Se você chegou até aqui, provavelmente, já conhece a vida de Elon Musk e os seus planos para um mundo melhor para uma humanidade melhor e até mesmo para um sistema solar melhor. Sim, um sistema solar melhor. Isso porque no post de hoje iremos ver como ele criou a Space Exploration, ou, SpaceX - como mais tarde foi renomeada e gente conhece hoje em dia.
Como todo bom nerd que cresceu nos anos 70 ~ 80 lendo livros e quadrinhos sobre colonização de outros planetas, raças alienígenas e viagens pelo universo, Elon Musk tem uma paixão pela exploração espacial.
E mais do que apenas uma paixão; ele sabe que o espaço é um dos negócios do futuro; que a exploração espacial que era feita até então ainda "não estava pronta"; havia muita coisa para ser mudada. E ele quer ajudar. Como ele mesmo disse, "eu poderia olhar as coisas acontecerem, ou fazer parte da mudança".
- Como a empresa começou enviando ratos ao espaço
- A SpaceX decide que não precisa de ninguém
- As primeiras tentativas sempre são as mais difíceis
- O ano complicado de Elon
- A SpaceX recicla os foguetes
- A SpaceX decola
- O cargueiro espacial
- Big Falcon Rocket
- A Dragon e o transporte barato de pessoas
- Como a SpaceX irá chegar a Marte
- Uma rede de internet global
- Onde está a SpaceX hoje
- SpaceX faz história como primeira empresa a ir ao espaço
Para nossa sorte ele resolveu fazer parte e, aos poucos, vai concluindo os objetivos da sua empresa espacial: Foguetes reutilizáveis, lançamentos cada vez mais frequentes, cargueiros espaciais, uma rede mundial de internet e, o mais famoso de todos e ainda não concluído: a colonização de Marte.
Olhando hoje, a colonização do Planeta Vermelho é cada vez mais concreta, mas nem sempre foi assim. Para que a SpaceX chegasse onde está, Musk teve que negociar antigos mísseis soviéticos com mafiosos russos; viu sua empresa quase falir; colocar um carro em órbita; ver diversas falhas e explosões acontecerem... é, não foi fácil, mas quem disse que criar uma empresa de exploração espacial seria simples?
Confira a partir de agora como se deu a criação da empresa que está mudando o universo.
Ahh, e apenas um detalhe: esse post faz parte de um especial sobre Elon Musk e está dividido nos seguintes capítulos:
- Como Elon Musk se tornou Elon Musk
- Como Musk foi ao espaço
- Como Musk mudou a forma de pensar em automóveis
- O Hyperloop, a The Boring Company e como ele encurtará distâncias
- Os projetos "pequenos" de Musk: SolarCity, Neuralink e OpenAI
Portanto, não esqueça de conferir as demais publicações. Só assim para termos uma noção de como todos os seus projetos estão interligados e onde a SpaceX se posiciona no roteiro proposto por Elon Musk para um futuro melhor. E se você quiser um resumão antes de começar a ler o(s) artigo(s) completos, dá o play aí embaixo
Como a empresa começou enviando ratos ao espaço
Quando Musk pegou a grana da venda do PayPal e decidiu que 100 milhões de dólares daquele montante deveriam ir para a SpaceX, ele não fazia ideia de onde estava se metendo. Claro que ele tinha consciência de que iria bater de frente com gigantes do complexo industrial militar americano, como Lockheed Martin e Boeing, mas aonde a sua fixação por explorar o espaço poderia levá-lo ele não tinha como saber, ou melhor, até tinha: Marte.
Mesmo antes da fundação da SpaceX e até mesmo antes da venda do PayPal, Musk já sonhava - publicamente - com o dia em que fincaríamos raízes humanas no solo árido do Planeta Vermelho e nos tornaríamos uma espécie multiplanetária, como ele gosta de falar.
Assim que Musk completou 30 anos e que a X.com mudava seu nome para PayPal, em junho de 2001, ele já dava indícios do que planejava para a humanidade. Em breve ele seria escanteado do cargo de CEO de mais uma empresa que fora o fundador e o baque desta vez, embora não inédito, faria com que ele começasse a repensar seu papel na indústria da tecnologia. Será que ele deveria ser o cara que ficaria criando coisas para a internet pelo resto da vida? Só isso?
As primeiras interações de Elon com esse novo mundo a explorar, literalmente, se deu após ele e sua esposa, Justine, se mudarem para o sul da Califórnia, mais especificamente Los Angeles. A cidade fora escolhida para ser o local onde eles começariam uma família e tinha o bônus de ser o centro da indústria aeroespacial.
Com diversas companhias públicas e privadas, como Boeing, NASA, Força Aérea Dos Estados unidos, Lockheed e diversas outras menores, era lá que aconteciam as reuniões da Mars Society, um grupo de entusiastas - assim como ele - que se juntavam para falar sobre viagens espaciais e a melhor maneira de colonizar o Planeta Vermelho.
Fui em um jantar organizado para arrecadar fundos para a Mars Society que Elon fez sua estreia na cena. Após descobrirem que o novo interessado no assunto era um milionário da tecnologia, ele foi sentado à mesa dos VIPs ao lado de celebridades como o diretor James Cameron onde passou a ser cortejado como possível membro do clube - mediante uma generosa doação, é claro. Em meio a assédios ele acabou assinando um cheque de 100 mil dólares para financiar uma estação de pesquisas no deserto a fim de simular as condições de vida em Marte.
Ao passar a fazer parte do círculo restrito de membros do Mars Society, Musk começou a frequentar as reuniões onde, em uma delas, ele escutou algo interessante: A Mars Society tinha a ideia de enviar camundongos ao espaço; não ao espaço profundo, mas sim a um ponto da órbita terrestre mais próximo e fácil de ser atingido, onde poderia ser simulada a gravidade marciana e analisado como organismos vivos se comportariam no ambiente.
Até então essa era a melhor maneira de saber como um humano poderia reagir à atmosfera de um planeta como Marte.
Musk gostou da ideia, mas foi mais longe: E se eles enviassem um foguete com camundongos não apenas à nossa órbita, mas sim a Marte? Segundo os cálculos a empreitada custaria 15 milhões de dólares, um preço justo pela grandeza científica da empreitada e pelo fato de que aquilo poderia reacender a chama da exploração espacial que estava adormecida há décadas nas pessoas.
A coisa começou a sair do papel quando ele renunciou ao seu cargo de diretor da Mars Society (obtido através de muito esforço do cheque de doação) e fundou a Life to Mars Foundation. Com engenheiros da NASA, autoridades da engenharia aeroespacial, membros da indústria de satélites e naves espaciais a discussão começou a ficar séria. Entre os membros estavam, inclusive, Michael Griffin, que tinha o cargo de "pensador-chefe" para assuntos espaciais e, quatro anos depois, tornar-se-ia diretor da NASA.
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Até então não se pensava em construir um foguete do 0, mas sim adaptar um míssil balístico intercontinental (como era comum) e transformá-lo em um veículo lançador. Decidido o procedimento, eles pensaram: "onde que se poderia comprar um míssil desses?" Na Rússia, é claro.
