Os Moto G estão, sem dúvidas, entre os smartphones mais conhecidos pelos brasileiros. Talvez por este sucesso garantido, os lançamentos da linha passaram por um período de marasmo, mas isso mudou em 2021, com a chegada do Moto G100.
É um telefone que causou estranheza por dois motivos: primeiro, altera o padrão de nomenclatura da fabricante para algo bem diferente. Segundo, porque esses Motorola são tradicionalmente conhecidos pelo chamado "custo x benefício", expressão associada a aparelhos mais simples ou baratos. Longe disso, temos agora especificações fortíssimas, dignas dos mais avançados em nosso mercado.
Análise do Moto G100 em vídeo
Ficha técnica
Ao ler a configuração do G100, qualquer um poderia facilmente associá-lo a algum top de linha tradicional. São muitos destaques, entre os quais ressaltam-se o processador Snapdragon 870, um dos melhores da Qualcomm atualmente, além de espaçosos 12GB de RAM e 256GB de armazenamento, expansíveis via microSD - há um slot híbrido.
Para completar, a tela é uma LCD IPS de 6.7 polegadas com taxa de atualização maior que o convencional, são 90Hz para maior fluidez. E a bateria também fica acima da média em aparelhos avançados, com 5000 mAh. Confira o restante da ficha abaixo.
Pontos fortes
Sim, é rápido como parece
É possível que smartphones muito fortes no papel não traduzam isso para a prática, seja devido a bugs incômodos ou a má otimização no software. Não é o caso. O primeiro grande destaque do Moto G100 foi, de fato, sua performance. Juntando tela fluida com hardware parrudo, o resultado foi muita rapidez e conforto na utilização.
Em um mês de uso, o telefone se manteve absolutamente "liso" no manejo de apps, muitas vezes vários em simultâneo, assim como em games, dos mais simples aos pesados. Outro aspecto importante foi que, em termos de aquecimento, ele figura entre os tops com as mais baixas temperaturas que passaram por minha mão.
Veja o nosso teste de jogos no Moto G100:
Bateria: check!
Performance boa, bateria ruim? Nada disso. A autonomia, felizmente, não decepciona. Em meu uso comum, com muita rede social, Spotify, YouTube e poucos jogos, consegui algo entre 25 e 30 horas totais, sendo 7-8 horas de tela ligada. Considerando que é um smartphone potente e que sempre utilizei a tela com seus 90hz acionados no modo de configuração automática (60-90Hz), penso que são ótimos resultados.
Dentro de um dia, por exemplo, nunca tive problemas ou preocupações. Não me lembro de ter que pensar na autonomia do aparelho ao começar minha jornada com a bateria totalmente carregada. E, como se pode supor, passei para o segundo dia em várias ocasiões.
É certo que os gamers de plantão, que jogam diariamente durante horas, devem esperar queda na autonomia. De qualquer forma, pensando nos resultados que obtive com outros celulares poderosos, a Motorola conseguiu nota acima da média com este.
Que tal uma função nova?
Versatilidade é outra característica que favorece o Moto G100. Neste modelo, foi implementada uma nova tecnologia chamada de Ready For. Serve, basicamente, para projetar a imagem do smartphone em TVs ou monitores via cabo HDMI.
Através do adaptador USB-C para HDMI da própria fabricante ou de outros similares, o aparelho funciona como um PC ou uma central de mídia, de maneira similar à que a Samsung implementou em seus Galaxy avançados. É possível, por exemplo, ter uma área de trabalho "à Windows" completa num monitor externo; em conjunto com teclado e mouse, tem-se um computador de mesa bastante capaz para tarefas básicas do dia a dia.
Eu utilizei um Hub USB-C que servia em MacBooks para envio da imagem, além de conectar teclado e mouse USB. O resultado foi um sistema que funcionou de maneira bastante satisfatória para escrever no Google Docs, navegar na web e assistir ao YouTube. Aqui e ali, percebem-se, sim, pequenas limitações em relação a trabalhar no Windows ou Linux, mas a experiência geral é boa.
Quem gosta de jogar, pode lançar mão de controles USB ou bluetooth e usar o Ready For para ter algo como um console de mesa. Vários títulos funcionam bem dessa forma. Em suma, este não é um recurso revolucionário, mas continua sendo válido e muito útil, além de uma possibilidade inédita entre os Motorola.
Pontos fracos
Um telefone grandalhão
Pesando 207 gramas e medindo 168 x 74 x 9.7 mm, este é um smartphone volumoso, que se faz notar na mão. As minhas são grandes e, ainda assim, me peguei pensando nas medidas ou no peso do G100 algumas vezes. Imagino, então, que muitas pessoas podem sentir estas características como algo negativo. Especialmente com a capinha que vem de fábrica, um tanto quanto escorregadia, ele pode ter uma pegada difícil.
