Qualquer pessoa que preste atenção nas especificações dos smartphones lançados em 2019 e agora, 2020, deve ter notado que alguns fabricantes vem se destacando quando o quesito é entregar o maior número de megapixels possível em seus dispositivos.
Números maiores, sensores maiores e expectativas maiores, rodam o segmento fotográrfico dentro do mundo dos smartphones. Mas nem tudo é o que parece quando você pesquisa um pouco mais.
Há algum tempo os smartphones substituíram as câmeras digitais compactas e, as câmeras dos smartphones atualmente seguem funcionando como as câmeras digitais funcionam, com algumas diferenças, mas a maior delas é o tamanho do sensor.
Tamanho dos sensores
Para você ter uma ideia do que estou falando, uma câmera digital compacta de 2014/2015, tinha sensores de 1/2,3″ e hoje o Galaxy S20 Ultra é o único do mercado a trazer o sensor ISOCell HMX de 108 megapixels cujo tamanho de sensor é de 1/1,33", quase o dobro do presente em uma câmera digital compacta. Isso sim faz muita diferença.
Por outro lado, quando temos a nossa disposição tantos megapixels podemos usar isso ao nosso favor para por exemplo, capturar "pedaços" de uma cena. Quando utilizamos o zoom no S20 Ultra por exemplo, ele utiliza a captura de 108 megapixels e faz um recorte na área que você está ampliando na tela de seu smartphone. Por isso a Samsung chama o zoom final de 100X de zoom híbrido, pois ele é parte ótico e parte digital (recorte feito na imagem)
Vários outros fabricantes fazem isso e isso não é uma coisa nova. Na realidade e Nokia foi a que fez isso com a maior transparência possível quando lançou o Nokia Lumia 1020, um smartphone de 2013 e, a 7 anos atrás, tínhamos sim uma senhora câmera de 41 megapixels, porém o processamento de imagem era lento.
Zoom ótico, digital e híbrido
Eu mesmo na época testei e consegui ótimos resultados, desde que os objetos e pessoas na cena estivessem parados. Com a câmera de 41 megapixels na época, a Nokia prometia 3x de zoom efetivo, ou seja, sem perda de qualidade e isso realmente acontecia.
É engraçado que a explosão de câmeras com 48 megapixels, 64 megapixels e 108 megapixels fizeram todos ficarem boquiabertos. Lá em 2013, tínhamos um dispositvo com 41 megapixels. Logo câmeras como as presentes nos smartphones da Xiaomi, Motorola e outros que trazem impresso 48 megapixels em suas traseiras, não são tão novas assim. Claro, existiu sim, melhoria nos sensores, lentes e principalmente pós-processamento com a chegada de processadores muito mais potentes.
Tanto nas câmeras profissionais quanto nos smartphones as imagens são compostas de pixels. Pode parecer, pelo menos no papel, que um número maior de megapixels nos smartphones levaria a melhores fotos, isso não é verdade, contudo nos dá definitivamente maior flexibilidade ao fotografar.
Todo o conjunto é importante, megapixels, tamanho do sensor, qualidade das lentes e pós-processamento. A Samsung tem seu sensor mais atual no Galaxy S20 Ultra, no Xiaomi Mi Note 10 e nos recém lançados Mi 10 e Mi 10 Pro.
Isso possibilita a utilização da tecnologia chamada pela Samsung de nonacell, 9:1, que resulta em imagens super nítidas de 12 megapixels. Enquanto em smartphones com 64 megapixels e 48 megapixels acabam utilizando essa mesma tecnologia de composição, só que no padrão 4:1 (quadbayer), que também traz mais nitidez, mas podemos dizer que esse tipo de tecnologia já é de geração passada.
Pós-processamento de imagem
O software de câmera presente nesses smartphones possuem o modo de 108 megapixles, 64 megapixels e também 48 megapixels, contudo, alguns recursos deixam de ser utilizados exigindo que para esse tipo de foto, as condições de luz sejam ideias, além de exigir talvez até mesmo um apoio para o smartphone, visto que em alguns dispositivos, a estabilização é desativada e a captação de luz não será tão eficiente quanto em 12 megapixels (nonacell ou quadbayer).
Voltando ao sensor, comparei anteriormente uma câmera digital compacta com o Galaxy S20 Ultra, se não fez sentido para você, saiba que o sensor principal do topo de linha da Samsung mede 9,5mm x 7,3mm, contra 7,01mm x 5,79mm do iPhone 11 Pro Max, Google Pixel 4, Huawei P30 Pro entre outros.
Mas estão longe de substituir um sensor de uma DSLR que possui um sensor de quadro completo que equivale 36mm x 24mm ou os sensores APS-C menores presentes em algumas câmeras mirrorless que são de 22,2mm x 14,8mm.
Por isso existe um papel muito importante também do pós-processamento das imagens. A tentativa é compensar a falta de espaço físico, seja para o sensor, ou para o conjunto de lentes, na busca pela entrega da melhor foto, do melhor clique.
Vale lembrar ainda, voltando agora para o zoom híbrido, o zoom 3x no Galaxy S20 Plus e Galaxy S20 na realidade aproximadamente 1,5x de zoom ótico que se somam ao recorte da câmera que para esses modelos é de 64 megapixels. E é por isso também que a Samsung usa o mesmo sensor para gravar os vídeos que nestes dispositivos são em 8K.
O OnePlus 7 Pro, que anuncia um zoom de 3x, possui 2,2x ótico, sendo o restante um recorte na foto capturada. Da mesma maneira que acontecia lá atrás com o Lumia 1020. Esse tipo de tecnologia melhora a cada dia, em condições ideais, o zoom híbrido de 10x no Galaxy S20 e S20 Plus, assim como o híbrido de 30x do S20 Ultra é muito bom com condições de luz ideais, isso porque o zoom periscópico possui 4x de zoom ótico, então o recorte adicional perde menos qualidade. Já adianto, acima disso, a imagem é somente regular.
Ter um sensor que entrega mais megapixels em um smartphone não é necessariamente ruim, mas não é a métrica com a qual devemos medir o desempenho das câmeras.
😕 Poxa, o que podemos melhorar?
😃 Boa, seu feedback foi enviado!
✋ Você já nos enviou um feedback para este texto.