Assim Musk, Griffin e Jim Cantrell (um americano que já tinha negociado com os mercadores ex-soviéticos antes) embarcaram para a Rússia. O problema foi que os anfitriões não levaram Elon e seus amigos muito a sério. Musk esperava comprar 3 mísseis por 20 milhões de dólares, enquanto que os russos queriam 8 milhas por cada um deles. Quando viu que os negociantes tentariam tirar dinheiro dele de toda maneira possível apenas por ele ser um riquinho da internet, Musk levantou-se e foi embora (não sem antes tomar uma cusparada no rosto).
Foi no voo de volta aos Estados Unidos, em meio a um clima de velório, que Musk teve uma ideia: "Vamos construir nosso próprio foguete".
A SpaceX decide que não precisa de ninguém
Os colegas de voo acharam que Elon devia estar passando por um misto de frustração e loucura após alguns drinks até que ele mostrou uma planilha extremamente detalhada com os custos dos materiais necessários para construir as peças, montar e lançar um foguete. Segundo as contas e projeções de Musk, ele poderia superar as empresas de lançamento que atuavam no mercado ao criar um foguete de tamanho modesto que daria conta de atender a maior parte da demanda por lançamentos - basicamente satélites de pequeno porte e cargas destinadas à pesquisa.
Musk tinha passado meses estudando a indústria aeroespacial e a física por trás de tudo aquilo. Ele sabia que o preço cobrado pelos russos era superfaturado. Ele sabia que a indústria do espaço podia ser mais barata. E assim ele decidiu que faria, naquele voo melancólico de volta pra casa.
Como disse o próprio Musk, a SpaceX sempre foi pensada para ser uma companhia "lowcoast" de foguetes - fazendo alusão às companhias aéreas de baixo custo, bastante comuns no exterior. Ser mais barato que a concorrência seria fundamental para conseguir entrar no mercado, assinar os primeiros contratos de lançamento, ter grana para continuar pesquisando, desenvolvendo novos lançadores e se manter operando. Como você verá no decorrer do texto, ser uma empresa de lançamentos baratos está no DNA da SpaceX.
Com isso a companhia conseguiria ser independente, não precisar de ajudas governamentais ou até mesmo de investidores públicos. Até hoje a SpaceX segue sendo uma companhia privada, ou seja, sem acionistas, ações, informações públicas e divisão de comando. Mesmo com o fantasma da quase quebra, abrir o capital da SpaceX nunca foi uma opção para Elon. Sim, ela possui investidores, mas investidores privados captados através de rodadas de financiamento organizadas por Musk. Hoje ele detém 78% dos direitos a voto da SpaceX.
Ao resolver entrar no ramo dos foguetes, Elon sabia que o grande problema com a indústria era que a coisa não evoluía há mais de 50 anos. Após os Estados Unidos desembarcar o homem na lua a vontade de romper barreiras e empurrar o homem a um espaço cada vez mais profundo foi diminuindo. As empresas aeroespaciais que existiam até então não estavam preocupadas em concorrerem entre si e não se preocupavam em gerar produtos mais baratos, afinal, a esmagadora maioria da sua receita e financiamento era governamental. Lançar um foguete era caro, mas e daí? Quem contratava e pagava para lançar um foguete eram os governos dos países, e eles têm muito dinheiro.
Essa é a fórmula perfeita para a estagnação. Para mudar, somente quando um empreendimento privado entrasse em jogo. E aqui entra a SpaceX e Elon Musk.
Assim, em tempos que enviar uma carga útil de 250 quilos ao espaço custava 30 milhões de dólares, Elon afirmou que o primeiro foguete da SpaceX, o Falcon 1 (referência à Millenium Falcon, de Star Wars), transportaria 635 quilos por apenas 6.9 milhões. Era um aumento de 2.5 vezes na carga, custando pouco mais de 20% do valor inicial.
Como era normal para ele, e você deve ter visto no post com a Tesla, Musk gosta de criar cronogramas, especialmente os cronogramas humanamente impossíveis, que acabam não saindo conforme o planejado. Desta vez, ele disse que o primeiro motor estaria pronto em maio de 2003; um segundo motor em junho; o corpo do foguete em julho e a montagem final estaria pronta em agosto; a plataforma de lançamento seria então preparada em setembro e o primeiro lançamento ocorreria em novembro de 2003. Tudo isso cerca de quinze meses depois de a empresa ter sido aberta. Como se tudo fosse fácil assim, uma viagem a Marte foi planejada para perto do fim da década.
A ideia de uma nova empresa de exploração espacial era excelente tanto para a ciência como para os países que gastariam menos e repassariam o peso dos lançamentos à indústria privada. Tudo certo na teoria, porém, criar um foguete funcional a partir do zero não era uma função muito fácil, ainda mais para uma equipe pequena e sem os bilhões de dólares governamentais que, habitualmente, são investidos em pesquisa e desenvolvimento.
Mas o fato de a equipe ser pequena, não significava que era ruim; aliás, muito pelo contrário: Musk fazia questão de ir pessoalmente nas universidades com programas de engenharia do país e perguntar pelos melhores alunos. Depois ele entrevistava cada um deles tentando cooptar os formandos ali mesmo. A SpaceX e a Tesla haviam transformado Elon em uma celebridade, o verdadeiro Iron Man, como a internet o chamava; assim, novos engenheiros não eram problema. Cerca de 2 ou 3 chegavam toda semana no início das operações, vindo dos mais diferentes cantos dos Estados Unidos.
Com uma boa equipe e com bastante dinheiro para queimar - por enquanto - foram meses de desenvolvimento e viagens da Califórnia até o Texas (da base da SpaceX até o local de testes) com os recém-criados motores Merlin na caçamba de uma caminhonete até que o primeiro motor funcional estivesse pronto no final de 2003.O cliente que estaria embarcado no primeiro voo de uma espaçonave da SpaceX, programada para início de 2004, era o próprio governo americano e, a carga, um satélite TecSat-1 do Departamento de Defesa.
Mas o lançamento não ocorreria na data pretendida. O motor ficara 100% pronto para voo no meio de 2004, quando vieram os problemas com software; somente quando estes foram resolvidos é que começaram a preparar o lançamento. O foguete decolaria da base militar de Vanderberg, famoso local de lançamentos onde também atuam a Boeing e a Lockheed com seus projetos bilionários. Mesmo que a SpaceX pudesse lançar a partir dali na teoria, na prática essas empresas fariam de tudo para dificultar o lançamento da startup.
Coincidentemente as gigantes do setor deram um jeito de arrumar um espacinho no final da fila para o lançamento do Falcon 1. Assim, se Musk quisesse lançar da base de Vanderberg, teria que aguardar meses. Elon não teve dúvidas de que deveria encontrar outro lugar para disparar seu foguete.
Com um mapa mundi projetado em uma parede eles começaram a destacar onde poderiam e onde não poderiam fazer um lançamento com segurança. O local escolhido foi a ilha de Kwajalein, nas Ilhas Marshall, onde o exército americano havia conduzido testes com mísseis nas décadas anteriores. Tão logo eles conseguiram a autorização para uso do local, os contêineres começaram a ser preenchidos com equipamentos e partes de um foguete desmontado.
E se até então as condições de trabalho da SpaceX eram complicadas (não raro 15 horas por dia, durante 6 dias por semana em épocas "não-críticas") agora a coisa sairia do controle. A ilha foi encontrada, praticamente, virgem e para transformá-la em um local adequado para o lançamento de espaçonaves não foi fácil.
