Smartwatches são uma categoria de produto que se tornou realmente famosa entre o grande público após o lançamento do Apple Watch. Depois deste, surgiu uma leva de empresas fabricando relógios com a plataforma Android Wear (hoje Wear OS), a versão Google desses dispositivos. E a Samsung também não demorou a entrar na jogada, tanto em parceria com o Google quanto com seu próprio sistema. Houve quem esperasse que smartwatches se tornariam a "próxima grande coisa", com funcionalidades dignas de desbancar smartphones no uso diário. Não foi bem o que aconteceu, embora eles pareçam ter encontrado seu nicho entre entusiastas, o de itens complementares e divertidos.

É um segmento que ainda conquista o público de forma lenta. Nesse sentido, marcas famosas e tradicionais costumam ser portas de entrada mais amigáveis para a adoção da tecnologia. Afinal, é mais fácil confiar na Apple, na Samsung ou na LG para adentrar o desconhecido do que apostar o suado dinheiro numa empresa novata. Mas se você pensa assim, acredite: existem novatas que merecem atenção, e uma delas é a Amazfit.

Trata-se de uma companhia chinesa pertencente à Huami, uma grande parceira da famosa Xiaomi. Você já deve ter lido por aí que Xiaomi e Amazfit são a mesma coisa, o que não é uma informação precisa. Isso costuma ser dito para dar credibilidade à marca mais nova, focada em dispositivos "vestíveis" com pegada esportiva. Mas sim, ambas trabalham em conjunto, compartilhando recursos. Além disso, é comum que a Xiaomi comercialize produtos Amazfit em suas lojas físicas e on-line, o que aumenta a percepção de integração entre elas.

A Amazfit começou a ficar conhecida no Brasil por volta de 2017, quando lojas chinesas começaram a enviar seus relógios para veículos daqui analisarem e demonstrarem. A importação era a única porta de entrada até que, recentemente, a Xiaomi voltou a atuar oficialmente em nosso mercado, trazendo consigo um smartwatch da parceira. Que tal falarmos um pouco dos principais modelos para facilitar o entendimento?

Amazfit Pace

Foi o primeiro produto da marca que conheci e testei. É um relógio com bela aparência, que traz uma tela com tecnologia curiosa: não é tão vibrante quanto painéis AMOLED ou LCD, mas tem a vantagem de ficar extremamente visível sob luz solar. É uma característica adequada para um item a ser usado em caminhadas e corridas ao ar livre, às quais o produto agrega seu GPS integrado. Também possui capacidades como notificações de aplicativos ou controle de músicas que tocam no smartphone. Seu sistema, assim como o de todos os outros modelos da fabricante, não é do Google ou da Apple, o que impede a instalação de novos aplicativos, tal como num Apple Watch. Mas o conjunto de habilidades que vem de fábrica costuma ser adequado para quem o usaria de forma básica enquanto smartwatch. Este é o relógio trazido pela Xiaomi em seu retorno ao Brasil, por valor que supera os mil reais - até o momento, é o único oficial. Quando importado, custa menos da metade.

  • Resistência a água: IP67
  • Tipo: LCD
  • Tamanho: 1.34
  • Resolução: 320×300
  • Bateria: 280 mAh

Amazfit Pace - Veja aqui a ficha técnica completa

Amazfit Bip

Esse modelo é, até hoje, o queridinho de muitos. Com construção mais simples em plástico, possui o mesmo tipo de tela do Pace, mantendo o GPS, notificações e outras funcionalidades básicas. O que chama atenção é sua bateria avantajada, que pode passar e muito de um mês, a depender das configurações habilitadas. Tudo isso por um preço consideravelmente menor, pouco acima da metade do Pace.

  • CPU: Mediatek
  • Peso: 32g
  • Resistência a água: IP68
  • Tipo: Transflective color display
  • Tamanho: 1.28
  • Resolução: 176x176
  • Proteção: Corning Gorilla Glass 3
  • Bateria: 190 mAh
  • Carregador: Carregador com fio
  • Bluetooth: 4.0
  • GPS: GPS (sim) e GLONASS
  • Sensores: Acelerômetro, Batimentos cardíacos e Barômetro

Amazfit Bip - Veja aqui a ficha técnica completa

Amazfit Stratos (Amazfit Pace 2)

A sequência do bem-sucedido Pace também recebeu outro nome em alguns territórios, provavelmente por não ter sido uma mudança muito profunda. As especificações permanecem muito similares, mas o exterior revela um relógio mais sóbrio, com visual que também tem apelo pra uso não esportivo. Foram adicionados mais botões físicos para melhorar a navegação no sistema.

