Essa dúvida, infelizmente, ainda paira sobre os olhares dos gestores de marca. Uma pena, pois a internet vai além do limite físico de uma loja virtual, entretanto, parece que nem muitos ainda avaliam dessa forma ou ainda acreditam que as lojas online tiram o faturamento da loja offline. Vale lembrar, que o dinheiro vai para o mesmo bolso, por isso, na minha modesta opinião, essa miopia deveria sumir da mente dos gestores, que deveriam ser mais ousados.

O que me inspirou escrever esse artigo foi o recente case e-skol. Sempre digo aos meus alunos que Tecnisa, Unilever e Ambev são referências nos trabalhos de comunicação e marketing digital e o case e-skol não me deixa mentir, trata-se de um e-commerce de produtos Skol. Em um primeiro momento, alguns gestores - de outras marcas - iriam olhar um projeto desses e temer, pois esse e-commerce poderia prejudicar vendas da marca em hipermercados, mas a Skol fez diferente e vende produtos que não tem nos hipermercados, ou seja, vende produtos de expansão de marca como cadeira, sofá e coollers e não vende produtos como latas ou garrafas de cerveja. Ao meu ver, essa pode ser, em breve, uma evolução da loja.

O fato da Skol vender, em um futuro, latas e garrafas de cerveja por sua loja virtual não vai matar em nada suas vendas no hipermercado, afinal, dificilmente as pessoas vão a um hipermercado apenas para comprar uma cerveja, elas acabam levando sempre mais. Pense em você, leitor(a) você consegue entrar no supermercado e comprar apenas um produto? Já fizemos isso, claro, mas é dificil. Se a Skol não deixar o produto mais barato no site, o que ela tem todo o direito de fazer, não vejo como uma concorrência desleal, pois é preciso deixar uma outra opção ao consumidor. Ou ele vai buscar sozinho. A Skol, já é vendida pelo paodeacucar.com.br e até na Giuliana Flores é possível comprar uma lata. E nenhum dos dois casos um canal mata o outro.

Trabalhei alguns meses no PontoFrio.com e vi uma operação sensacional a ponto do on e offline caminharem juntos. Há concorrência entre os vendedores, claro, mas quem ganha com isso é o consumidor, que segundo Kotler deve ser o ponto central de uma marca. Nós, planners, estamos sempre pensando nesse consumidor, que para muitas marcas são apenas números, para nós, são pessoas com histórias, sei de marcas que estão entrando no e-commerce sem pensar muito nessa "concorrência desleal" que paira nos gestores. Devemos ser mais ousados pois a Internet pede isso. 

A Brastemp lançou a linha "You" pela web e até onde eu sei apenas pela web. Fantástico, não prejudicou suas vendas em Casas Bahia, Extra ou Magazine Luiza, achou uma outra forma de vender. A TNG tem mais de 60 lojas pelo país, próprias, mas tem seu e-commerce. Algumas marcas já estão seguindo o mesmo caminho, outras, estão no "ainda não me sinto pronto para entrar na web". Os que não se sentem prontos, estão fadados a morrer em breve, pois a concorrência vai entrar. E entrar pesado!

E-commerce não é o futuro, não é tendência e muito menos é algo que vai contra a marca física! Pelo o contrário! As pessoas pesquisam no online e compram offline e vice versa diariamente. Pesquisam no Facebook e conversam via Twitter antes de comprar. Se a sua marca vai ficar fora do e-commerce por medo do seu ponto de venda, ok, mas a sua concorrente não ficará. E ai, quer perder o jogo?