Primeiro foi necessário capinar o local, depois despejar toneladas de concreto para firmar uma base de lançamento sólida o bastante e então transformar uma antiga casa/galpão em escritórios e um local com o mínimo de conforto para dormir (quem quisesse podia pegar um barco todo dia para ir e voltar à ilha que tinha hotel pago pela SpaceX, mas a viagem de quase 1 hora de ida e 1 hora de volta em meio a um dia de trabalho intenso fazia com que os engenheiros preferissem dormir por ali mesmo). Tudo isso sob um sol escaldante e uma humidade capaz de queimar a pele por baixo da roupa. O horário de trabalho era das 7 às 7, ou seja, enquanto houvesse sol. Depois havia as reuniões informais e debate sobre as ações do dia que passou e do dia que viria em seguida.
Segundo os funcionários que trabalharam no local, Musk era uma pessoa "imprevisível": alguns gastos desnecessários, como um caríssimo produto que deixava o chão do escritório mais lustroso e bonito fora aprovado, enquanto que a pavimentação de um caminho que levaria o foguete do galpão de montagem até o local de lançamento foi recusado por causa de seu preço. A saída prática foi fazer como os escravos egípcios fizeram ao construir as pirâmides e ir rolando o foguete através de tábuas de madeira. No processo eles pegavam a última tábua, corriam para colocar na frente e assim ia empurrando a espaçonave.
Mas isso era o de menos: Havia alguns problemas que não poderiam ser resolvidos nem com todo o dinheiro de Musk. Um deles era a experiência. Seus engenheiros eram os melhores estudantes das universidades, é claro, mas ainda assim, eles não passavam de excelentes estudantes que nunca tinham participado ou visto de perto um lançamento de verdade, quem dirá terem colocado um foguete em órbita lidando com os problemas encontrados no processo que não se aprendem em sala de aula.
Mas o maior de todos os problemas era outro: Maresia, mas para entendermos o tamanho do dano causado por ela, precisamos ver o desfecho do primeiro lançamento.
Em novembro de 2005, cerca de seis meses após chegar na ilha e começarem a arrumar a casa para o lançamento, chegou a hora de colocar toda aquela pesquisa e investimento à prova. Elon e seu irmão, Kimbal, viram de perto o lançamento ser adiado por conta de uma válvula do tanque de oxigênio que não fechava. A próxima tentativa ficou para alguns dias depois, em dezembro, quando novamente não pode ser feito por questões também com as válvulas, ventos fortes e outros problemas técnicos. O lançamento de verdade só seria possível em 24 de março de 2006, quando o Falcon subiu sem problemas, deixando a ilha para trás... por 25 segundos. Após aquele quase meio minuto, um incêndio teve início em cima do motor Merlin e fez com que o foguete, que até então voava direitinho e em linha reta, passasse a se contorcer e girar sem controle, caindo sobre o local de lançamento. Mas e onde que entra a maresia nisso tudo? Em um simples encaixe porca e parafuso de alumínio que é usado constantemente para conectar tubos. Depois que os destroços da queda foram recuperados e analisados percebeu-se uma corrosão causada por meses de exposição ao ar salgado do local. O erro da SpaceX foi que, em meio a sua busca para deixar o foguete mais leve, 22 quilos de aço inoxidável (que não tem problema de maresia) foram removidos e substituídos por alumínio. Mas engana-se quem pensou, na época, que isso frustraria Elon. Na análise publicada após a tragédia ele disse: "Talvez valha a pena salientar que as empresas de lançamento bem-sucedidas também sofreram dificuldades ao longo do caminho [..] apenas cinco dos primeiros nove lançamentos da Pegasus tiveram êxito; três dos cinco da Ariane; nove dos vinte da Atlas; nove dos 21 da Soyuz; e nove dos dezoito da Proton. Depois de vivenciar pessoalmente como é difícil chegar à órbita, tenho muito respeito por aqueles que perseveraram para produzir os veículos que são os esteios dos lançamentos espaciais hoje [...] A SpaceX está nisso para ficar, e, haja o que houver, vamos fazer isso funcionar". Musk queria organizar o segundo lançamento para o quanto antes, mas construir um novo foguete não é assim tão rápido. A nova oportunidade aconteceria quase 1 ano depois, em 21 de março de 2007. Dessa vez o Falcon voou com confiança por vários minutos: Aos 3 minutos de voo o primeiro estágio se separou e caiu na Terra; o segundo motor entrou em operação para fazer com que o segundo estágio entrasse em órbita. Aplausos eufóricos e comemorações inundavam a sala de controle quando, aos 4 minutos, a carenagem no alto do foguete se separou como previsto. Ele estava fazendo tudo como devia fazer, até que... o foguete começou a vibrar. Após 5 minutos de voo perfeito, uma explosão brutal. Dessa vez os engenheiros sabiam na hora o que havia acontecido: A vibração começou no momento em que o combustível era consumido e o restante dele começou a se mexer dentro do tanque e bater nas laterais. Ao fazer isso as sacudidas se acumularam ao ponto de fazer com que em um desses sacolejos ficasse exposta uma abertura para o motor. Quando o compartimento do motor sugou uma grande quantidade de ar, pronto: Fogo. Musk já havia deixado bem claro que ele levaria aquilo até o fim, até conseguir um lançamento de sucesso, mas após a segunda falha as coisas começaram a ficar difíceis. Quando uma nova tentativa de lançamento ocorresse já teriam se passado 4 anos desde a data fixada por ele para o primeiro voo com sucesso; e o dinheiro, que parecia não ser problema no início, agora começava a preocupar. Alguns já faziam as contas e viam que eles só tinham grana para mais um, talvez dois, lançamentos. Se você já leu o artigo sobre a Tesla, sabe que 2008 foi o pior ano da vida de Musk até aqui. A sua empresa de carros elétricos entrou o ano lutando contra o escárnio público que duvidava que um dia ela conseguiria, realmente, colocar um carro na rua. É bem verdade que motivos não faltavam, afinal as entregas estavam há anos atrasadas e o dinheiro parecia nunca ser suficiente. Do lado da SpaceX a coisa não era diferente. Dois lançamentos haviam dado errado, as coisas estavam igualmente atrasadas e dezenas de funcionários continuavam vivendo em casas adaptados no meio do Pacífico onde aguardavam o próximo (e talvez último) lançamento com o que lhes restava de esperança. Quanto a Elon, do lado particular o casamento acabava, enquanto que do lado público a imprensa o usava como saco de pancadas e piada pronta devido às dificuldades das suas empresas. Em meio a tudo isso ele entrava em uma depressão profunda no tempo em que começava vender seus bens mais preciosos para levantar um dinheiro extra (bens mais preciosos leia-se uma McLaren F1, por exemplo). Quando julho chegou Elon viu que só tinha grana para chegar até o final do ano, era preciso levantar dinheiro para fazer com que as empresas continuassem operando. O problema é que 2008 não era um ano ruim apenas para ele, mas para o mercado financeiro e o mundo como um todo. A última grande crise do capitalismo havia feito com que os investidores sumissem. Se antes já era difícil arrumar investidores para uma empresa espacial que não conseguia efetuar um lançamento de sucesso, agora seria ainda mais. Em meio a tudo isso o terceiro lançamento da companhia foi agendado. Ao ponto em que uma equipe começava a transporta e montar tudo na ilha de Kwajalein, outra equipe permaneceria na Califórnia onde daria