Amazfit Verge, Verge Lite e Verge 2

Os modelos Verge trazem um tipo diferente de tela. São equipados por displays AMOLED, mais vibrantes, com pretos profundos, embora sem a mesma mágica sob o sol. O primeiro Verge e o Verge Lite são esportivos clássicos com o mesmo exterior, uma construção emborrachada que me lembra muito o finado Moto 360 Sport da Motorola. O Lite é mais barato e, por isso, perde microfone, autofalante e funções de voz, trunfos do modelo principal. O Verge 2, além do visual com menos borracha, detém capacidades 4G que não devem ser muito úteis para brasileiros.

  • Resistência a água: IP68
  • Tipo: AMOLED
  • Tamanho: 1.3
  • Resolução: 360×360
  • Bateria: 390 mAh

Amazfit Verge - Veja aqui a ficha técnica completa

Os novos Amazfit GTR, GTS e Stratos 3 (Sports Watch 3)

Este é o ponto em que, imagino, a Amazfit entrou em modo metralhadora chinesa ao perceber seu sucesso, com lançamentos menos espaçados. Variedade não é ponto negativo, mas pode criar interrogações na cabeça do consumidor. O Amazfit GTR é como uma mistura entre o Verge e o Stratos, que resulta num exterior elegante e promessa de bateria de longa duração. O GTS chamou atenção da mídia internacional por sua similaridade exterior em relação ao Apple Watch Series 4. É, de fato, um belíssimo modelo, com capacidade para monitorar múltiplas modalidades esportivas. Por fim, o Stratos 3 tem nome curioso - faria mais sentido "Pace 3", já que não existiram dois antecessores com o nome Stratos. Além de mudanças visuais e painel AMOLED, é capaz de monitorar vários esportes, e até mesmo estimar o consumo máximo de oxigênio para o atleta que o utiliza.

Vale a pena investir neles?

Primeiramente, é bom reiterar: não espere encontrar Apple Watches na linha Amazfit, nem relógios com um sistema famoso como o Wear OS. Não será possível baixar aplicativos que você pode já ter visto usuários desses exemplares baixando. Mas a real questão é que isso, hoje em dia, não é tão importante. Além do monitoramento de atividades físicas, a grande maioria dos usuários utiliza smartwatches para funções como alarmes avançados, personalização da tela inicial, notificações de aplicativos e, talvez, controles multimídia. Com algumas variações, os produtos da Amazfit realizam essas tarefas, com o adicional de serem versáteis, funcionando tanto em iPhones quanto no Android.

Mas qual modelo escolher? Com tantos disponíveis, é possível que muitos sejam idênticos uns aos outros em resultados práticos. A escolha deveria seguir critérios como preço, visual (afinal, ainda são peças de moda) ou alguns aspectos técnicos, como a tela - por exemplo, Pace, Bip e Stratos têm displays menos vibrantes, embora ótimos sob o sol. Pessoalmente, já testei os modelos Pace, Bip e Verge Lite, que fizeram o prometido em meu dia a dia, além de terem ratificado a qualidade de construção que era elogiada por aí (o Bip, de plástico, é mesmo mais simples, embora ainda bonito). E tenho a sensação de que mesmo modelos que já receberam sucessores diretos podem se destacar como mais atraentes, a depender do perfil do comprador.

Um ponto importantíssimo a ser considerado é a garantia. Como já dito, apenas um entre todos esses modelos, o Amazfit Pace, foi lançado oficialmente no Brasil. Saindo por um valor pouco convidativo, ele deixa caminho aberto para o brilho dos importados, sejam os que vêm direto da China ou os vendidos por importadoras. Considere-se que, sem um modelo oficial em mãos, perde-se a garantia de um ano e o habitual suporte existente para opções famosas, restando apenas as condições oferecidas por cada vendedor.

Em minha experiência, preciso mencionar que dois conhecidos já tiveram problemas com o modelo Bip, cuja tela saltou inesperadamente após pequena colisão. Não foi o que ocorreu com a unidade que usei, e acredito que isso não serve como referencial para avaliar a qualidade do item. Entretanto, no ramo dos importados, a ausência de longa garantia faz com que possíveis eventualidades sejam mais trágicas. Ainda assim, o menor preço, a maior compatibilidade e a boa construção faz com que muitos considerem a Amazfit como alternativa para experimentar um primeiro smartwatch. Pessoalmente, acho que são boas pedidas para se investir, costumam dar bom retorno pelo que se paga. E você? Já teve alguma experiência, boa ou má, com a marca? Comente abaixo.