Um dos maiores pesares dos consumidores brasileiros de smartphones foi a breve passagem da Xiaomi pelo país. Nós aqui do Oficina da Net fomos uns dos que ficaram bastante empolgados com a promessa de mais concorrência no setor, porém, a experiência brasileira da marca chinesa foi encurtada pelo que eles chamaram de "custo Brasil".
Com uma missão de entregar produtos de qualidade a um preço baixo e competitivo, a marca não conseguiu driblar dos altos impostos praticados por aqui e, assim, preferiu sair do país do que ter que elevar seus preços para poder sobreviver. Quem saiu perdendo, mais uma vez, fomos nós.
Mas claro que não ser vendido oficialmente no país não significa que os aparelhos da marca são impossíveis de serem adquiridos por nós. Dê um Google e você verá que, ainda hoje, é possível encontrar seus telefones pela internet ou até mesmo em lojas especializadas. E o negócio é atrativo: mesmo contando com o valor da taxação de importação da alfândega brasileira ou com as taxas legais de venda em lojas físicas, o preço de um Xiaomi acaba sendo bem atrativo.
Mas será que vale a pena todo o stress de comprar da China e esperar receber, depois ir lá parar imposto e liberar o produto? Será que vale o risco de comprar algo que não tem suporte oficial no país? Será que os Xiaomi são bons mesmo? É o que vamos ver neste review, onde testei o poderoso Mi A2.
E apenas um esclarecimento: Há muito tempo que não faço reviews de smartphones aqui no Oficina (meu último foi o terrível LG K10 em abril de 2017 - acho que por isso que solicitei pro chefe que eu parasse de fazer reviews) e há anos que usava o mesmo iPhone 6, ultrapassado e enfraquecido pelo tempo. Então, leve em consideração quando comparações forem feitas, principalmente acerca de sistemas operacionais. E não, não sou fanboy de Apple que odeia Android, apenas um cara que esgota o telefone até as últimas possibilidades pra não ter que gastar dinheiro em um novo mesmo.
REVIEW EM VÍDEO:
Design
A primeira característica que salta aos olhos de quem vê - e principalmente quem pega - o Mi A2 na mão é que ele é enorme. Para mim isso é excelente e quanto maior a tela, melhor; se desse eu andava com um tablet no bolso. Porém, se você é daqueles que não tem uma pegada muito boa com celulares maiores, não gosta porque não cabe no bolso, na bolsa, etc. esse pode ser um ponto chato.
A traseira - não removível - é de metal (e sim, aquece bastante como todas as outras traseiras de metal), onde fica também o leitor de impressão digital, e as 2 câmeras + flash. A novidade em relação ao Xiaomi Mi A1 (em breve uma comparação entre os dois modelos aqui no Oficina) é que agora o set de câmeras está na vertical e não mais na horizontal.
Aliás, é justamente no conjunto de câmeras que está o grande problema com o design do telefone: Há uma protuberância ENORME que vai fazer com que ele nunca fique fixo sobre uma superfície lisa. Se você pensa em digitar com uma mão só, por exemplo, esqueça. O aparelho vai ficar dançando de um lado para o outro à medida em que você vai tocando a tela.
Mas se você fizer como eu, não vai ter problemas: No ato da compra do aparelho comprei também uma capinha rígida - e mais grossa, e pronto: protuberância nivelada e problema resolvido.
Um último detalhe: Chama a atenção que o A2 não segue a tendência de colocar notch nos telefones topo de linha; pelo contrário: quem veio com notch na família A2 foi a versão econômica. Uma pena, pois eu realmente acho bonito.
Hardware e sistema
Olhando para as especificações técnicas do A2 não dá para acreditar que ele custou tão barato (menos de R$ 1.500), mesmo valor de telefones com configurações bem mais modestas.
Primeiramente, há de ficar claro que existem 2 versões do A2: o A2 Lite, um pouco mais modesto e o Mi A2 top de linha (que possui 3 configurações diferentes); A que descrevo aqui é a mais poderosa dentre as versões do A2 top de linha. Os valores são: 6 GB de memória RAM, 128 GB de armazenamento interno, GPU Adreno 512 e Snapdragon 660; e saliento: não esqueça que ele custou o mesmo que um intermediário da Samsung.