início à pesquisa e desenvolvimento de um novo projeto: Falcon 9, ou seja, um Falcon com 9 motores e muito mais capacidade de transporte de carga. A ideia de Musk era criar algo que pudesse ser usado como um possível substituto para o ônibus espacial, que já tinha anunciado sua aposentadoria, e assim concorrer a contratos bastante rentáveis que a NASA ofereceria, em breve, para suprir as missões feitas por ele. No início de agosto daquele ano todos cruzaram os dedos para um terceiro lançamento. O foguete estava embarcado com um satélite da força aérea e algumas experiências da NASA que juntos pesavam 170 quilos. Após uma primeira tentativa, que precisou ser cancelada em cima da hora, o foguete levantou voo ainda no mesmo dia após alguns ajustes. Sem nenhuma indicação de que pudesse apresentar problemas, o Falcon 1 subiu de maneira espetacular... até que fosse feita a separação do estágio 1 e 2. Como Elon Musk foi audacioso o bastante para não somente corrigir as falhas do lançamento anterior, ele ordenou que fossem implementadas melhorias e novos recursos no foguete para este terceiro voo. E isso foi um grande erro. Uma análise posterior revelaria que as novas versões dos motores Merlin haviam emitido um empuxo inesperado durante o processo de separação, o que levou os estágios a colidirem, danificando a parte de cima do foguete e seu motor. E o pior talvez nem fosse isso, mas sim a incógnita sobre o problema anterior que causou a explosão do voo número 2. Sem chegar a lançar, de fato, o segundo estágio, eles não sabiam se a falha (as chacoalhadas no combustível) havia sido sanada. Diante deste - e de outros problemas - um quarto, e provavelmente último, lançamento foi agendado para 28 de setembro daquele ano. Naquele momento havia engenheiros que já estavam lotados na ilha há anos; aquilo tinha que dar certo. Eles tinham sido separados de suas famílias, atacados pelo calor e pelos mosquitos, às vezes sem abundância de comida, tudo enquanto lidavam com Elon e com a frustração acumulada de uma série de tentativas que deram errado. Fazer esse lançamento funcionar sem problemas era uma questão de honra para cada um deles. Todas as dores que haviam passado até ali seriam esquecidas se desse certo dessa vez. No fim da tarde daquele dia o Falcon 1 subiu pela quarta vez, agora levando 163 quilos de "nada". Foi preciso usar uma carga fictícia já que nem o exército ou qualquer empresa ou governo aceitou colocar algo de valor em um foguete que não tinha uma retrospectiva de lançamentos muito favorável. Quando o foguete disparou rumo ao espaço foi recebido por gritos e assovios da equipe que acompanhava tudo do prédio da SpaceX na Califórnia. À medida que o primeiro estágio concluía seu ciclo e se desprendia do corpo do segundo estágio, que seguiria a viagem por mais 90 segundos, os funcionários pareciam não acreditar que tudo estava dando tão certo. Nove minutos após o lançamento o Falcon 1 entrava em órbita, conforme o planejado. Havia dado certo. O Falcon 1 havia se tornado a primeira máquina de construção privada a realizar tal feito, após seis anos de tentativas - 4 anos e meio a mais do que Musk previra, mas estava lá. Mas a comemoração não iria muito longe. Logo após acalmarem os ânimos Elon já entrou em uma reunião para tratar dos problemas financeiros da SpaceX. Além de terem o projeto do Falcon 9 para sustentar, havia também o novíssimo projeto Dragon, uma cápsula que seria usada para levar suprimentos e, um dia, astronautas para a Estação Espacial Internacional. De acordo com a lógica, cada uma das pesquisas torraria mais de 1 bilhão de dólares. Nem preciso dizer que a SpaceX não tinha 1 bilhão de dólares. Eles precisariam descobrir como fazer isso gastando uma fração do valor. Com tantos projetos a equipe não parava de crescer; isso sem contar a mudança para uma sede maior, em Hawthorne, também na Califórnia. Ok que eles tinham um voo contratado pelo governo da Malásia, que queria colocar um satélite em órbita. Mas o pagamento só viria com o lançamento, em meados de 2009. Até lá era preciso dar um jeito de honrar a folha salarial. Não se esqueça que além da SpaceX estar sem grana, a Tesla também estava sem grana. Elon conta que, nessa época, por diversas vezes olhou para os cálculos e pensou "qual delas deveria salvar?". O pouquinho de dinheiro que tinha talvez pudesse fazer a diferença para alguma das empresas, porém, isso significaria a morte certeira e dolorosa da outra. Se dividisse aquele pouquinho em metade para cada uma, talvez, as duas falissem. A questão não era simples. A salvação - ao menos para a SpaceX - veio em dezembro de 2008, quando Elon ouviu rumores de que a NASA estava preparando o primeiro contrato de lançamentos que substituiriam o ônibus espacial. O valor do contrato era de mais de 1 bilhão de dólares!!! Como o voo 4 do Falcon 1 havia sido bem-sucedido, agora eles estavam aptos a tentar essa boquinha. E assim o fizeram. A boa notícia veio em 23 de dezembro, quando a NASA concedeu o contrato de 1.6 bilhão de dólares a SpaceX. Eles haviam sido contratados para realizar 12 voos até a estação espacial. Com o quarto lançamento da Falcon 1 perfeito a SpaceX estava pronta para realizar seus voos, agora, sem o medo de uma nova explosão. Além de reacender o orgulho americano eles agora poderiam concorrer deliberadamente a qualquer contrato que aparecesse. A empresa já não corria mais o risco de uma falência e, ao que tudo indicava, iria despontar para o sucesso, mas engana-se quem pensa que isso bastava para Musk. Desde o início, o plano de Elon era reduzir o preço de um foguete a uma fração do que era cobrado antes da SpaceX entrar no jogo. Claro que construir o veículo ali mesmo em sua fábrica havia feito com que o preço de uma espaçonave caísse - e muito - mas ainda estava longe do seu objetivo. O ideal para Elon só seria possível com uma ideia bastante arriscada: Reutilizar espaçonaves. Ele sabia desde o começo que o preço para construir a parte dura do foguete (carenagem, motor, sistemas eletrônicos, etc.) correspondem a cerca de 70% de um lançamento, sendo o restante o valor do combustível e coisas que - ainda - não puderam ser reaproveitadas. Assim, se pudessem reutilizar estes 70% em todos os lançamentos, o preço despencaria. Para entender melhor, pense em um avião. Agora imagine o preço de uma passagem aérea se, a cada voo, a aeronave fosse destruída e uma nova precisasse ser criada. A lógica é clara: Se os aviões podem ser reutilizados, por que os foguetes não poderiam? Dessa forma a SpaceX decidiu passar para a próxima fase da sua história: fazer um pouso controlado de um veículo lançador. O programa foi anunciado publicamente em 2011 e desde então, sempre que um Falcon 9 levava algo ao espaço em uma missão oficial, na volta era feita a tentativa de pouso controlado. Mas como já era esperado, primeiro vieram as falhas, muitas falhas. Os problemas foram desde erro de cálculo na alimentação do combustível e sensores de orientação até sustentação de uma das pernas que devem manter o foguete em pé após o pouso. Após várias tentativas, o primeiro pouso com sucesso, em terra, aconteceu em dezembro de 2015 e o primeiro pouso com sucesso na água, logo após, em abril de 2016. A SpaceX, inclusive, fez um vídeo bem legal sobre "Como não pousar um foguete". O vídeo mostra as principais explosões e falhas até que tudo desse certo. Para conferir é só dar o play abaixo.
