No dia 3 de outubro, se realizou o segundo dia do Congresso Brasil-Alemanha de Inovação. Entre muitas pautas discutidas, painéis trazidos, a tecnologia foi o tema principal. Mais especificamente, o painel "O papel da inovação e das tecnologias emergentes para a mobilidade urbana sustentável", com executivos da Mercedes-Benz, Bosch, Grow e Siemens, trouxe importantes e atuais colocações sobre o papel da inovação, da tecnologia e de cada um para a criação de um futuro sustentável no quesito de mobilidade urbana.
Trata-se de um tópico que afeta diretamente o ambiente de cidades, a qualidade do ar, a saúde sonora e ecossistemas urbanos. São veículos automotivos que causam pólos de aquecimento sobre os asfaltos que já absorvem demasiado calor. Os mesmos também são responsáveis por uma parcela gigantesca de toda poluição sonora das cidades. Então, como a tecnologia e a inovação podem ajudar na qualidade de vida urbana, sem abdicar de velocidade, mas aprimorando-a ainda mais com base na dinamicidade?
Sergio Magalhães, Diretor Geral de Ônibus América Latina, da Mercedes-Benz, lembrou que não se pode falar em mobilidade urbana sem passar pelo investimento em transporte coletivo de qualidade. "A mobilidade precisa ser planejada junto com a cidade, e não depois. E a tecnologia é a chave para convivermos de forma harmoniosa com as cidades. Ao melhorar o transporte coletivo, a vida de milhões de pessoas é impactada", afirmou. No debate, Luan Ferraz Chaves, Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes de São Paulo, revelou que entre a metas para 2030 estão a renovação da frota para 100% de veículos acessíveis e com acesso à internet.
"Se eu quiser antecipar soluções, não posso pensar apenas no problema do meu cliente, mas também no problema de seus clientes. Só assim se inova e constrói um cenário de soluções disruptivas", afirmou Erwin Franieck, Gerente de Desenvolvimento da Bosch. Ele destacou ainda que a mobilidade urbana tem grandes desafios pela frente, mas que podem ser superados. "Inovação não é criar ideias e deixá-las morrer antes de chegar ao fim. É persistir na solução de problemas reais até torná-la viável", declarou.
Apresentando soluções de micromobilidade, Marcelo Loureiro, Co-fundador da Grow, acrescentou ao debate informações sobre o conceito de inovação social e como gerar valor compartilhado. "Não dá para falar de mobilidade urbana sem falar de mobilidade humana. O ser humano deve sempre ser o foco". Micromobilidade porque primeiro é muito mais fácil e acessível começar pensando nas menores distâncias e no indivíduo cidadão em si. Fala-se agora de soluções que começamos a ver já, bicicletas, patinetes elétricos, maneiras palpáveis e teoricamente simples com possibilidade de aplicação imediata.
A tecnologia não precisa ser grandiosa e cara, já existe o potencial transformador com o que temos, o que se precisa é repensar nossos sistemas de transporte, nossas opções disponíveis. Assim, patinetes, bicicletas, boards, todos esses meios individuais e simples, privados ou públicos, otimizam o espaço da cidade, não dependem de grandes estruturas de concreto e asfalto e ainda proporcionam uma relação maior de proximidade do ser com o urbano, com o ambiente em si. Esse tipo de iniciativa pode não apenas melhorar a qualidade de vida e mobilidade urbana, mas ainda renovar conceitos, rotina e maneira de pensar do próprio indivíduo.