Hoje os serviços de streaming de música adicionam diariamente 100 mil músicas novas, de acordo com o CEO da Universal Music Group, Lucian Charles Grainge. A possibilidade de acesso a praticamente "infinitos" álbuns de artistas foi algo que só se tornou realidade graças a estas plataformas e no início desta modalidade de negócio muitos agradeceram, pois, a receita de vendas de CDs e as fitas K7 (cassete) só despencaram a partir entre o final da década de 90 e o início dos anos 2000, segundo as informações do gráfico feito por James Eagle, com informações da RIAA, Billboard 200, IFPI e ARIA. Entretanto, esse movimento, com o passar do tempo, gerou um grande problema para os artistas da música que estão iniciando sua carreira.
Assim como a Apple anunciou que sua plataforma de streaming atingiu 100 milhões de músicas, outros serviços também chegaram ao mesmo número, pois as faixas são distribuídas de forma muito semelhante para todos os aplicativos. Se antes, na era do CD, fita K7 e vinil (LP), o acesso às músicas era escasso, hoje vivemos o extremo oposto e chegamos ao exagero, excesso. Então você se pergunta: por que passou da conta? Quanto mais, melhor, certo? Bem, infelizmente não é assim que funciona.
Porque as plataformas de streaming estão desequilibradas e pecando pelo excesso
O ritmo de lançamento de músicas no streaming de música chegou em um nível extremamente alto, como você pôde perceber no início deste artigo, e a tendência é aumentar ainda mais. Olhando pela ótica do usuário da plataforma de streaming, esse fato só tem benefícios, pois ele terá acesso a mais álbuns, singles e playlists. Entretanto, a velocidade de adição de faixas nos aplicativos acabou se tornando um "inimigo" para novos artistas, músicos que estão iniciando a carreira.
Quando se sabe exatamente qual artista, álbum ou playlist que se quer, não há como evitar o acesso a determinado conteúdo. Mas e quando há o desejo por conhecer algo novo, escutar algo diferente do habitual? É aí que a influência dos algoritmos de indicação de músicas das plataformas de streaming ganha um grande peso para a divulgação de uma banda ou músico que está começando.
Aqui não iremos entrar no mérito de quanto um serviço de streaming paga o artista após passar pelo contrato das gravadoras, que ficam com uma parcela do ganho, pois o ponto é a divulgação do trabalho dos músicos e bandas. Analisando do ponto de vista das empresas que administram as plataformas de transmissão de música pela internet, não há problema algum na adição de mais faixas em seus aplicativos, mas e quando seus algoritmos indicam um artista que já é muito famoso na página principal do app ao invés daquele que oferece algo de qualidade e está começando sua carreira?
Antes os músicos e banda achavam interessante a ideia de disponibilizar seus álbuns e singles em uma plataforma de streaming devido a divulgação, além de amenizar o download ilegal de suas faixas, mas agora isso mudou. O grande sucesso dos aplicativos de transmissão de música que utilizam a nuvem fez com que somente artistas de maior sucesso tenham cada vez mais visibilidade, enquanto os "novatos" são "esquecidos".
Um serviço de streaming de música que pensa diferente: Qobuz
Enquanto serviços de streaming de música como, por exemplo, Spotify e Deezer optam por inserir banners de artistas famosos mundialmente e nacionalmente na página principal de seus aplicativos, a Qobuz é uma plataforma que segue por outra linha. A ideia dela é valorizar aqueles músicos e bandas que oferecem um trabalho de qualidade, mas não tem recursos para aparecer para seus potenciais ouvintes. Essa é a ideia que deveria ser adotada por todos os serviços de streaming, pois se as continuar a exibir somente o "mainstream" (dominante), a indústria da música não irá se renovar e uma hora isso irá acabar causando uma queda na receita das empresas, pois os músicos não irão ver algo interessante para eles no streaming.
A Amazon talvez siga por essa linha com a alteração que fez no Prime Music recentemente. Agora, os assinantes do Prime não têm mais controle sobre as músicas no app Prime Music, tudo é reproduzido no modo "aleatório". Confira nossa matéria para entender o que houve.
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