Após pousar me segurança, foi "só" reconfigurar a espaçonave para que pudesse ser feito o primeiro revoo de uma primeira fase de um foguete. O feito ocorreu em março de 2017, e o primeiro revoo de um compartimento de carga (a cápsula Dragon) em junho do mesmo ano. Desde então os revoos têm se tornado rotina (a SpaceX chegou, inclusive, a oferecer 10% de desconto para quem voasse com um foguete reutilizado no início das operações). Isso faz com que, até o momento, a SpaceX seja a única empresa que domina a tecnologia de reuso de foguetes; item imprescindível para o futuro da exploração espacial. Pode me cobrar, mas daqui 50 anos mais ou menos, as crianças de 2070 não acreditarão que, até o início deste século, era feito um foguete para cada viagem. Para chegar até esse patamar não foi fácil (como vimos no vídeo acima) nem barato. Estima-se que tenha custado mais de 1 bilhão de dólares para que a SpaceX atingisse a perfeição na técnica de pouso controlado de espaçonaves. Mas a cifra, nem de longe, assusta Elon Musk. O preço pago é bastante módico frente os lucros que são gerados com ela. Lançar um Falcon 9 custa 62 milhões de dólares; destes, 40% (no mínimo) são o lucro, 24.8 milhões, e ficam com a empresa (o lucro pode chegar a quase 60% do valor do lançamento, ou, 37.3 milhões de dólares dependendo da política de preços e repasse da economia aos contratantes). Como cada foguete pode ser reutilizado até 15 vezes (Musk disse que podem ser dezenas, mas vamos ficar com um cálculo conservador aqui), não é difícil imaginar que o investimento será pago em breve, caso já não tenha sido (mais abaixo você verá o número de lançamentos já feitos e agendados pela SpaceX). Detalhe: Os foguetes reaproveitados estão reutilizando apenas o 1º estágio. Se tudo der certo e o 2º estágio começar a ser reaproveitado (o prazo atual é a partir de 2020) o preço dos lançamentos poderão cair e o lucro subir. Porém, pousar um segundo estágio é algo mais complicado. Como o veículo está viajando à velocidade orbital, fazer com que ele freie, interrompa seu curso, dê meia-volta e entre novamente na Terra em segurança é um problema fudido de engenharia, porém fundamental, principalmente para os planos de colonizar Marte. No entanto os objetivos da tecnologia de reuso estão longe de serem totalmente alcançados. Pousar com segurança e reutilizar essas partes é apenas uma parte do que a SpaceX espera alcançar. Hoje, um foguete que desceu em segurança precisa de alguns meses para ser preparado para um novo lançamento; baixar este prazo é o objetivo de Musk e seus engenheiros. O objetivo de longo prazo da SpaceX é que o primeiro e segundo estágio possam ser recebidos de um lançamento e recolocados à disposição para uma nova viagem em até 24 horas (tempo não pode ser inferior a isso, pelo menos para o segundo estágio, já que ele depende da reentrada atmosférica e do realinhamento orbital com o local de lançamento). O milestone do momento é aprontar um primeiro estágio para relançamento em até 24 horas após seu lançamento. Segundo Musk isso acontecerá ainda em 2019. Apenas para ilustrar: O processo envolve buscar e transportar o foguete do seu local de pouso até o local de lançamento; preenchê-lo com a carga a ser lançada. colocá-lo em posição e encher os tanques de combustível. Dificuldades à parte, a SpaceX vem superando todas elas e não será isso que vai segurar seu progresso. E assim como Musk já disse publicamente, recuperar um foguete e reutilizá-lo foi um divisor de águas na exploração espacial. Tanto que agora ninguém mais poderia segurar a companhia. 1 bilhão de dólares investidos em pesquisa, é uma grana violenta. certo? Mas de onde ela veio já que, desde o início do texto, eu reforço que a SpaceX não conta com investimento estatal? Bom, a grana veio dos próprios esforços da companhia em se estabelecer como lançadores comerciais de foguetes e os contratos conquistados a partir daí. O veículo responsável por dar início à trajetória foi o Falcon 1, como vimos mais acima, porém, não seria ele que iria ficar conhecido como o foguete que fez a SpaceX decolar. Após fazer o trabalho sujo, o Falcon 1 já estava pronto para ir para a reserva e dar lugar à sua versão melhorada. Quem assumiria dali em diante era o Falcon 9, um imponente foguete de quase 70 metros de altura por 3 metros de diâmetro que pesa quase 500 toneladas. Com a capacidade de acoplar tanto um recipiente arredondado capaz de transportar um satélite quanto uma cápsula capaz de transportar pessoas, ele se consolidaria como o verdadeiro burro de carga da SpaceX. Se o Falcon 1 foi obra de uma startup que buscava se virar e ir descobrindo o mercado ao mesmo tempo em que ia lidando com os problemas que apareciam, o Falcon 9 é obra de uma das empresas mais sólidas da exploração espacial que já existiu. Atualmente, quem voa é o Falcon 9 Full Thrust (também chamado de Falcon 9 Block 5), a versão mais atual e otimizada da espaçonave, introduzida em maio de 2018. O novo veículo lançador mostrou não somente que os 7 mil funcionários da SpaceX podiam fazer frente aos mais de 141 mil funcionários da Boeing e aos mais ou menos 100 mil da Lockheed, mas também que a companhia não dependia de ninguém para seus lançamentos. Enquanto que seus concorrentes ainda ficam à mercê dos russos e de outros países, a SpaceX é capaz de produzir tudo o que é necessário para tirar um foguete do chão, ali mesmo no seu prédio. Aliando o preço reduzido de construir suas próprias coisas com as facilidades e barateamento proporcionados pelo reuso de foguetes a SpaceX cobra um preço bastante inferior aos concorrentes e, com isso, está abocanhando uma fatia cada vez maior do mercado de exploração espacial, que gira em torno de 200 bilhões de dólares por ano. Seus clientes vão desde governos a empresas provadas que exploram serviços de internet, rádio, tv, navegação, etc. A SpaceX tem, inclusive, poder político. Desde que o ônibus espacial havia sido aposentado, em 2011, os americanos dependiam dos russos para levar astronautas para o espaço. Se eles quisessem cobrar 100 milhões por pessoa, eles cobrariam; se quisessem barrar o envio de americanos ao espaço em meio a uma crise diplomática, eles o fariam. Mas agora, graças à empresa de Musk, isso não é mais um problema; existe uma nova empresa americana capaz de dar autonomia espacial não só ao seu país, mas também aos demais países (aqueles que não tem condições de pagar as centenas de milhões de dólares de um lançamento convencional). Com um foguete como o Falcon 9 que é mais barato e mais potente que os da concorrência, não foi difícil para a empresa conseguir outro contrato com a NASA, mas dessa vez um de 2.6 bilhões de dólares. O acordo veio em setembro de 2014 e consiste em missões que levarão astronautas à Estação Espacial Internacional a partir de 2017, quando o acordo com os russos chegaria ao fim. Mas a SpaceX