Antes de mais nada, para começar, o FaceApp não está fazendo nada particularmente incomum, por isso, se você está preocupado com FaceApp, saiba que aplicativos como o Facebook e muitos outros fazem a mesma coisa.
Ainda assim, a assunto chamou a atenção para práticas um tanto quanto invasivas na captação de dados dos usuários.
Para usar o aplicativo, os usuários selecionam uma foto na qual aplicam filtros, vale lembrar aqui que para que o aplicativo possa exibir a sua galeria de fotos, você deve dar permissão para que isso ocorra e, não, não há indícios de que o aplicativo capture fotos não abertas nele.
Em seguida, o aplicativo envia a foto escolhida para os seus servidores para a aplicação do filtro escolhido. O ato de fazer upload da foto e em seguida, após aplicar o filtro, fazer o download da foto alterada, não fica explícito para quem usa o aplicativo, mas veja, isso não é incomum, como observou o pesquisador e CEO do Guardian Firewall Will Strafach no Twitter.
using a network traffic analyzer, I tried to replicate the thing people are talking about with FaceApp allegedly uploading your full camera roll to remote servers, but I did not see the reported activity occur.
— Will Strafach (@chronic) July 17, 2019
here is marlo stanfiekd with a beard though pic.twitter.com/6wy8cHLNuA
Teoricamente, o FaceApp poderia processar essas fotos no próprio dispositivo, mas Yaroslav Goncharov, ex-executivo da Yandex e CEO da empresa russa que criou o aplicativo, disse ao site The Verge que as fotos enviadas para o aplicativo são armazenadas nos servidores da empresa para que a imagem base seja enviada uma única vez e, se vários filtros forem aplicados, a imagem base já está nos servidores, evitando um envio repetitivo de uma mesma imagem gerando economia de dados para quem usa o aplicativo.
Em um comunicado ao TechCrunch, o FaceApp afirmou que aceita toda solicitação de usuários para remover seus dados dos seus servidores.
A equipe atualmente está "sobrecarregada", mas os usuários podem enviar a solicitação através de Configuração > Reportar Erros e enviar logs, com a palavra "privacidade" na primeira linha da mensagem.
O caso aqui é que nunca saberemos se o FaceApp realmente exclui os dados das fotos, mas vale lembrar que enviamos fotos de nossos rostos para os servidores de várias outras empresas o tempo todo.
A única diferença neste caso é que, ao contrário do Facebook ou do Google, o FaceApp é russo e, portanto, acaba herdando o preconceito dos americanos sobre o país.
Sobre isso, o FaceApp diz que nenhum dado do usuário é transferido para a Rússia. A pesquisadora Jane Wong também divulgou suas descobertas em torno do FaceApp e observou que ela desejava que os usuários possam em algum momento excluir seus próprios dados.
I am not seeing much fishy in FaceApp
— Jane Manchun Wong (@wongmjane) July 17, 2019
Photos are uploaded to FaceApp's servers on AWS w/ authorization. Not much info is being sent to FaceApp's servers other than user metrics (e.g. ui interactions)
I just wish there's an option for users to delete their photos from the server
Outra possível questão de privacidade que as pessoas tomaram nota é que a política de privacidade da empresa incorpora uma linguagem ampla que permite o uso de nomes de usuários, nomes e imagens para fins comerciais.
A advogada Elizabeth Potts Weinstein também diz que a política não é compatível com GDPR. Ainda assim, os usuários geralmente concordam com políticas abrangentes que usam especificamente linguagem abstrata (uma ótima maneira de evitar uma ação judicial!). O FaceApp diz que não vende dados de usuários para terceiros.
If you use #FaceApp you are giving them a license to use your photos, your name, your username, and your likeness for any purpose including commercial purposes (like on a billboard or internet ad) -- see their Terms: https://t.co/e0sTgzowoN pic.twitter.com/XzYxRdXZ9q
— Elizabeth Potts Weinstein (@ElizabethPW) July 17, 2019
Parece que a grande questão aqui nem é a privacidade propriamente dita. Ora, Facebook, Instagram, Google e, muitos outros aplicativos registram nossas informações, porque o alarde?
O questionamento levantado pelo The Verge, faz muito sentido pra mim. É só porque o aplicativo é russo? Vamos lembrar que o Telegram, por exemplo, já sofreu certo preconceito exatamente pelo mesmo motivo. Pavel Durov é russo, vou usar o Whatsapp! (risos)
Então tudo bem para você que ativa a função de detecção de rosto do facebook e do Google Fotos? Porque? Elas são empresas americanas e, por isso podem?
O fato é que se o usuário hoje quer privacidade, simplesmente deve arrancar o chip de seu smartphone, o wi-fi e voltar a buscar o orelhão mais próximo para se comunicar.
O mesmo posso dizer para você de seu computador, afinal os sites captam as mesmas informações que os aplicativos.
Ainda assim, a conversa sobre o FaceApp é válida, mas neste caso, devemos generalizar. As pessoas devem pensar em como seus dados estão sendo usados antes de compartilhá-los com qualquer aplicativo.
😕 Poxa, o que podemos melhorar?
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