O telefone tem slots para 2 operadoras, o que é excelente, mas não tem slot para cartão de memória (mas quem precisa de um slot de cartão de memória quando se tem 128 GB de armazenamento interno?). Quanto ao processamento de jogos, velocidade para abrir aplicativos, resposta aos comandos, nada a reclamar... ou melhor, nada a reclamar quando o telefone está de bom humor. Sim, estou passando por um problema de sistema operacional =(
Para que você entenda a treta, uma breve explicação se faz necessária acerca do sistema que ele está rodando: O Mi A2 já vem com o Android Oreo 8.1 de fábrica e atualização garantida para Android Pie (deveria vir com o Pie de fábrica?? Deveria... mas pelo menos o upgrade tá garantido). Porém, não é o Android convencional, mas sim o Android One, uma versão mais simples do Android (no bom sentido), que deveria ser mais segura, mais rápida, etc. Digo "deveria", pois estou tendo congelamentos seguidos em alguns apps específicos, fechamentos inesperados, alguns comandos que não são obedecidos (como tirar uma foto e ele sair totalmente desfocada - embora focada no momento da captura), entre outras coisas que não chegam a ser o fim do mundo (experimente usar aplicativos de 2018 em um aparelho de 2015 e você saberá o que eu passava até pouco tempo. Meu nível de tolerância está alto, no momento), mas que dão uma raiva danada de ver acontecendo em um aparelho recém tirado da caixa.
- Proteção Água: Não
- Sistema: Android 8.1 One
- Processador: Qualcomm Snapdragon 660
- Memória RAM: 4 GB e 6 GB
- Armazenamento: 64 GB e 128 GB
- Tela - Tipo: IPS
- Tela - Tamanho: 5,99
- Tela - Resolução: 2160 x 1080
- Câmera principal: 12MP e 20 MP
- Câm. Selfie: 20 MP
- Bateria: 3010 mAh
Xiaomi Mi A2 - Veja aqui a ficha técnica completa
Pesquisando sobre o assunto, descobri neste fórum que o problema - ou pelo menos o que se refere aos travamentos - começou com a atualização de segurança de outubro - o Android One tem atualizações mensais. Até o momento o problema ainda não foi devidamente consertado e os travamentos seguem incomodando. Aguardo (irritado) a atualização de dezembro.
EDIT: Não aguentei esperar e instalei manualmente o Pie. Alguns erros corrigidos, outros não. Assim fica difícil defender o Android :(
Quanto à bateria - uma preocupação recorrente dos leitores já que ele possui os considerados humildes 3010 mAh para lidar com um Snapdragon 660 - tenho que dizer que ela surpreendeu. Embora o medo possa se justificar ao passo que um chip mais potente exigirá mais bateria, não esqueça que quanto mais evoluído o chip, mais otimizado é o seu consumo energético.
Sou um usuário bastante moderado e consegui ficar até 2 dias seguidos sem precisar recarregar para ir do 100% até o esgotamento total. Mas claro que essa foi uma situação atípica; em dias de uso normal o telefone sai do cabo às 7 da manhã e quando volta para a próxima carga, na noite, ainda está com mais ou menos 30%. Detalhe: Uso minha tela sempre com brilho no máximo e bluetooth e 4G ativados.
E uma última consideração para quem gosta de Android puros e pode ter ficado empolgado com o One. Infelizmente ele não é o Android mais puro que existe. Na verdade ela não passa de uma versão modificada do SO, porém "igual"; com diversos aplicativos da fabricante pré-instalados.
Abaixo você confere a pontuação dele nos benchmarks que usamos aqui no Oficina para nossos testes.
Câmeras
Câmeras foram um grande achado neste telefone.
Nunca comprei algum aparelho pensando apenas em qualidade das fotos, e confesso que esse era um dos critérios que menos dou bola, porém a câmera do iPhone 6, de 2015, já estava me deixando doente.