não vive apenas de NASA, não. Olhando o registro de voos da empresa, dá pra ver que ela já acumula 60 lançamentos com sucesso até a data em que escrevo esta linha. Quanto aos voos futuros, 39 já estão comprados e, em breve, irão para o espaço. Tudo isso faz com que a empresa que quase faliu há mais ou menos 10 anos, hoje valha quase 30 bilhões de dólares. E por falar em voos futuros, no início de 2018 a SpaceX mostrou sua nova arma secreta para deslanchar na nova corrida espacial travada pela indústria privada: O Falcon Heavy. Imagine você ter que colonizar um planeta. Chegar lá do nada e iniciar uma civilização. Certamente não deve ser fácil. E Musk sabe disso. Como veremos no subtópico à frente, Marte é o objetivo maior da SpaceX. E para ser possível estabelecer um posto avançado da humanidade por lá, é preciso um ambiente onde os terráqueos possam, no mínimo, sobreviver. Hoje, Marte não tem esse ambiente, é claro, por isso será preciso criá-lo artificialmente. Se você nunca criou uma atmosfera simulada em um planeta a 54 milhões e 600 mil quilômetros de distância, prepare-se, pois será preciso uma grande variedade de equipamentos. Aqui vai uma lista breve do que você vai precisar: E como levar isso tudo até lá, já que o Falcon 9 só pode carregar 4 toneladas em um voo para Marte? Seriam necessárias dezenas, talvez centenas de viagens até que o planeta tivesse o mínimo para receber os exploradores. Foi por isso que a SpaceX criou o Falcon Heavy (Falcon Pesado, na tradução), um foguete que reduz o número de viagens necessárias em 4 vezes, já que consegue levar pouco mais de 16 toneladas por lançamento. O veículo é um monstro colossal e possui nada mais, nada menos do que 27 motores de propulsão, capazes de gerar mais de 2 milhões de quilos de empuxo (o equivalente a 18 aviões modelo 747), suficientes para levantar suas mais de 1500 toneladas. Detalhe: A carga é reduzida quando o destino é Marte, já que a maior parte da carga que pode ser transportada é reservada ao combustível. Em voos normais, aqui perto da Terra, o Falcon Heavy pode carregar até 64 toneladas de carga. O Falcon Heavy é o maior foguete - em capacidade de carga - já feito pelo homem. Além de ser imprescindível para os planos marcianos de Musk, o Falcon Heavy é rentável para a SpaceX também. Caso você queira bancar um lançamento neste cargueiro espacial terá que desembolsar 90 milhões de dólares; desses, algo entre 36 e 55 milhões serão o lucro da companhia. Olhando assim, 90 milhões para o lançamento não parece barato, mas é. Além de carregar mais do que o dobro de peso do que o 2º colocado na lista de foguetes cargueiros (o Delta IV Heavy), o lançamento do FH custa 1 terço do valor da concorrente. O Falcon Heavy já foi testado e tem o impressionante cartel de 1 lançamento e 1 sucesso, ou seja, uma taxa de 100% de aproveitamento, mostrando mais uma vez como a SpaceX está avançada em sua pesquisa e desenvolvimento de novas espaçonaves. O mais curioso de tudo é que a carga do voo piloto foi um Tesla Roadster vermelho. "Um Tesla vermelho para o Planeta Vermelho", segundo Musk. O carro não foi ao espaço para uma missão, mas sim como algo simbólico. O que importava ali era se o Heavy ia ser lançado com sucesso. E ele foi, embora há quem diga que o lançamento não foi um sucesso, ao menos não foi um sucesso total. Explico: O Falcon Heavy é composto de 3 partes, ou cores, como eles chamam. Cada um dos cores levam 9 motores Merlin que devem operar em perfeita simetria para que tudo dê certo. Se um deles falhar o foguete não terá força para levantar a carga, se 1 dos lados iniciar a queima de combustível 1 segundo atrasado ou adiantado pode acontecer um desvio na estabilidade da espaçonave e até mesmo uma explosão, dependendo da inclinação. Como Musk não é bobo nem nada e quer reutilizar também o FH, assim como já reutiliza o F9, os três cores deveriam retornar em segurança após colocar a carga em órbita. Pois bem, os cores laterais pousaram em total simetria, como você pode ver no primeiro GIF deste texto, já o center core teve um "probleminha": o contato com ele foi perdido. Assim, o destino do módulo central - que estava programado para pousar em uma barca em alto mar - foi um pouco mais explosivo. Segundo Musk o módulo atingiu a água a uma velocidade de quase 500 km/h a cerca de 100 metros de onde deveria pousar em segurança. O problema foi a falta de combustível que acabou antes do previsto e impossibilitou que ele fizesse uma queima para reduzir a velocidade e se aproximasse em segurança de seu estacionamento. Porém, nem de longe isso significa uma falha no lançamento. O objetivo desse voo inaugural era provar que o Falcon Heavy está pronto para operar e colocar a carga que lhe for confiada em órbita. Operar e controlar 3 núcleos de propulsão simultaneamente e garantir que nada desse errado entre eles era, sem dúvidas, o maior desafio e, isto, foi alcançado sem problemas. Agora a SpaceX corrigirá essa falha e pronto. Eles serão donos do maior e melhor cargueiro espacial do universo. E quando isso acontecer, quais as implicações? Resumindo os parágrafos acima: Mas você ainda acha que 16 toneladas é muito pouco para enviar a Marte a cada viagem? Pois é, Elon Musk também. Se liga então no que eles estão fazendo. Se vamos pra Marte, vamos de galera. Levando tudo o que precisa e fazendo o mínimo de viagens necessárias. E como você viu no tópico anterior, esse 'tudo" é, realmente, muita coisa. Foi por isso que a SpaceX repensou e viu que usar o Heavy para esse trabalho não seria a coisa mais eficiente a se fazer. A saída foi pensar em um foguete grande...mas grande de verdade. O BFR ainda está em fase inicial de desenvolvimento (ele foi anunciado por Elon Musk em setembro de 2017), mas quando estiver pronto vai fazer o Falcon Heavy parecer um brinquedo. Se as 64 toneladas de carga útil para a órbita terrestre do Heavy parecem bastante, no BFR o número mais do que dobra: 150 toneladas!!!! Ou seja, se Elon quiser abrir um zoológico na Estação Espacial Internacional um dia, com apenas 1 lançamento desta espaçonave ele poderá mandar 25 elefantes africanos adultos e bem alimentados com suas 6 toneladas cada. Já para Marte a carga útil é de 50 toneladas; pouco mais de 3x a capacidade do FH e 12x a capacidade do F9. Nem preciso dizer que quando estiver pronto ele será o maior foguete já construído pelo homem, em qualquer quesito de comparação. O Big Falcon Rocket tem tudo para ser o próximo divisor de águas na história da SpaceX e da exploração espacial. Embora tenha sido pensado para ser o meio de transporte Terra ~ Marte, suas qualidades o colocam como futuro substituto para todos as naves da SpaceX; desde o atual Falcon 9 até o recém-inaugurado Falcon Heavy e a cápsula Dragon (que veremos logo em seguida). De acordo com Elon, em maio de 2018, a SpaceX vai construiu algo como 30 a 40 foguetes Falcon 9 nos