Se os pensamentos, sentimentos e outras atividades mentais nada mais são do que sinais eletroquímicos fluindo em torno de uma vasta rede de células cerebrais, será que a conexão desses sinais com a eletrônica digital nos permitirá aprimorar as habilidades de nossos cérebros?
Isso é o que Elon Musk sugeriu em uma recente apresentação do dispositivo Neuralink, uma inovadora interface cérebro-máquina implantada em uma porca chamada Gertrude. Mas quão viável é? As interfaces cérebro-máquina usam eletrodos para traduzir informações neuronais em comandos capazes de controlar sistemas externos, como um computador ou braço robótico.
O que são neurônios e como funcionam?
Os neurônios são células que podem processar e transmitir informações na forma de um impulso elétrico. Os neurônios compõe o cérebro e a rede neural que permite que mensagens sejam enviadas ao redor do corpo, para realizar a maioria das tarefas, incluindo andar, respirar e reagir à dor.
Enquanto as mensagens são enviadas através dos neurônios na forma de uma corrente elétrica, as mensagens entre os neurônios são transmitidas usando íons (principalmente sódio e cálcio), tornando os neurônios elétricos e químicos.
O que é Neuralink?
Neuralink é um dispositivo que será implantado cirurgicamente no cérebro humano, e com ele a pessoa poderá se comunicar com as máquinas e até mesmo controlá-las. Também ajudará a estudar os sinais elétricos no cérebro e chegar a soluções que podem ajudar a curar vários problemas de saúde.
A empresa fundada em 2016 trabalha desde então no desenvolvimento desta tecnologia. De acordo com Elon Musk, a equipe está otimista com a introdução da tecnologia, embora os testes em humanos ainda não tenham começado.
O Neuralink, um chipset denominado N1, será instalado no crânio, com 8 mm de diâmetro e vários fios isolados que alojam os eletrodos. Esses fios serão colocados cirurgicamente dentro do cérebro usando um robô.
De acordo com a empresa, o fio é tão grosso quanto os neurônios do cérebro, e mais fino do que um fio de cabelo com 100 micrômetros. Para comparar, imagine o diâmetro do seu cabelo e, em seguida, divida esse diâmetro por dez.
Max Hodak, presidente da Nueuralink, diz que será possível colocar mais de um dispositivo para atingir diferentes seções do cérebro.
Como funciona o Neuralink?
Você já viu o filme Matrix? Lembra da cena onde Neo (Keanu Reaves) aprende artes marciais apenas carregando um programa de computador em seu cérebro? O Neuralink pode não ser capaz de ensinar artes marciais, mas será capaz de enviar e receber sinais elétricos através de seu cérebro para controlar máquinas.
A empresa afirma que uma pessoa implantada será capaz de controlar dispositivos básicos como smartphone, computador e talvez até digitar usando pensamentos. Para entender como o Neuralink funciona, você deve entender que seu cérebro envia informações para diferentes partes do corpo usando neurônios.
Esses neurônios em seu cérebro se conectam entre si para formar uma grande rede e se comunicar usando sinais químicos chamados neurotransmissores. Essa reação gera um campo elétrico e você pode registrar essas reações colocando eletrodos nas proximidades.
Os eletrodos poderão então entender o sinal elétrico em seu cérebro e traduzi-los em um algoritmo que uma máquina pode ler. Dessa forma, o Neuralink poderá ler o que você está pensando e encontrar uma maneira de fazer você se comunicar com as máquinas através do pensamento. Seria o fim do "OK Google", "Eai Siri" ou "Alexa".
O objetivo do chip N1 é registrar e estimular picos elétricos dentro do cérebro. Também será possível aprender diferentes habilidades usando um aplicativo dedicado. No momento não está claro se o Bluetooth ou alguma outra forma de tecnologia será usada para retransmitir os dados, mas é certo que o processo será sem fio.
A parte que está no cérebro
O Neuralink envolve a implantação cirúrgica de alguns componentes na superfície do cérebro. Mas os implantes cerebrais não são novos - a pesquisa e o desenvolvimento vêm sendo testados e usados ​​desde os anos 70.
O problema é que antigamente, os implantes cerebrais não eram considerados melhorias; afinal, nossos cérebros ainda são um grande mistério e só recentemente começamos a decodificar as origens genéticas de nossa inteligência.
Como funciona
Um dos eletrodos (vamos chamá-lo de eletrodo 1) foi colocado bem no neurônio. Por estar diretamente no neurônio, ele seria capaz de detectar qualquer campo elétrico gerado como resultado do disparo do neurônio.
Após isso é inserido outro eletrodo (vamos chamá-lo de Eletrodo 2) mais longe, para ver se ele ainda poderia detectar um campo elétrico do disparo do neurônio. Se pudesse, eles o moviam cada vez mais longe, até um ponto onde o eletrodo 2 não pudesse mais detectar o sinal elétrico do neurônio - naquele ponto, o eletrodo 1 relataria que o neurônio está disparando, mas o eletrodo 2 não seria capaz de confirmar isto.
Em outras palavras, o eletrodo 2 estava muito longe do neurônio. Essa distância era de 60 nanômetros. Sem entrar em detalhes, o fato é que 60 nanômetros significa que ele teria que estar dentro e não fora do crânio.
No mínimo, os eletrodos precisariam ficar embaixo do crânio. E é exatamente isso que Musk quer fazer. Os eletrodos, junto com um pequeno receptor, serão colocados sob o crânio. Não, você não terá uma antena saindo da sua cabeça, e não, os postes não estão empalando seu cérebro.