É claro que o tamanho da tela pode ser justamente um ponto positivo, por facilitar a visualização de conteúdo. Mas fica o sinal de alerta para quem possa servir.
Em certo sentido, as câmeras tropeçam
Talvez não seja o que você está pensando ao ler o título. Na verdade, consegui bons resultados com todas as lentes, incluindo as duas frontais (wide e ultrawide). A definição das imagens é ótima e o gerenciamento de luz e cores no modo HDR é digno. Mas isso diz respeito apenas a fotos em boa iluminação, durante o dia ou ao cair da tarde.
Galeria de fotos tiradas com o Moto G100:
À noite, os problemas chegam de maneira brusca. Principalmente nos cenários mais escuros, o processamento das fotos não consegue entregar visualização satisfatória, ou seja, recebem-se imagens escuras em demasia, ou com pontos escuros demais em meio a outros iluminados. O modo noturno, ou night vision, é bastante básico: quando comparado aos de concorrentes avançados, gera mais ruído e, ainda assim, não consegue clarear os ambientes como tem sido esperado desta função.
Além disso, uma observação importante: o aplicativo de câmera do Moto G100 leva um tempo considerável para finalizar capturas em baixa luz ou em enquadramentos com iluminação mista. Nas fotos de paisagens ou ambientes estáticos, isso não tem lá muita importância. Entretanto, quando se colocam pessoas, animais ou objetos em movimento na equação, a probabilidade de fotografias borradas aumenta.
Concorrentes
Algo curioso a se notar sobre este Motorola é: no momento, não há, no Brasil, nenhum outro Android com características próximas. É difícil achar um adversário sob esse critério. O mais viável é compará-lo a tops de linha do ano passado, como o Galaxy S20 ou, principalmente, o S20 FE, que tem ampla presença no varejo online. O critério aplicado foi o preço, já que são todos modelos que figuram, ou devem figurar, entre 2 e 3 mil reais. Nesta comparação, há uma alternância de qualidades: enquanto os Samsung levam vantagem em câmeras e "funções premium", como tela Super AMOLED e carregamento sem fio, o Motorola entrega melhor performance e autonomia.
Lá fora, entretanto, há oponentes interessantes, sendo um dos principais o Poco F3 da Xiaomi. Ele traz o mesmo processador e a desejada tela AMOLED, embora tenha bateria menor (4520 mAh) e não disponha de variantes com 12GB de RAM. Optar por ele é uma questão de preferência pessoal e um pouco de desprendimento, já que, considerando unidades importadas (as que têm valores viáveis), não haverá 1 garantia oficial.
Veredicto: Vale a pena?
- Performance
- Baixo aquecimento
- Autonomia
- Meio grandalhão
- Fotos em baixa luz
O Moto G100 chegou no fim de março custando 4000 reais, ou 3600 à vista. É um preço intimidador a princípio, mas promete futuro interessante quando se pensa na queda de preço que modelos da mesma faixa sofreram - o S20 FE é um deles. Promoções e abatimentos já andam acontecendo, e é possível imaginar que o aparelho estacione na casa dos 3000 reais em breve, talvez um pouco mais, talvez pouco menos. Nesta faixa, começa a ser uma opção vistosa.
Atualmente, muitos entusiastas torcem o nariz para o fato de que a Motorola confirmou apenas uma grande atualização de sistema para o G100. Ou seja, ele chega com Android 11 e receberá a versão 12 no futuro. Depois disso, há de se contentar com patches de segurança e só. A decepção de parte do público é compreensível, mas não parece ser um ponto que faça o modelo deixar de valer a pena: uma versão a mais do Android será suficiente para garantir compatibilidade com novos apps por muito tempo à frente.
Para mim, o principal trabalho da Motorola é fazer o público leigo entender porque um Moto G custa tanto. Os aficionados conhecem bem a explicação, mas parte dos consumidores em potencial pode rejeitá-lo de antemão por custar muito além do que se espera. Talvez a fabricante sequer esteja interessada na explicação, preferindo destacar características como o Ready For como representantes dos diferenciais.
De qualquer forma, este é um Android surpreendente e muito bem-vindo. Depois de anos um tanto quanto estagnada, a Motorola resolveu tirar da manga cartas fora da curva, e preencheu lacunas relevantes. O G100 é uma escolha válida para um público amplo, que inclui gamers e usuários que precisam de boa autonomia sem abrir mão de desempenho irrestrito.
Fizemos um teste de desempenho concorrendo com o Galaxy S21, confira como o Moto G100 se saiu:
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