próximos 5 anos que irão dar conta de mais ou menos 300 missões. Quando isso acontecer o BFR já estará pronto para entrar em campo e fazer com que o Falcon se aposente. Um dos motivos é o preço de uma viagem no BFR. Embora seja gigantesco e mais caro para ser produzido, o foguete é incrivelmente barato para entrar em órbita: apenas 7 milhões de dólares por relançamento, ou seja, quase 9 vezes menos do que o Falcon 9, um foguete que tem capacidade de carga 6 vezes menor. Deixe-me abrir um parêntese aqui: O preço de enviar algo para o espaço é medido em "pounds" (libra), unidade de peso do sistema imperial que equivale a pouco mais de 453 gramas. Quando a SpaceX assinou o contrato com a NASA em 2008, ela não foi a única. Uma outra empresa, a Orbital Science, também ganhou contratos de lançamento. Na ocasião o preço cobrado pela Orbital foi de mais de 43 mil dólares por libra enquanto que a SpaceX conseguiu o atrativo preço de 27 mil dólares pelo mesmo peso. Com a introdução da Dragon nos transportes para a EEI o valor despencou para pouco mais de 9 mil dólares e, com o poder do Falcon Heavy, para 14 mil dólares, um valor mais caro, mas que dava a possibilidade de levar objetos inteiriços muito maiores e mais pesados em uma única viagem. Se tudo der certo com o BFR, e o custo de lançamento for mesmo de 7 milhões de dólares para uma carga útil de 150 toneladas, o valor por libra enviada ao espaço será de mais ou menos 460 dólares. Ok, ainda é caro pagar 460 dólares para o transporte de uma garrafinha d'água, mas não se esqueça que há 10 anos atrás essa mesma garrafinha tinha um frete de mais de 43 mil dólares para chegar até os astronautas. O trabalho por trás do BFR começou lá em 2012 quando a SpaceX começou a desenvolver os motores Raptor que serão usados em seu lançamento. A fabricação do primeiro protótipo de estágio superior/espaçonave do Big Fucking Rocket começou em março de 2018, com data prevista para os primeiros testes e voos suborbitais marcada para o início de 2019. A apresentação feita no 68º congresso internacional de astronomia, ocorrida na Austrália, em 28 de setembro de 2017, ocasião em que Elon apresentou publicamente o BFR pode ser vista em vídeo aqui, ou acompanhada em um super pdf aqui. E para finalizar sobre este que será o maior e mais útil foguete já construído pelo homem, mais uma utilidade de deixar a galera de queixo caído: Elon Musk já sinalizou que, talvez, o monstrão de mais de 100 metros de altura e 4 mil toneladas possa servir um dia como meio de transporte intercontinental de passageiros na Terra. A simulação desse "Hyperloop global" pode ser vista no vídeo abaixo. Com ele será possível, por exemplo, fazer os mais de 7 mil quilômetros São Paulo x Nova Iorque em cerca de 30 minutos. Aliás, com ele em operação, não existirá distância entre 2 pontos no planeta Terra que não possa ser coberta em menos de 1 hora. E como se não pudesse ser melhor, Elon disse que a passagem custará o mesmo que um voo em classe econômica em nossos aviões, hoje.
Mas o transporte de toneladas e toneladas de carga não é o único objetivo de Musk e da SpaceX, o que nos leva ao nosso próximo tópico. A SpaceX já domina o transporte de cargas intermediárias e o transporte de cargas pesadas, porém, falta um ponto fundamental para concluir o checklist da operação Marte: O transporte de pessoas. A menos que você queira embarcar em uma viagem de, mais ou menos, 6 meses alojado em um cargueiro, será importante desenvolver um modo de transportar seres humanos com o máximo possível de conforto. Musk e seus engenheiros já trabalham nisso: a cápsula Dragon. Trata-se de uma nave espacial projetada para entregar não somente pessoas, mas também cargas leves, a destinos orbitais, como a Estação Espacial Internacional. Inclusive, a Dragon fez história em 2012 quando se tornou a primeira espaçonave comercial da história a entregar uma carga à EEI e retornar uma carga em segurança à Terra, coisa que até então só havia sido conseguida por governos. Hoje, ela é a única espaçonave capaz de devolver quantidades significativas de carga para a Terra, trabalho aos quais ela tem sido designada. Para o transporte de pessoas ainda falta um pouquinho. Hoje, a SpaceX tem aquele acordo com a NASA de 2.6 bilhões e trabalha para fazer os ajustes finais que permitirão que a Dragon leve uma tripulação a bordo pela primeira vez. Ok, como você verá na foto abaixo, a Dragon não é o ambiente mais espaçoso e confortável para uma viagem de quase 55 milhões de quilômetros; isso porque ela não é o veículo que levará as pessoas a Marte. Sua missão é ser o transporte Terra ~ Estação Espacial, porém, as bases e estudos do transporte para Marte residem inteiramente nela. Por isso sua importância para a exploração espacial. O primeiro voo de teste tripulado do Dragon já foi marcado e postergado algumas vezes, mas agora está bem perto de acontecer. A nave que fará o transporte, em 19 de abril de 2019, será o novo modelo em desenvolvimento, a Dragon 2 e os dois astronautas que farão o voo inaugural em direção à EEI foram anunciados há apenas algumas horas do momento em que escrevo este artigo. A coisa está mais próxima de sair do papel do que nunca. Assim, tudo converte para um só destino: Marte. Já falei diversas vezes neste texto que o objetivo máximo da SpaceX é levar o homem a Marte, ou, como Elon gosta de falar: "Tornar a humanidade uma espécie multi-planetária". Todas as decisões e passos dados pela companhia até hoje convergem ao momento em que o homem pisará no solo marciano pela primeira vez. No momento tudo depende da pesquisa e desenvolvimeno do BFR, que será o nosso ônibus até lá. Se tudo der certo com o cronograma, o primeiro voo de verdade, acontecerá já em 2022, quando os foguetes cheios de material necessário para a sobrevivência começarão a ser despachados. Inicialmente Elon estima que, no mínimo, dois deles serão enviados. Além de transportar carga os BFR terão a missão crucial de confirmar as fontes de água no planeta e identificar os problemas reais que hoje ainda não conhecemos. Dois anos depois - essa janela de tempo é imperativa, visto que é somente a cada 24 meses que ocorre uma sincronia entre os planetas que permite uma viagem mais rápida e econômica em termos de combustível (ou seja, mais espaço para carga útil) - decolarão mais 4 BFRs: dois deles com mais carga e dois deles com pessoas. Os desbravadores espaciais irão acomodados em uma área maior do que o deck principal de um Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo). Além de abrigo para explosões solares e área de acesso comum e de convivência haverá as cabines. O PDF de apresentação fala em 40 delas, porém Musk já disse que até 100 pessoas poderão viajar por vez no BFR. A qeustão de capacidade não está bem clara, portanto. Você tem a noção de que essas pessoas serão os primeiros colonizadores espaciais da história do