Como já havia sido previsto, o YouTube removeu mais vídeos no segundo trimestre de 2020 do que nunca, enquanto a empresa se apoiava mais em seu algoritmo no lugar da maioria de seus moderadores de conteúdo humano. Isso de acordo com o relatório Community Guidelines Enforcement que a empresa divulgou terça-feira (25), que mostra que ela retirou mais de 11,4 milhões de vídeos entre abril e junho. No mesmo período do ano passado, o YouTube removeu pouco menos de 9 milhões de vídeos. Você pode checar o relatório completo aqui.
Agora, vamos entender o que mudou no processo do Youtube para que muito mais remoções tenham sido feitas. Isso não implica necessariamente que o Youtube agora se mostrou mais rígido quanto ao conteúdo postado em sua plataforma de vídeo, mas que seus revisores humanos de denúncias se encontraram muito ausentes devido à pandemia de coronavírus no mundo. A plataforma então recorreu para algoritmos de moderação automática para fiscalizar conteúdo e revisar denúncias. Já havia anteriormente pressão da comunidade para que o Youtube enrijecesse suas normas e sua fiscalização frente a vídeos com apologia ao estupro, com teor homofóbico, machista e racista. Porém, agora o questionamento é sobre vídeos que não violam norma alguma estão sendo removidos por engano pelo algoritmo da plataforma.
"Ao contar com a capacidade de revisão humana muito reduzida devido ao COVID-19, fomos forçados a fazer uma escolha entre a potencial aplicação insuficiente ou excessiva", escreveu a empresa. "Como a responsabilidade é nossa principal prioridade, escolhemos a última opção - usar a tecnologia para ajudar em parte do trabalho normalmente feito pelos revisores."
A empresa-mãe do YouTube, a Google, disse aos funcionários em março que estava estendendo sua política de trabalho em casa até o final de 2020 devido ao coronavírus. A empresa alertou que as medidas significam que ela dependeria mais da tecnologia do que de revisores humanos e que vídeos que normalmente ficariam bem na plataforma podem acabar sendo removidos por engano. Seus moderadores humanos trabalham em escritórios especificamente criados para revisões; permitir que tal trabalho seja feito fora de um ambiente controlado poderia causar a exposição inadvertida de dados do usuário - e vídeos confidenciais.
A empresa sabia que remover mais vídeos que não violassem suas regras também significaria mais apelos dos criadores de conteúdo como resultado. Portanto, ela adicionou mais funcionários ao processo de apelação para lidar com as solicitações o mais rápido possível. O número de recursos para remoção de conteúdo passou de 166.000 no primeiro trimestre de 2020 para mais de 325.000 no segundo. Também significou que o YouTube se reverteu e restabeleceu mais vídeos no segundo trimestre: mais de 160.000, em comparação com pouco mais de 41.000 no primeiro trimestre (embora o YouTube tenha notado em sua postagem de blog que algumas das reintegrações podem ter sido apeladas no trimestre anterior) .
O YouTube disse em sua postagem que para áreas políticas delicadas, como segurança infantil e extremismo violento, viu mais do que o triplo do número de remoções, como de costume, durante o segundo trimestre, mas considerou o inconveniente temporário para os criadores como um resultado final. "Aceitamos um nível mais baixo de precisão para garantir que estávamos removendo o máximo possível de peças de conteúdo violento."
Essa política do Youtube, contudo, não deve vingar para sempre, até mesmo porque existem muitas queixas sobre a falta de análises mais compelxas do conteúdo postado. Uma vez que o mundo volta a se regularizar quanto ao coronavírus e os moderadores possam voltar a seus escritórios, esses números de remoções devem baixar novamente. O resultado do próximo trimestre já deverá mostrar essa tendência. Contudo, por hora, a plataforma e seus algorítimos analíticos ainda demonstram pouca precisão e baixa tolerância a quebra das normas de comunidade da plataforma.
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