No ramo dos acessórios vestíveis para smartphones, nem tudo envolve Apple vs Google. A chinesa Amazfit, parceira da Xiaomi, é um bom exemplo disso: vem fabricando ótimos smartwatches, que, além de funcionarem tanto com iPhones quanto com Android, rodam um sistema operacional independente. Seu portfolio, cheio de modelos "custo x benefício", tem algumas opções icônicas, e o Verge Lite pode ser considerado uma delas.
O que é o Amazfit Verge Lite?
Trata-se de um smartwatch com tela 100% redonda, do tipo AMOLED, com 43mm de diâmetro e resolução 360x360, que exibe bonitas cores e preto profundo. O sufixo "Lite" existe porque, em relação à variante convencional, ele perde microfone e alto-falantes. Isso significa que o Verge Lite não será capaz de atender chamadas ou emitir sons, assim como de armazenar músicas para tocá-las de forma independente, em conjunto com fones bluetooth. Por outro lado, também se reflete no menor custo, que o torna atraente para um grande público.

O design não é lá algo que chame atenção. Temos um exterior todo em borracha, com pulseira meio sem vida e uma caixa que fica relativamente alta no pulso. A tela, entretanto, salva o time. É vibrante e definida, e essa impressão se amplifica assim que se navega pelo sistema do relógio, que é rápido e passa agradável sensação de fluidez e responsividade.
A experiência de uso
No fundo, o Verge Lite não é tão mais poderoso do que uma Mi Band 4 da Xiaomi. Levando em conta que seu software não possibilita a instalação de apps, ele acaba limitado a executar funções similares, como contagem de passos, monitoramento de sono e de exercícios, medição de batimentos cardíacos, controle das músicas do smartphone, alarmes e notificações de apps. O combo GPS + GLONASS é um diferencial aqui, sobretudo para os corredores e ciclistas de plantão. Mas a experiência de uso revela algo importante: funções à parte, a tela maior faz toda diferença.

Para mim, o grande barato de usar esta peça foi a possibilidade de se conferirem muitas informações diretamente em sua tela, com conforto. É possível visualizar os mapas de percursos realizados, gráficos de batimentos cardíacos, checar o histórico de atividades, mexer em cronômetros com comodidade e, claro, ver notificações de apps numa área maior. Ou seja: em certos momentos, as vantagens até dizem respeito ao que ele pode fazer a mais. Em muitos instantes, entretanto, são uma questão de como ele executa essas funções.

Durante uma corrida, é possível escolher, por exemplo, o tipo de informação que aparecerá em destaque na parte inferior da tela. No meu caso, opto pela exibição de batimentos cardíacos, assim como a indicação da zona de exercício em que estou, se aeróbica ou anaeróbica. Além disso, logo em meu primeiro treino, foi possível ajustar a real distância que eu havia percorrido diretamente no pulso, permitindo, assim, que o relógio calibrasse suas medições. São detalhes agradáveis como esses que realçam o upgrade oferecido sobre a smartbands, mais simples.
A tela é ligada tanto com o movimento de checar as horas quanto apertando o botão lateral da caixa. Costumo usar a segunda opção para evitar ativações em momentos indesejados, mas gostaria que houvesse uma alternativa para acendê-la com duplo toque no display. Além disso, até a produção deste texto, não há opção para que o painel fique aceso todo o tempo durante um exercício - as configurações do sistema permitem, no máximo, 15 segundos.

Em relação às medições feitas, julgo que os monitoramentos de sono e de passos foram próximos aos que eu já obtinha em outros gadgets do gênero, como a já citada Mi Band 4 ou o Amazfit Bip, relógio bem básico. Os passos são levemente superestimados, uma vez que consideram-se como tais alguns movimentos feitos com os braços. Mas quando a coisa fica séria, em corridas ao ar livre, percebi desempenho adequado em conjunto com o GPS, e a margem de erro normalmente ficou muito abaixo de 10%. Levando em conta um uso casual, pareceram-me resultados aceitáveis.
Aplicativo e bateria
O app padrão usado pra sincronizá-lo com o celular é o bom e velho Mi Fit, já conhecido de produtos Xiaomi. É um software simpático e com bom número de opções, que, às vezes, peca por escondê-las numa cascata de submenus. Tenho a impressão de estar sempre descobrindo algum detalhe novo no Mi Fit, quando o ideal seria dominá-lo por completo e ter toda a noção do que é possível fazer nele. Para os que não se dispuserem a explorar, entretanto, as opções "de partida" são boas o suficiente. Em adição, fiquei feliz com um update recente que adicionou mais watchfaces para personalizar a cara da tela inicial.

Dito tudo isso, o ponto que acabou sendo decisivo para que o Verge Lite me conquistasse foi sua bateria. Mesmo com essa tela AMOLED colorida e sistema cheio de animações, consegui cerca de 25 dias de autonomia até precisar recarregá-lo. Isso incluiu notificações de certos apps, GPS para algumas caminhadas e muitas medições de batimentos. É uma marca muito acima da média, sobretudo quando se consideram os players famosos do mercado, como o Apple Watch ou relógios com o Wear OS do Google.
Considerações finais e preços
Uma informação que me sinto no dever de compartilhar é que, nos primeiros 15 dias de uso, o Verge Lite causou uma irritação próxima a meu pulso, que evoluiu para uma pequena ferida. Tenho alguma tendência para essas reações, mas não tinha passado por isso até o momento, seja com smartbands ou smartwatches menores. É algo muito particular, mas, de qualquer forma, deixo o alerta para os que sofrem com algo parecido.

Detalhes pessoais à parte, a impressão final sobre o relógio é muito positiva. Mesmo colocando-se abaixo dos maiores figurões do segmento, ele ainda consegue entregar uma experiência claramente melhor que a de wearables como as pulseiras inteligentes, e justifica seu posicionamento um degrau acima. Custando em torno de 100 dólares na China e 500 reais em importadoras brasileiras, parece-me um upgrade válido para quem quer algo a mais, embora não esteja pronto para desembolsar algo próximo dos quatro dígitos.
- CPU: Dual-Core
- Peso: 46 g
- Resistência a água: IP68
- Tipo: AMOLED
- Tamanho: 1.3
- Resolução: 360×360
- Proteção: Corning Gorilla Glass 3
- Bateria: 390 mAh
- Wi-fi: Wi-Fi 802.11 b/g/n
- Bluetooth: 5.0
- GPS: GPS (sim) e GLONASS
- Sensores: Acelerômetro e Giroscópio
Amazfit Verge Lite - Veja aqui a ficha técnica completa