O Galaxy A10S é um daqueles lançamentos da Samsung que despertam a expressão "mas já?" na cabeça do público. Foi anunciado no fim de 2019, cerca de 6 meses depois do Galaxy A10, e traz melhorias questionáveis. É um Android de entrada, quer dizer, mais acessível e menos sofisticado que os figurões do mercado. Lançado pelo preço cheio de 1099 reais, o que será que entrega na prática? Valeu a pena uma nova versão?
Design e construção
O material usado pela Samsung na carcaça foi um plástico com acabamento perolado. Não tenta enganar como produto "premium", mas é agradável ao olhar. A tela 6.2 polegadas tem resolução HD+ e não faz feio: boa qualidade de imagem e tamanho adequado para amplo consumo de conteúdo.
Foi estranha a decisão da fabricante de manter o plug Micro USB na parte inferior, quando concorrentes já migraram para o novo Type-C. Ainda nessa região, a caixinha de som é mono e tem altura limitada - não é daquelas para se ouvir Spotify no banheiro, mas fará o serviço num Waze ou coisa similar.
As principais novidades em relação ao antecessor, o A10, vêm nesse departamento: um leitor de impressões digitais na traseira, além de uma lente extra na câmera, dedicada ao "modo retrato". O reconhecimento do dedo pelo leitor não está entre os mais rápidos, mas é confiável: erros de leitura foram raros, e a peça acaba agregando valor por ser muito útil no dia a dia. Tratamos do conjunto fotográfico mais adiante.
Especificações técnicas:
- Proteção Água: Não
- Sistema: One UI 2, Android 9 Pie e Android 10
- Processador: MediaTek Helio P22 (12 nm) MT6762
- Memória RAM: 2 GB e 3 GB
- Armazenamento: 32 GB
- Tela - Tipo: TFT
- Tela - Tamanho: 6.2
- Tela - Resolução: 1520 x 720
- Câmera principal: 2 MP, (profundidade) e 13 MP, f/1.8
- Câm. Selfie: 8 MP, f/2.0
- Bateria: 4000 mAh
Samsung Galaxy A10S - Veja aqui a ficha técnica completa
Desempenho e sistema
Por aqui, o A10S me deixou um tanto quanto decepcionado. O processador, um simples Helio P22 da MediaTek, em conjunto com apenas 2GB de RAM, não parecem ser suficientes para carregar o Android da Samsung com tranquilidade. Há de se notar que este é um aparelho de entrada, mas a crítica é inevitável.
Ele apresentou uma operação pouco ágil desde os primeiros instantes, pensando um pouco para abrir os próprios menus do sistema e carregando por instantes para lidar com aplicativos pesados ou multitarefa. Não é um smartphone que trava o tempo inteiro e irá dar conta para quem faz uso simples, mas a menor rapidez é evidente, até mesmo em comparação com concorrentes de preço similar, como o Moto G8 Play.
A Samsung, inclusive, reduziu as animações da One UI, sua personalização sobre o Android original, para otimizar a sensação sobre a performance. O sistema por si, é simpático: tem boa diagramação e funções úteis, como a possibilidade de se usarem 2 WhatApps ao mesmo tempo.
A performance em games é mediana. Títulos leves como Brawl Stars rodaram bem, sem grandes problemas. O bonito Call of Duty Mobile surpreendeu: os gráficos ficaram em nível baixo, mas a performance foi limpa, sem engasgos. Isso também aconteceu com o popular Free Fire, que, com visuais reduzidos, rodou sem problemas. Já a corrida de Beach Buggy Racing 2, Asphalt 9 e Riptide GP2 apresentou claras quedas na taxa de quadros por segundo, mais ou menos incômoda a depender do título - em Riptide GP 2, especialmente, essa variação prejudicou um pouco a precisão da jogabilidade.
Câmeras e bateria
São duas lentes traseiras: uma principal (13MP f1.8) e uma auxiliar (2MP f2.4) para desfocar o fundo no modo retrato, chamado de "foco dinâmico". Fiquei bastante satisfeito com as fotos feitas pela lente principal durante o dia. Têm boa tonalidade e nitidez satisfatória. O HDR, que é a compensação de cor em áreas muito claras ou muito escuras, também entrega resultados razoáveis para uma câmera de entrada. A câmera frontal (8MP f2.0), apesar de ser uma peça totalmente diferente, processa as capturas de forma similar e, com boa luz, vai pelo mesmo caminho.
O modo retrato está mais ou menos no mesmo nível de aparelhos intermediários que testei recentemente, com um desfoque satisfatório quando a intensidade do efeito é ajustada de 50% para menos. Ele tem alguma dificuldade para compensar a iluminação em fundos demasiadamente claros, tarefa do HDR, mas é algo esperado e que não compromete.
É bom frisar que o A10S é um pouco lento pra finalizar certas capturas, sobretudo quando o mencionado HDR está ativo, ou no modo retrato - depois de tirada uma foto, o smartphone precisa de um intervalo até liberar o disparador para a próxima.
Nas fotos noturnas, em que já se espera uma piora, os resultados caem de forma desproporcional. A própria prévia do aplicativo de câmera sofre um pouco para apresentar algo nítido e as fotos não são diferentes: alta granulação e baixa definição em boa parte das tentativas. É preciso ficar estático e focar bem para conseguir alguma definição à noite, mas os "chiados" estarão sempre presentes nas áreas escuras. Esperava que, para um aparelho lançado por mais de 1000 reais, já houvesse evolução neste ponto.
O quesito que me deixou bem impressionado foi a autonomia de bateria. Com fartos 4000 mAh, os resultados práticos muito satisfatórios. Num dia de uso em que passei 8 horas enviando música do Spotify para uma caixa bluetooth, vi muito YouTube, instalei aplicativos, mexi um bocado em redes sociais e WhatsApp, consegui 26 horas de duração total com 6 horas e meia de tela ligada. Num cenário mais padrão, em que se use menos streaming, a autonomia é ainda melhor.
Veredito
- Boa tela
- Bateria não deixa na mão
- É lento
- Câmera é muito ruim à noite
A Samsung é uma empresa que lança vários aparelhos, e isso, por vezes, pode frustrar o consumidor que espera melhorias substanciais de uma versão para sua sucessora. O Galaxy A10S sofre com esse cenário, já que entrega muito pouco, ou quase nada a mais que o A10 - testes de performance Web afora, inclusive, mostram que este leva vantagem em desempenho.
A partir do meu uso, mesmo tendo em mente que se trata de um aparelho simples, para usuários básicos, não consigo não pensar que é melhor juntar uma graninha e tentar algo um pouco acima, ou mesmo olhar para os lados e conseguir opções melhores em faixa de preço similar. Redmi 8A da Xiaomi, Zenfone Max Plus (M2) da Asus, LG K12 Max, ou mesmo modelos da própria Samsung, como o Galaxy A20, podem entregar um pouco mais pelo investimento.
Este smartphone tem lá seus pontos positivos: tela legal, boa bateria, design interessante. Mas está num segmento disputadíssimo e, por minha experiência ter sido marcada pelo incômodo com a performance, a avaliação final ficou comprometida. Com mais baixas no preço, ele pode ganhar fôlego. Mas sempre valerá a pena dar uma olhada ao redor para ver o que há disponível.
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