.
A aproximação com o Sol faz parecer impossível a presença de gelo no planeta. Porém, Mercúrio possui uma leve inclinação em relação ao Sol, o que faz com que algumas regiões de seu Pólo Norte nunca interajam diretamente com os raios de sol e seu calor.
Mais de vinte anos atrás, em 1991, dados coletados pelo radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, detectaram trechos claros no pólo do planeta. Os cientistas acreditaram que se tratava de água, mas a hipótese não havia sido testada. O gelo está exposto na superfície do planeta em locais onde as temperaturas são as mais baixas possíveis. Nas demais regiões, está enterrado debaixo de um material escuro, que poderia ser a chave para explicar como a água chegou lá. Esse material, que serve como isolante, provavelmente é uma mistura de compostos orgânicos complexos, que foram "levados a Mercúrio pelo impacto de cometas e asteróides voláteis", explicou David Paige, cientista envolvido no projeto.
David Lawrence, outro pesquisador envolvido no projeto, afirma que "os dados indicam que a água congelada nas regiões polares de Mercúrio, se espalhada em uma área do tamanho de Washington, DC, teria mais de 3,2 km de espessura".
Contudo, a possibilidade de haver água em estado líquido em Mercúrio é remota, visto que o planeta não tem atmosfera.
Os três estudos sobre o tema foram publicados nesta quinta-feira pela revista Science.
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