Quando testei as fotografias do A2 tive uma boa surpresa. Tanto na frontal, quanto na traseira o resultado é excelente. Por conta do processamento incrementado por inteligência artificial a qualidade das imagens é surpreendente.
Como disse há pouco, atrás estão 2 câmeras (uma de 12 e otra de 20MP) que fazem vídeos em 4K, timelapse, slow motion, etc. além de ter HDR, modo retrato e panorama. A câmera frontal (20 MP) também conta com HDR automático, modo retrato e até mesmo flash. Selfies escuras nunca mais.
Para quem gosta de ter total controle sobre a foto há ainda o modo manual que permite aos mais críticos selecionar o balanço de branco, velocidade do obturador, foco, ISO e até a câmera que está sendo utilizada. Detalhe: o modo manual só funciona com a câmera traseira.
Abaixo algumas pics tiradas com o Xiaomi Mi A2.
Quanto à gravação de vídeos, fiquei bastante feliz com a possibilidade de gravar em até 4K e ainda não precisar me preocupar com o tamanho monstruoso dos arquivos no meu smartphone. O slowmotion a 120 fps e o timelapse também são bem bacanas.
Veredito
Depois disso tudo, será que vale a pena investir em um Xiaomi Mi A2?
Se você não se importa em ter um telefone de marca "desconhecida" e dá mais bola para uma alta performance garantida, então o A2 é para você. Como disse no início do texto, smartphones para mim são comprados para serem usados até o seu limite, e com o A2 tenho certeza que esse limite não me alcançará antes de uns 3 anos, tranquilamente.
Um último ponto: Muitos leitores preferem pegar um celular que já foi top de linha há 1 ou 2 anos atrás e que ainda continuam excelentes, como o Samsung S8, do que um intermediário "duvidoso". Mas repare nos benckmarks listados acima: O Mi A2 fez 15 mil pontos de Antutu a mais, custando, no mínimo, 500 reais a menos. Agora é com você.
Compre na GearBest o Xiaomi MI A2:
Abaixo alguns pontos a favor e alguns pontos contra, caso você esteja com dúvidas se ele é uma boa escolha.
Pontos a favor
- Para começar os pontos positivos nada melhor do que aquele critério que mais pesa na hora dos brasileiros fazerem uma compra: o preço. O A2 entrega um hardware robusto pela mesma cifra de smartphones inferiores, como Motorola One, Samsung A6+ e tantos outros (nada contra os aparelhos citados, tenho até amigos que têm);
- 128 GB de armazenamento que garantem que você nunca mais vai precisar apagar nada no aparelho; 6 GB que garantem que os games vão rodar liso; dual chip que garante que você não vai perder promo alguma. Já disse que as configurações dele são excelentes, sobretudo pelo preço?
- Uma tela que, embora não seja OLED, tem cores fidedignas e de excelente qualidade; e sim é uma tela enorme e eu sou fã;
- Garantia de receber o Android Pie nos próximos meses.
Pontos contra
- De todos, o que mais me incomoda no momento é a instabilidade no sistema, sem dúvidas. Essa coisa de apps fecharem, uma foto não sair como você quer e fazer com que você acabe perdendo um momento, por exemplo, é muito irritante. Porém, me parece que isso não passa mesmo de um problema de otimização de software; que pode ser resolvido em uma nova atualização mensal ou até mesmo com o Android Pie, que se espera chegar no A2 no início de 2019;
- Xiaomi "não existe" oficialmente no Brasil, então o suporte e garantia oficial é impossível. Mas fale a verdade: Você manda seu aparelho nas caríssimas autorizadas, ou no suporte alternativo, que acaba resolvendo os problemas por uma fração do valor?
- Uma saliência chata demais que vai te obrigar a comprar uma capinha reforçada - e mais grossa - para nivelar as coisas. Se você não fizer isso se prepare para passar raiva, estou avisando;
E para finalizar, um ponto que não chega a ser negativo ou positivo, mas digamos que neutro. Se de um lado a caixinha do telefone não traz dentro um fone de ouvido de outro acompanha o adaptador que faz a entrada USB-C virar uma entrada convencional de fones de ouvido pronta para aceitar qualquer fonezinho de camelô que você tiver na mão.
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