universo?? E se a missão mais importante dos lançamentos iniciais era encontrar a melhor fonte de água, a missão básica deste segundo envio será construir a usina de propelente que abastecerá os foguetes e os despachará à Terra novamente. A indústria irá consistir de muitos painéis solares e meios mecânicos de extrair e refinar água, separar o CO2 da atmosfera e então criar e armazenar metano e oxigênio, combustíveis dos BFRs. A colonização se dará à medida que naves e mais naves forem chegando. Veja abaixo como a SpaceX imagina o assentamento terráqueo em Marte. Elon disse que imagina algo entre 40 e 100 anos para que os humanos em Marte tenham uma vida sustentável em todos os aspectos. Claro que o empreendimento Marte não será barato. E de onde virá a grana? Segundo Elon, da Starlink. Nunca ouviu falar? Então acompanhe. Ainda hoje, muita gente não tem acesso à internet, por uma série de motivos: Indisponibilidade de infraestrutura, preço, dificuldades geográficas, sinal ruim, etc. E se houvesse apenas uma tecnologia que pudesse resolver tudo isso ao mesmo tempo? Para a nossa sorte ela existe e está no range de atuação de Elon Musk. Com a Starlink, uma rede de satélites que será construída pela SpaceX para prover internet, Elon promete "mudar o mundo". A rede será composta de satélites e receptores terrestres de baixo custo e alto desempenho. Serão, aproximadamente, 12 mil deles, número de satélites que a empresa de exploração espacial de Musk foi autorizada a colocar em órbita já no início da próxima década. O desenvolvimento da rede de internet começou em 2015 e os satélites protótipo foram lançados com sucesso em 22 de fevereiro de 2018, sendo assim já podendo estar ativos em 2019 ou 2020. Estima-se que 50% dos 11.943 satélites serão lançados até 2024 e o restante até o final de 2027, quando a primeira fase da Starlink estará completa. Os satélites, que serão desenvolvidos pela própria SpaceX não serão montados na Califórnia, onde acontece o desenvolvimento dos motores e espaçonaves, mas sim em um novo prédio chamado de SpaceX satellite development facility (Instalação para o desenvolvimento de satélites da SpaceX) em Redmond, estado do Washington. Ainda é cedo para se falar em preço para os planos de conexão, mas já se estima o custo total da iniciativa: 10 bilhões de dólares. O valor a ser investido é alto, mas a receita que se espera é maior ainda. Segundo o The Wall Street Journal Musk planeja contar com 40 milhões de assinantes e uma receita de 30 bilhões de dólares em 2025. Pronto, assim justifica-se o valor que subsidiaria a ida a Marte. E assim encontra-se a SpaceX, míseros 16 anos após sua fundação e menos de 10 anos após o primeiro lançamento bem-sucedido. No final de 2017 já haviam sido mais de 100 missões contratadas, entre voos lançados e agendados, que totalizavam mais de 12 bilhões de dólares em contratos. Hoje ela se encaminha para ser uma fabricante de excelência não somente de foguetes, mas também de satélites, afinal, após construir as suas quase 12 mil unidades que vão integrar a Starlink, é bem possível que eles comecem a fabricar "para fora". E, se isso acontecer, prepare-se para uma possível queda nos preços, o que irá levar a mais satélites no espaço, maiores e mais tecnológicos. E se você sempre sonhou em conhecer o espaço, talvez a SpaceX realize o seu sonho. A chamada Moon Mission (ou Missão Lunar) tinha sido programada para entrar em órbita até o final de 2018, e assim comemorar os 50anos da missão lunar da Apollo 8; porém, deu uma atrasadinha e vai ficar para 2022. Esta será a primeira missão tripulada a Lua desde 1972, quando a Apollo 17 foi até nosso satélite. Enquanto as próximas reviravoltas no mercado espacial não acontecem, a SpaceX tem de se contentar com as dezenas de recordes que já quebraram até aqui. Alguns deles são: Além disso eles estão concluindo a construção do seu campo de lançamento no Texas que será totalmente preparado para a ambição de Elon de lançar cada vez mais foguetes, inclusive os usados que poderão ser preparados para reentrar em órbita após 24 horas de seu retorno. O primeiro lançamento nesse novo local ocorrerá em 2019. E como se tudo que disséssemos até aqui não fosse o suficiente, a SpaceX ainda é a maior fabricante de motores propulsores para foguetes do mundo. Ufa, acho que está bom. Temos sorte de estar vivendo na mesma época que Elon Musk, meus amigos. Ahh, e para finalizar: Musk tem hoje 21.6 bilhões de dólares de fortuna, sendo a maior parte proveniente da SpaceX. O valor é o suficiente para colocá-lo no top 50 das pessoas mais ricas do mundo, mas bastante longe do líder, Jeff Bezos, que possui 153.2 bilhões de dólares e e dono da Amazon (e que entre outras coisas também possui uma empresa privada de turismo espacial). Musk pode estar "mal colocado" na lista de bilionários hoje, mas quem duvida que, rapidinho, ele vai saltar para, no mínimo, o top 10? Elon é o dono apenas de uma empresa de exploração espacial, carros elétricos e energia solar; os negócios mais promissores do futuro. A SpaceX fez história. Com um lançamento inicialmente previsto para ter acontecido na quarta-feira, a Dragon Crew finalmente foi lançada com sucesso neste sábado com destino à Estação Espacial Internacional. A primeira tentativa de lançamento havia sido adiada devido à condições climáticas desfavoráveis, algo que poderia ter se repetido no sábado. Contudo, o lançamento foi confirmado e às 16h35 (de Brasília), a espaçonave Dragon Crew se desacoplou do foguete e seguiu em direção à ISS. A missão Demo-2 fez história por se tratar da primeira missão tripulada realizada por uma empresa privada, a SpaceX. Além disso é a primeira missão tripulada a sair de solo americano em uma década. A missão partiu da base aérea de Cabo Canaveral na Flórida em um foguete Falcon 9, levando os astronautas estadunidenses Doug Hurley e Bob Behnken. A missão Demo-2 é a primeira de uma série de missões tripuladas que a SpaceX realizará com a Nasa. Essa série faz parte do Programa Tripulado Comercial (Commercial Crew Program) que deverá contar com pelo menos mais seis missões também com destino à Estação Internacional. Para saber mais: ELON MUSK - COMO O CEO DA SPACEX E TESLA ESTÁ MOLDANDO NOSSO FUTURO, Business Insider, Popular Mechanics, Space, SpaceX Dragon, SpaceX Falcon Heavy, SpaceX Falcon 9, SpaceX Mars, Liebert Pub, The Seattle Times, Wired, NASA Spaceflight, Yaabot, Teslarati, SpaceX About, SpaceX capabilities, Extreme Tech, Space Launch ReportAs primeiras tentativas sempre são as mais difíceis
O ano complicado de Elon
A SpaceX recicla os foguetes
A SpaceX decola
O cargueiro espacial
Big Falcon Rocket
A Dragon e o transporte barato de pessoas
Como a SpaceX irá chegar a Marte
Uma rede de internet global
Onde está a SpaceX hoje
SpaceX faz história como primeira empresa a ir ao espaço
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